▪Capítulo 5▪

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A grama tocando os pés descalços da criança, o vento oscilando o vestido verde, e o cabelo castanho bagunçado a cada movimento. Seu sorriso contagiava as três pessoas ao seu redor. Eram sua família.
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A menina brincava com o menino que parecia muito com ela, podiam dizer que são gêmeos, porque eles são. Os dois sorriem como se não houvesse o amanhã, e corriam pelos corredores da grande casa atrapalhando os empregados a fazerem seus deveres, mas eles não pareciam se importar e só observavam a incrível união dos dois irmãos.
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A mulher de cabelo loiro penteava o cabelo da menina com delicadeza enquanto o homem de olhos pretos ajudava o menino a montar um brinquedo. Os dois estavam felizes, seria uma grande celebração de aniversário, sete anos estavam a fazer. A menina mostra a mãe a pulseira de esmeraldas que fez enquanto o penteado era feito em seu cabelo castanho, a mulher ficou feliz com o desempenho dela nas criações de suas próprias joias. O menino chega perto dela e entrega um embrulho mal feito dando a entender que foi ele mesmo quem o fez, porém ela não se importou pois ia rasgar o papel mesmo. Um colar de pedras d'água branca, era maravilhoso o presente, ela amou de verdade.
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Não timha mais risos, eram um dias sombrios para os três, era época de guerra. O pai em combate e os gêmeos buscando os braços da mãe que cantava para acalma-los, e acalmar a ela mesma, porquê mesmo demonstrando ao seus filhos uma mulher forte, ela estava destruída de aflição por dentro, pedindo ao Caldeirão e a Mãe que seu marido volte em segurança. A menina soltou os braços da mãe para ir até a janela bisbilhotar a entrada da grande casa, checar pela trigésima sétima vez se seu pai já havia voltado do campo de batalha, mas nem um sinal dos seus cabelos castanhos como a madeira da árvore. Os gêmeos dormiam com a mãe para não deixá-la sozinha, e para procurarem um abrigo seguro que só ela pode lhes oferecer.
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Depois de um mês o beijo na bochecha da menina foi a bastante para ela ter a certeza de que seu pai estava de volta para a família, seguro e bem. Mas todos estavam em luto por aqueles que deram a vida para um bem maior. Não teria festa de comemoração em honra as mulheres que perderam seus maridos e filhos, e as crianças entendiam e respeitavam isso.
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Como se comemorar o centésimo aniversário dos dois era o que preocupava seus pais, mesmos os gêmeos dizendo que apenas um piquenique em família bastava, e no fim os pais cederam e foi o melhor dia para os dois. Eles estavam com aqueles que mais amavam.
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Seu irmão a abraça com força, e dizia que tudo ficará bem, que ele sempre estará com ela para protegê-la de tudo e de todos, até mesmo de seu noivo. Este é o preço por ser a primogênita e já perto da idade de assumir o trono, um marido era necessário. Seus pais não concordavam, mas era a lei feita por seus ancestrais. Porém seu pai também era a lei. Ele conseguiu contornar pouca coisa sobre o acordo, que sua filha seria coroada e se casaria com o rapaz, mas apenas quando ela estiver pronta.
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Ele era um macho elegante e cavalheiro, mas não lhe agradava muito. Seus olhos verdes parecem estudá-la a todo o tempo e as mãos buscavam as dela a todo o custo. E infelizmente para ele, mas felizmente para ela, não havia sinal da parceria.
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Os dias que ela não gostava era os dias de chuva, mas adorava quando sua mãe cantava pars ela e seu irmão se esquecerem do temporal do lado de fora. Só que a chuva decidiu cair no pior dia do mundo para ambos os gêmeos, e eles não se importaram com o som, pois era o mesmo som que os seus corações estavam fazendo, e a mãe não estava mais aqui para cantar.
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O dia perfeito não existia para ela, até ganhar de presente na véspera da coroação, uma criatura rara e peculiar bebê, era lindo e a reconheceu como sua mãe. Um novo amigo para seus dias de solidão e tristeza, ela o protegeria e daria sua vida a ele.
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Os vestidos nunca pareceram tão pesados quanto aquele dia. Foi um alvoroço o dia inteiro para a coroação da futura rainha, e tudo isso a estava sufocando. Ela queria um abraço e palavras gentis, mas seu irmão estava a cada dia mais distante; eles ainda conversavam e riam, porém não mais com aquela essência de irmãos unidos para todo o sempre. A música soou e as portas se abriram, feéricos de todos os tipos juntos ali para os votos a coroa e a nova rainha. Eles estavam felizes por fazerem aquele voto. A nova Grã-Rainha de Walisshyan.
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E depois de seis anos a mesma dor do dia chuvoso em que a mãe não pode cantar voltou. Seu pai partiu em busca de sua amada no mar de estrelas. A última coisa que ele fez antes de fechar os olhos eternamente foi sorrir para os gêmeos. Ela passou no quarto do irmão para saber se ele estva bem, mas ele não quis vê-la.
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O dia do casamento estava próximo, ela não estava feliz com isso, porém o acordo já tinha sido feito. A viajem para Erthera foi tranquila, o caminho silencioso ao lado do irmão. Ela queria conversar, rir e se divertir com ele, mas o mesmo não se importava mais. Foram bem recebidos, e as acomodações eram esplêndidas. Era solitário não ter ninguém ali para conversar. Um baile para a comemoração foi organizando, maravilhoso estava, e os noivos estão tão felizes quanto tristes, pelo menos ela estava horrorizada com aquilo, e seu pesadelo ficou pior quando o sino de ataque soou, os feéricos corriam e derrubavam uns aos outros, ela tentava ajudar, mas a lâmina feita pelas escamas de dragão foi cravada em seu peito atravessando o caração. A feérica encara os olhos azuis que reconheceria em qualquer lugar, e vê o quanto ele gotou de matá-la, o quanto ele não se importou de ter matado a própria irmã.

...

É como se eu conseguisse sentir não só a dor dela da lâmina perfurado seu peito, mas também a dor da traição. E eu posso sentir porquê foi real, tudo isso realmente aconteceu, e lembro disso tudo porquê... eu sou ela.

Corte de Morte e AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora