Novo Alvo

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Bucky
De volta à cidade, passei pela lanchonete para contar a Steve o que eu havia descoberto, eu olhava fixamente para uma xícara de café preto enquanto ele devorava suas panquecas. Eu estava sem fome, não conseguia pensar em nada, a não ser na minha missão fracassada e no agente que havia puxado meu tapete. Passei o dedo na minha orelha lascada, ninguém havia chegado tão perto assim de cravar uma bala nos meus miolos.
- Dois atiradores na mesma praça, já ouviu falar de coisa parecida?
- Não que eu me lembre — disse Steve, mastigando. - Você viu o cara direito?
Como se a situação não fosse estranha o bastante, algo na figura do meu inimigo martelava na minha cabeça, tentava me lembrar do que poderia ser.
-  Não era muito alto ou...alta, metro e sessenta, metro e setenta no máximo. - "não muito mais alto que Lizzie" pensei, foi então que me dei conta. - Não tenho tanta certeza assim de que era um homem, pela fisionomia vi que parecia uma mulher.
Steve deixou o garfo cair no prato e me olhou de olhos arregalados.
- Você levou uma surra de uma mulher? Elizabeth ficaria uma fera se souber que está brincando de gato e rato com outra pessoa. - Au! Não gostei nem um pouco do jeito que ele resumiu a situação.
- Se mencionar Elizabeth dessa forma novamente, vou fazer questão de deixar você sem seus movimentos por um bom tempo... mas sim peguei uma surra de uma mulher - admiti, girei no banco para olhá-la de frente - Steve, a mulher era uma profissional.                                       Steve deu de ombros e voltou à comilança.
- Você também é profissional, e nesse caso não vai ser difícil saber quem é, não tem muitas gatas nesse ramo, tem? - Ele tinha razão, isso eliminaria a grande maioria de todos os agentes ainda em atividade, Steve seguiu uma garçonete com os olhos.- Eu adoraria levar uma surra daquela ali... — os sentidos de Steve para as mulheres era quase tão aguçado quanto seu apetite por panquecas, esperei pacientemente até que ele se desse conta de que eu ainda estava ali. - Você tem mais alguma pista? - Ele disse, voltando finalmente para nossa conversa.
Eu tinha, o Laptop que encontrara nos escombros, estava bastante avariado, mas não morto e eu conhecia uma garota capaz de operar milagres com pedaços retorcidos de metal. Bebi um último gole de café e me virei para ir embora.
- A gente se vê mais tarde, Rogers.— entrei no quartinho dos fundos de uma oficina de desmanche digital e procurei por um geniozinho da eletrônica chamada Shuri. Ela estava debruçada sobre uma mesa coberta de quinquilharias, uma espécie de cemitério de computadores, disse a ela que tinha um laptop ligeiramente avariado e ato contínuo, coloquei a máquina sobre o balcão para que ela a examinasse. Shuri examinou o volume amorfo e fumegante em que tinha se transformado o laptop.
- Apagou uma fogueira com ele?  - perguntou, cética. respondi apenas com um sorriso. - Quer saber o que eu acho? - ela disse, limpando as mãos com um trapo, redobrei a atenção, esperançoso. - Melhor você comprar um computador novo.
- Mas este tem um valor sentimental para a proprietária.
- E quem é essa proprietária? - Abri um sorriso inocente.
- Era isso mesmo que eu gostaria que você descobrisse pra mim. - Shuri crispou os lábios e examinou a máquina.
- Muito bem - disse ela, correndo os olhos sobre as novidades. - O chip é russo, importado pela Dynamix, distribuído pela blá,blá,blá... - depois começou a digitar, os dedos se misturando numa única sombra. - Acho que posso conseguir um endereço de cobrança pra você. Vai só mandar flores, né?
- Chocolate - Sussurrei na minha voz mais sexy.
- Para com isso, assim você me faz perder o juízo e te dar um soco. - Seus dedos voavam sobre o teclado, eu estava prestes a fazer mais uma gracinha quando ela parou, leu alguma coisa na tela e balançou a cabeça.
- Nenhum nome, só o endereço.
- Tudo bem - eu disse, ansioso. - Passa pra cá.
- Avenida Lexington, 550, 52° andar. — Um choque elétrico perpassou meu corpo inteiro, e isso não tinha nada haver com o que quer que fosse na oficina de Shuri, o endereço me pareceu familiar, muito familiar. A garota olhou para mim, curiosa.
- Conhece o lugar? - fiz que não com a cabeça. Estava na dúvida e algo nas entranhas me alertava: eu iria me arrepender profundamente se descobrisse.

Elizabeth
Irrompi no escritório da Black Window-Click soltando fogo pelas ventas. Ainda bem que Bucky estava "fora da cidade" e eu, supostamente, passando a noite na casa dos meus pais. No estado de fúria em que me encontrava, não sei se seria capaz de fazer toda aquela encenação de esposa perfeita diante dele, não que ele fosse reparar. Mas fiquei aliviada por não ter mais nada com o que me preocupar além do  meu trabalho, joguei minha maleta sobre a mesa.
- Perdemos o pacote - informei. - o FBI o tomou sob custódia essa manhã.
Natasha afundou na poltrona, desanimada, sabia tanto quanto eu que aquele assunto era demasiado importante, resumo da ópera: a gente meteu os pés pelas mãos. Mas minha teimosia é famosa nos quatro cantos do planeta. Preciso vencer a qualquer custo e ainda não tinha me esquecido daquele estraga prazeres de merda.
-  Quero saber quem é esse merda e o que ele estava fazendo no meu quintal...
- Eliz...
- Equero falar com o...
- Elizabeth! - virei-me para ver o que era, impaciente. Wanda segurava um telefone. Droga! Para Wanda interromper assim a minha dança da guerra, só poderia ser uma pessoa do outro lado da linha. - É pra você, é o Pai.
Olhamos uma para outra, receosas. Ela sabia que eu preferiria mil vezes enfrentar o esquadrão da morte do que atender àquela chamada, mas a coragem é um dos pré-requisitos do meu trabalho, portanto não hesitei. Peguei o aparelho e atendi. Ouvi tudo que ele tinha a dizer sem interrompe-lo, ciente de que merecia cada uma daquelas tijoladas. Mesmo assim, tentei sair em defesa da minha equipe.
- O FBI está com o pacote, o guichê está fechado... - a resposta de papai não foi fácil de ouvir. - Senhor, havia um intruso no...
- Eu disse a você que não havia margem para erros dessa vez! - Por algum estranho motivo, senti um calafrio na espinha, livrei-me dele com um leve tremor do corpo, da mesma maneira que um cachorro molhado se livra da água no pêlo.
- Mas havia um intruso no...
- Jamais deixamos testemunhas - Interrompeu papai. - Risco zero, se esse intruso identificou você...
- Compreendo, senhor.
- Você conhece as regras - Continuou Papai, a voz fria como gelo. - Tem 48 horas para limpar a sujeira que deixou para trás, Elizabeth. - Prendi a respiração ao perceber que ele ainda tinha alguma coisa a dizer mas a ligação foi interrompida. "Tchau pra você também, Papai." De fato eu conhecia as regras, além disso, estava naquele ramo havia tempo suficiente para saber que papai dizia exatamente o que pensava e fazia exatamente o que dizia. Não haveria uma segunda chance, o sucesso era minha única opção mas isso não constituía um problema, nada me dava mais prazer do que correr atrás do sucesso, bati o telefone na base e voltei para minha equipe. Ainda estava furiosa, sim, mas também sentia o ânimo redobrado pela perspectiva de mais uma caçada, a adrenalina correndo solta nas minhas veias.
- Temos um novo alvo - informei a elas. - Mas antes precisamos descobrir quem ele é.

Sr. e Sra. Barnes Onde histórias criam vida. Descubra agora