Severe Damage - Imagine Johnny

XX: All about us

Severe damage [XX: All about us]

Era estranho lidar com aquele Johnny: atrevido, descontraído e calmo. Parecia até uma cópia fiel do eu dele que eu via apenas em meus sonhos.

— Está com fome? — Me olhou brevemente enquanto dirigia. Havia pouquíssimos minutos que deixamos o Brume Argentée.

— Isso é um convite para um jantar?

— Não dá para surpreender você, né? — Riu soprano, levantou a destra e deu uma batidinha no volante. — Sim, Srta. Torres, eu gostaria de levá-la a um jantar.

Tinha tanta coisa que eu gostaria de dizer, tanta, mas me contive e fui pelo caminho mais racional.

— Algum motivo especial? — Suspirei baixo.

— Acredito que minha volta, ou melhor, que nosso reencontro seja motivo suficiente. — Ele estava hesitando um pouco mas estava mais solto também, Johnny não costumava se corrigir. — Além do que eu estarei te levando para comer, esse provavelmente é o melhor dos motivos. Gosto de ver você se alimentando.

Eu demorei muito para me acostumar com essa preocupação assídua dos asiáticos em querer que seus amigos e familiares se alimentem bem, concordava que é algo natural quando se tem um laço com alguém mas aqui eles levavam isso muito à sério.

Johnny se importava tanto assim comigo?
Não, ele deveria estar preocupado com as minhas possíveis ausências caso eu ficasse mal novamente.

— É algum tipo de fetiche bizarro me ver comer? — Brinquei, tentando afastar aqueles pensamentos indesejados que de certa forma mexeram comigo. Eu ficaria sensível caso pensasse nele se importando comigo.

— Fetiche? — Encarou-me com atenção. Notei que estávamos parados no sinal. — Quer mesmo saber dos fetiches que eu tenho com você, querida?

Não.

Senti um frio na barriga tão grande que precisei morder a parte interna da minha bochecha para não expressar alguma reação. Não era aquele rumo que eu queria para a nossa conversa no carro depois de tanto tempo sem vê-lo.

— Vá em frente, sou toda ouvidos. — Disse sentindo minha boca seca.

Johnny riu mais uma vez, mordendo o lábio inferior e negando com a cabeça.

— Toda noite eu imagino como deve ser te ter embaixo de mim, ofegando, tremendo, suando, enquanto apenas minhas mãos cobrem uma mísera parte do seu corpo completamente nu. — Ainda prendia o lábio entre os dentes, voltou sua atenção para o trânsito assim que o semáforo abriu. — Você, completamente imobilizada e entregue a mim, provando das sensações que apenas eu causo no seu corpo... — Sua destra pousou em minha coxa coberta pelo tecido macio da calça, indo até a parte interna e voltando num carinho que eu duvidava ser puro. — Pele arrepiada, boca salivando e olhos revirando. Eu te foderia a noite toda quantas vezes você quisesse. — Foi lentamente até meu joelho e depois voltou até a minha virilha. Suspirou pesado. — Você poderia estar de saia agora, seria bem mais proveitoso.

Meu peito subia e descia com mais força que o normal, ouvi-lo falar de forma tão explícita sobre a forma que ele me desejava me desnorteou. Ele queria me ver imovel, presa, por mais que considerasse aquilo loucura quando ouvi, uma chama havia acendido dentro de mim e me deixado envolvida por sua ideia. Poderia jurar que eu estava molhada apenas com suas palavras e os toques em minha coxa, me remexi no assento. Eu era muito sensível ali, e ele sabia perfeitamente disso. A vontade que eu tinha dele era tanta que eu quase cheguei ao ponto de pedir para ele parar o carro em algum lugar.