Bucky
Enfim, lar, maldito lar. Cruzei a última colina voando, como um esqueitista que decola de uma rampa radical mas ela já estava lá, estacionando o carro diante da garagem. Não podia deixar que entrasse em casa primeiro, joguei o carro no nosso jardim, dei um cavalo-de-pau sobre o gramado e cobri o Mercedes de nacos de terra. Não pude ver a expressão no rosto de Elizabeth quando ela saltou do carro, mas seria capaz de jurar que não havia gostado nem um pouco da minha manobra. Que se dane! não era ela quem cortava aquela gramas três vezes por semana, era eu. Desliguei o motor, pulei do carro e, saltando canteiros e arbustos, irrompi na direção da porta de entrada de modo a chegar lá antes de Elizabeth. Abri um sorriso de vitória quando pus a mão na maçaneta.
-Merda! - A porta estava trancada e aferrolhada, e minhas chaves não estavam comigo. Quando me virei para trás, vi que Elizabeth já entrava pela porta lateral. Caramba! Aquela casa se transformaria em uma fortaleza nas mãos de uma agente tão tarimbada como ela. Eu tinha de entrar! Corri para o quintal, talvez pudesse arrombar a porta dos fundos mas assim que contornei a casa, a porta se abriu por conta própria. Do outro lado estava Elizabeth, transfigurada: cabelos revoltos ao vento, olhos refletindo o luar, pés afastados em uma postura de Rambo prestes a atacar.Acalentava nos braços uma submetralhadora de botar medo em qualquer um. Fiquei rígido no lugar, Elizabeth estava de tirar o fôlego. Não restava dúvida de que sabia manejar muito bem aquela arma mas teria coragem suficiente? seria capaz de me olhar nos olhos e me despachar para o inferno depois daqueles momentos de prazer e tortura na pista de dança? Depois das coisas que eu havia dito pelo telefone? Ela era minha mulher, caramba.
Por mais que me odiasse, teria a frieza necessária para puxar o gatilho? Elizabeth se mexeu ligeiramente, e isso me bastou como resposta: "é claro que teria!" Imediatamente pulei para a direita. Blam! "O inferno desconhece a fúria daquela mulher." deitado no chão e cuspindo terra, eu já me preparava para morrer, sabia que por mais rápido que conseguisse me arrastar dali, não teria a menor chance de escapar da mira de Elizabeth, não havia nada que eu pudesse fazer. Todavia... a morte não veio. Fiquei aliviado ao constatar que minha cabeça não tinha sido reduzida a farelo e surpreso ao ver Elizabeth voltar para o interior da casa e bater a porta com estrépito. Ouvi o dique da tranca, o cleft do ferrolho. tradução:
"Fique longe da minha casa!"
- Sinto muito, Sra. Barnes- murmurei enquanto me levantava. - Mas meu nome ainda está naquela escritura. - essa não foi a primeira vez que me vi obrigado a arrombar uma porta ou pular uma janela para entrar na minha própria casa. Mas das outras vezes eu não estava tão sóbria quanto agora e sabia, por experiência, que o porão era o acesso mais fácil, corri até a porta de tela, botei minha podadeira para funcionar e entrei. Depois subi as escadas, atravessei a porta com o máximo de cautela e passei ao nosso escritório com a rapidez de uma sombra. Uma vez no meu santuário pessoal, abri um nicho secreto na parede e de lá tirei uma pistola: prontinha para cuspir fogo e devidamente silenciada. Nenhuma necessidade de desviar a atenção dos vizinhos do reality show a que sem dúvida estariam assistindo. Depois sai para o corredor. Tudo estava terrivelmente calmo e assustador, os recantos da minha casa, antes tão familiares, haviam subitamente se transformado num terreno desconhecido. Elizabeth saberia da minha presença ali? Estaria à espreita em algum lugar?
Talvez achasse que tinha me espantado com aquela demonstração gratuita de poder de fogo.
Talvez achasse que estava segura em sua fortaleza trancada a ferrolhos e tivesse ido dormir. "Acontece, amor, que as negativas de uma mulher nunca me impediram de chegar aonde eu queria chegar." Dei um passo em direção às escadas e com o rabo do olho vi um vulto passar correndo de um lado para outro. Seria Elizabeth? blam, blam, blam.. joguei-me ao chão, evitando com sucesso a saraivada de balas que se abateu sobre a parede oposta, estilhaçando porta-retratos e mandando uma luminária para bem longe dali. Então ela ainda não tinha ido dormir e ainda estava puta comigo. Com uma Elizabeth enfurecida em meu encalço, corri para o abrigo mais próximo: a cozinha. Atirei de volta e rolei sobre a bancada central, Elizabeth atirou de novo mas abri a tempo a porta da geladeira. As balas ricochetearam no aço como se o nosso freezer fosse o escudo de um guerreiro grego.
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Sr. e Sra. Barnes
AcciónBucky e Elizabeth Barnes aparentemente parecem formar um casal normal, mas na realidade ambos mantêm um segredo. Os dois são assassinos de aluguel contratados por empresas rivais. A verdade só vem à tona quando Bucky e Lizzie, sem saber, recebem uma...