Barão

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Elizabeth

- E então, Barão, tem feito muitas travessuras, tem? - o colchão balançou quando meu cliente fez que sim com a cabeça, parecendo uma criancinha medrosa. "Idiota!" não pude deixar de pensar. Amarrado como um peru de Natal e com uma bola de borracha entre os dentes, o magnífico, poderoso e milionário Barão Zemo estava completamente ridículo e totalmente sob meu controle.
Filho da puta, eu não sabia se ria ou se vomitava. Esfreguei o chicote no nariz dele.
- Você sabe o que acontece com os garotinhos levados, não sabe? São castigados. É isso que você quer? - Zemo gemeu como um bebé. - Gosta de sentir o couro na pele, gosta? - ele assentiu com a cabeça, quase explodindo de prazer. Lentamente deitei-me ao lado dele, prolongando a tortura, e ele tremia de excitação e medo.
- Tem tido pensamentos sujos, não tem? - Sussurrei. "Sim! Sim!", ele acenou com a cabeça. - Tem brincado com o próprio corpo, não tem? - "Sim, sim, sim!" já era hora de pôr mais lenha naquela fogueira, conferi minhas possíveis saídas e depois sorri. O que eu estava para dizer seria uma total surpresa para o meu parceiro. afinal, os especialistas não vivem dizendo que um pouquinho de surpresa é ótimo para esquentar um relacionamento? - Tem violado as leis internacionais, não tem, lindinho? - Perguntei, dessa vez com a frieza de uma lâmina de aço. - Fala que não violou, fala. - Zemo arregalou os olhos, e uma gota de suor escorreu por seu nariz descomunal, estalei o chicote e em seguida soltei a bomba
- Tem feito contrabando e participado de uma organização criminosa, não tem? - Dito isso, várias partes do corpo de Zemo amoleceram como espaguete em água quente, tentou gritar aos guarda-costas mas evidentemente não conseguiu, com aquela bola ridícula entre os dentes. empurrei seu rosto vermelho contra o travesseiro, as bochechas espremidas, depois, sem nenhum aviso e com muita eficiência, virei a cabeça do canalha o mais violentamente que pude. Zemo arregalou os olhos pela última vez, a bola de borracha escapuliu de sua boca e rolou pela cama até o chão.
O infeliz já não estava mais em condições de cometer crime algum, seus dias haviam chegado ao fim. Ainda ao lado do corpo inerte, peguei meu celular para ver as horas.
- Droga! Os Stark! - Bucky ficaria chateado se faltássemos ao compromisso, então ouvi alguém bater timidamente na porta. um dos guarda-costas de Zemo, receoso de interromper a farra.
-  Sr. Zemo? — ele chamou do outro lado, hesitante. — O avião sai daqui a uma hora... Senhor? - O brutamontes começou a bater mais forte, e achei melhor sair dali o mais rápido possível. Não queria explicar o que tinha acontecido ao meu "anfitrião", corri para a varanda, procurei por guardas no telhado, não havia nenhum e olhei sobre o parapeito, uns cinquenta andares abaixo, os táxis da cidade cortavam as ruas como peixes brilhantes nadando nas águas turvas de um rio. precisava pegar um deles antes que os homens de Zemo me transformassem no "pescado do dia". Eu estava preparada. Minha bolsa preta tinha sido concebida para situações dessa natureza.
Sem perder a calma, voltei às portas da varanda, prendi uma alça da bolsa numa arandela de metal sobre a parede e me virei para a noite escura. "Linda vista", pensei num átimo, e depois corri em direção ao parapeito. Deveria funcionar. atrás de mim, ouvi os homens finalmente arrombarem a porta com suas armas. Hora de dizer adeus.
- Valeu o empurrãozinho, rapazes. - Sussurrei antes de transpor o parapeito com um salto arrojado, aos olhos dos capangas boquiabertos eu havia simplesmente me jogado do telhado como uma espécie de assassina suicida, no entanto, muito antes que eu me esborrachasse na calçada, minha bolsa se desmanchou num fio de kevlar - superfino e quase invisível - que me permitiu descer pela fachada do hotel como uma aranha e chegar ao chão com toda a segurança. Sem dúvida alguma, a bolsa mais prática que eu usara na vida. Já perto do nível da rua, larguei o fio e saltei sobre a calçada. Um pedestre que passava por perto parou para olhar, mal acreditando no que acabara de ver.  "Deve ser turista" pensei, um nova-iorquino de verdade sequer teria piscado mas não fiquei preocupada, antes que pudesse contar aos amigos, o tal cara já teria se convencido de que vira uma filmagem externa para o cinema, pelo menos assim eu esperava, pois não tinha tempo para me explicar.
Com um sorriso entre os lábios, fechei o casaco e caminhei em direção à portaria do hotel como uma dona de casa qualquer voltando do mercadinho da esquina. Já estava próxima ao porteiro quando um táxi parou rente ao meio-fio, entrei no banco de trás e a título de gorjeta, sorri carinhosamente para o garoto uniformizado que me abrira a porta.
- Obrigada, querido — falei educadamente.
- O prazer foi meu — Ele retrucou, malicioso, mordi a língua para não retrucar. Enfim, depois de telefonar ao escritório simplesmente para informar que a missão estava cumprida, relaxei no banco do carro pela primeira vez desde que recebera a incumbência. Meu Deus, tudo o que eu queria naquele momento era tomar uma bela ducha, com muita água quente e sabão para lavar da pele a sujeira do mundo, mas o que eu sentia por dentro não haveria água que lavasse. Recostei a cabeça no vidro da janela e procurei por estrelas entre os arranha-céus. Naquela parte da cidade não havia estrelas a não ser aquelas que se escondiam no interior das limusines, então fechei os olhos e, com a imaginação, criei meu próprio céu estrelado, muito semelhante ao que eu vira certa noite em Sokovia.

Sr. e Sra. Barnes Onde histórias criam vida. Descubra agora