Severe Damage - Imagine Johnny

XI: your touch

Severe damage [XI: your touch]

A caminhada era um pouco longa mas eu estava adorando, era por volta das 15h e eu observava cada canto daquele distrito – o qual eu nem sabia o nome – que eu desbrava cada vez mais entusiasmada. Eu tinha algumas sacolas em minhas mãos e o almoço recém comido lutava em meu estômago para ser digerido já que eu não parava quieta. Era meu último dia no Japão e eu não o desperdiçaria ficando sentada na minha cama do hotel.

– Você poderia deixar isso no carro se tivéssemos vindo nele. – Disse atrás de mim com a voz abafada pela máscara branca.

E bom, Johnny estava comigo nessa aventura. Não havia planejado sua vinda mas como acabamos dormindo juntos, ele inevitavelmente saberia dos meus planos para hoje. Eu havia o chamado por pura educação e não esperava que ele realmente viesse.

– Eu não trocaria a oportunidade de usar o transporte público daqui por ir no seu carro que eu ao menos posso dirigir. – Ironizei e desviei a multidão que vinha contra mim na faixa de pedestres, apertando o toque em sua mão. – Avisei que não seria tão tranquilo assim. – Alcançamos a parte mais calma da calçada e diminuímos o ritmo dos passos.

– Você me parece muito disposta para alguém que mal se aguentava acordada ontem. – Johnny me analisava de um jeito estranho, tentei ignorar.

– Estava, mas hoje é um novo dia e eu preciso conhecer mais de Tóquio. – Acabei sorrindo inconscientemente e vi sua feição suavizar.

Eu sabia que eu tinha vários lados e que Seo estava acostumado com o meu rigoroso, era engraçado vê-lo intrigado com algumas atitudes que essa minha faceta certamente não faria. Também concordava que eu também estava o conhecendo da mesma forma. As coisas entre nós estavam fluindo muito bem e eu certamente esperava que tudo ocorresse da mesma forma quando voltássemos para Seul, sabia que seria um pouco mais complicado manter as aparências mas eu estava disposta a correr o risco para conhecer mais do moreno.

***

A noite já havia caído quando deixamos o hotel, fiquei um certo tempo encarando a vista para guardar aquela memória com carinho mas uma hora eu tive que partir. Pegamos o voo tranquilamente, conversávamos um pouco mas o máximo de contato físico que tínhamos era quando eu passava algo para suas mãos. Estava um pouco melancólica por deixar Tóquio, mas a vontade de ver meus amigos deixava aquele sentimento mais ameno em meu peito.

"Senhores passageiros, o voo 712 acabar de aterrissar no Aeroporto Internacional de Incheon, agradecemos pela sua preferência e tenham todos uma boa noite."

– Estou cansada. – Disse enquanto caminhávamos pelo espaço do desembarque.

– Amanhã é sua folga, aproveite o dia livre para descansar.

– É assim que você é atencioso? – Perguntei e ele soltou um riso pelo nariz.

– Não tente romantizar minhas palavras, Torres, vai ser muito pior se você fizer isso.

Bufei.

Com certeza, o estrago na nossa relação seria muito maior se eu o romantizasse.

Ficamos em silêncio depois disso, não gostava daquela mania incorrigível dele de quebrar o clima bom que pairava sobre nós, pegamos as malas e saímos da área do desembarque.

"A melhor pessoa do mundo", era o que estava escrito em português na plaquinha que a garota segurava. Encarei a cena incrédula e cessei meus passos, mantendo uma distância considerável de Johnny, sentindo meu coração acelerar de uma forma absurda. Não demorou muito para a garota de cabelos castanhos correr até mim e se jogar no meu colo, me abraçando.