Capítulo Quatorze | Preto

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Any me olha assustada, finalmente tomando conhecimento de minha presença no quarto

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Any me olha assustada, finalmente tomando conhecimento de minha presença no quarto. Ela está com um grande pacote em mãos, e minha raiva sobe consideravelmente. Uma raiva que há muito eu esqueci que existia. Ela não devia ter feito isso. Não devia!

- Noah, eu...

- Quem te deu o direito de mexer nas minhas coisas?!

Praticamente corro até ela e tomo de suas mãos o retângulo embrulhado, o qual guardo há anos no fundo do guarda-roupa, escondido de olhares curiosos, e de mim mesmo.

Olho para Any e posso sentir a raiva expressa no meu rosto. Depois de muito tempo, passei a ser uma pessoa fria, um professor que os alunos temem. Vejo na expressão dela que essa é a primeira vez que Any enxerga o real Noah Urrea. Ao mesmo tempo que tenho raiva, também tenho medo do que ela possa estar pensando.

- Me desculpe. - Ela pede não olhando para mim. - Abri o guarda-roupa para pegar a calça que você me pediu e acabei vendo o pacote. E como sei que é uma...

- Sim! É uma tela. - Minha voz está mais alta do que o normal e isso faz Any pular de susto. - Mas não te diz respeito.

- Como disse, foi por impulso. - Me encara, séria. Decidida, para o meu espanto. - E já pedi desculpa. Não precisa ser grosso.

- Any, isto, - digo mostrando o embrulho em papel pardo, - faz parte de meu passado. Não diz respeito a você. Então, por favor, esqueça.

Me volto para o guarda-roupa e coloco o quadro onde estava, fazendo o possível para as roupas o ocultarem. Enquanto o arrumo, percebo um movimento rápido atrás de mim, e me viro a tempo de ver Any saindo a passos rápidos do quarto.

- Droga! - Me amaldiçoo. - Any, espere!

Corro atrás dela, descendo a escada de dois em dois degraus. A encontro entre a sala e a porta de saída, vestindo o seu sobretudo pronta para partir. Pronta para me deixar.

- O que você está fazendo? - pergunto, e minha voz treme temendo sua resposta.

- O que você acha que estou fazendo? - Ela se vira e há raiva no seu olhar. Não. Mais do que isso. Há decepção. - Estou indo embora, professor.

- Mas por quê? - Eu sei que a minha pergunta é idiota. Eu sei o porquê.

- Por quê? - incrédula. - Pense um pouco professor e talvez você saiba o porquê. Até lá, estarei longe daqui.

- Não, espere! - Seguro seu braço quando vejo que ela faz menção de ir embora. - Eu não queria gritar com você.

- Mas gritou.

- Me desculpe.

- Desculpa não é suficiente, Noah. - Any se solta de minha mão. - Você me feriu lá em cima.

- Eu quero que você entenda. - E minha voz está desesperada. - Aquele quadro faz parte de meu passado, e não eu quero que você tenha nada com ele.

pinturas intimas; noanyOnde histórias criam vida. Descubra agora