Severe Damage - Imagine Johnny

I: Trust me

Severe damage [I: Trust me]

Hoje era oficialmente meu primeiro dia de "treinamento" como hostess, eu não chegava diretamente ao ponto de atender nenhum cliente mas observava com atenção as ações de Ten. Havia feito isso ontem quando jantei com Mina, era um pouco estranho porque eu tinha que comer, manter um diálogo com a minha chefe e observar os passos do tailandês por todo o salão, mas após alguns minutos meu cérebro se adaptou ao andar da carruagem.

Mina era um ótima companhia, fiquei feliz por ter feito um laço aqui no Brume visto que eu me sentia totalmente deslocada quanto ao público. "Você emana mais confiança e classe do que muitos que frequentam aqui, um diamante bruto que precisa ser lapidado milimetricamente.", foram as palavras dela quando confessei isso. Ainda não havia me acostumado com os comentários de Mina me elogiando, por isso sentia minhas bochechas pegando fogo algumas vezes, era acolhedor mas me trazia uma sensação de dúvida.

Eu continuava sem entender o motivo de sua afeição.

Conversamos sobre assuntos diversos e conheci um pouco mais da história da mulher que estava a minha frente. Mina e John viveram nos Estados Unidos até o fim da adolescência, época em assumiram os negócios da família quando seus pais faleceram, ela cursava administração e ele comércio exterior, não sendo tão difícil assim tomarem as rédeas da empresa. Com o tempo, o restaurante começou a crescer e eles expandiram seus negócios, abrindo um espaço para eventos e uma vinícola no sul do país.

E como esperado: ficaram extremamente ricos.

Já foram convidados para eventos e premiações importantes de empreendedorismo ao redor do mundo mas nunca compareciam juntos, era uma regra deles, quem fosse deveria receber total atenção e ter seu momento. Ri fraco ao ouvir aquilo, muito coisa de irmãos.

– Acorda pra vida, princesinha. – Em inglês, uma voz rouca me acordou de meus pensamentos, pisquei algumas vezes antes encarar o dono dela.

– Isso foi uma piada, Jaehyun-ssi? – Disse ríspida em coreano.

– De certa forma, foi. – Riu. – Mas você é um tanto dispensa para alguém que dizem ser tão competente.

Arqueei minha sobrancelha, desacreditada.

– Cuide do seu trabalho que eu cuido do meu. Agradeço-te pelo elogio também. – Observei o salão lotado e vi Ten olhando em volta até parar seu olhar onde eu estava. – Acredito que alguém está a sua procura, melhor se apressar. – Indiquei, erguendo meu queixo num sinal breve.

Ele me encarou com um sorriso e me deu as costas, seguindo seu rumo sem dizer absolutamente nada.

Jaehyun era um pé no saco mas tinha um sorriso lindo.

Apesar de ter bastante conhecimento acumulado na minha cabeça de vento, eu ainda era boa com rostos e nomes, o que estava me ajudando muito com a me acostumar com os demais funcionários. Ten fazia um trabalho impecável com hosts e eu me perguntava se conseguiria lidar tão bem com aquele bando de gente rica.

– Torres-ssi. – Virei-me naturalmente. – Perdoe meu comentário, mas você me parece nervosa.

Dei um risada seca.

– Se eu pudesse, teria torcido o pescoço daquele garoto. – Disse baixo, em seu idioma nativo para que apenas ele entendesse, e o mesmo riu com o meu comentário. – Mas eu também estou nervosa para quando for assumir o meu papel, não é tão difícil mas exige muito jogo de cintura. – Voltei ao idioma costumeiro.

– Jogo de cintura? – Franziu o cenho e eu me repreendi internamente por ter dito aquilo.

– Aigoo...! Eu sou uma confusão de idiomas, sinto muito, Xiaojun-ssi. – Apertei a barra da minha saia lápis. – É uma expressão do meu país usada para, hm, falar que a pessoa tem uma boa conversa e consegue solucionar ou apaziguar situações difíceis com facilidade.