Severe Damage - Imagine Johnny

XXIII: Keep on dreaming

Severe damage [XXIII: Keep on dreaming]

Cabeça doendo, corpo pesado e peito queimando.

Eu me via perdida em uma imensa escuridão e sentia meu corpo se desconectando de mim aos poucos. Parecia que eu estava morrendo. Lembro-me de alguns flashes onde Johnny estava sobre mim e falava comigo mas eu não ouvia nada e não conseguia me mexer.

Johnny estava tão aflito, ele chorava mais e mais até que eu não consegui mais observar aquela cena contra a minha vontade nem permanecer de olhos abertos e consciente.

Eu sentia tanto cansaço.

A dificuldade de me mexer me incomodava muito, era como se meu corpo pesasse uma tonelada e eu fosse jogada em alto mar. Eu não parava de afundar. Ia perdendo cada pedacinho de mim naquele buraco negro, era como se eu deixasse de existir completamente no universo.

"Não me deixe sozinho, por favor!", aquilo reverberava em minha cabeça e dava força a cada fibra do meu corpo para que eu não me rendesse àquela escuridão.

Eu estava exausta, mas jamais o abandonaria.

Não sabia de onde estava vindo a voz dele, ele estava comigo ali dentro? Ele estava do meu lado? Onde Johnny estava? O que estava acontecendo comigo? Eu estava confusa mas precisava deixar aquele breu, permanecer ali parecia errado e eu estava começando a ficar com frio. Levantei-me com muita dificuldade, minhas pernas estavam tão pesadas que eu mal conseguia levantá-las e minha barriga doía como se eu tivesse sido esfaqueada dezenas de vezes. Comecei a me arrastar em uma direção desconhecida, era onde minha intuição queria que eu fosse.

Não fazia ideia de quanto tempo passei cruzando aquele lugar, tampouco o quanto havia conseguido progredir, parecia uma eternidade e eu me abraçava na tentativa inútil de me aquecer e amenizar aquela cólica infernal.

O barulho de vidro quebrando me deixou alerta e eu cessei o que deveria chamar de passos.

Um feixe de luz havia surgido à minha esquerda.

Passei a ir naquela direção com o restante da energia que me restava, estava prestes a desmaiar, mas quando ouvi sua voz me mandando acordar, engoli o choro preso em minha garganta e passei a me locomover o mais rápido que pude até alcançar aquele brilho que parecia um milagre diante de mim.

***

Sem dúvidas havia algo errado.

Fiquei sem ar por um instante, seus olhos estavam opacos e sem vida. Era como se ela estivesse inconsciente mais uma vez. O que era completamente estranho porque eu sentia o calor de suas mãos e de seu corpo, seu coração batendo e a respiração leve próxima ao meu rosto.

— Amor? — Disse baixinho e eu foquei em seu rosto, assustando-me mais uma vez.

Em um piscar de olhos, não havia mais nada de estranho. Ela estava ali, absolutamente normal.

— Querida? — Suavizei minha feição e amaldiçoei-me milhares de vezes quando me dei conta de que seus olhos estavam marejados.

Como eu pude ser tão estupido em pensar que ela não era a minha garota?

Torres balançou a cabeça positivamente e engoliu o choro uma vez que estava prestes a desabar. Não hesitei em abraçá-la com força. Seus dedos amassavam minha camisa social escura e tremiam levemente, deixando o aperto irritante que eu tinha no peito pior e me fazendo afagar seus fios com calma.

— Por que demorou tanto? — Soltou de repente e eu ri fracamente, surpreso.

Ela estava muito manhosa, por um momento pensei que ela estivesse brava mas o fundo de ansiedade em sua pergunta me pegou desprevenido.