▫Capítulo 9▫

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A Cidade é simplesmente perfeita, as lojas, o parque, os lugares são impressionantes. Estou completamente apaixonada pela cidade que sonhei quando criança. Feyre me trouxe para um pequeno tour, depois de discutir com os meninos sobre quem me levaria para conhecer o lugar que sempre quis conhecer. Amren queria vir, mas teve que se preparar para ir no próximo turno de patrulha. Mesmo Prythian sendo uma cidade escondida, eles fazem patrulhas para garantir que tudo esteja bem. Depois que meu irmão assumiu o trono muitas coisas mudaram, uma delas foi a magia.

Feyre me contou um pouco de sua história. Garota humana que teve que alimentar a família cedo, matou um lobo, foi levada para a Corte Primaveril com o objetivo de se apaixonar por Tamlin para quebrar a maldição que Amarantha colocou em Walisshyan — Linaleck não foi capaz de proteger Walisshyan de Hyrber —, então ela conheceu o Rhys e tudo aconteceu. Um bom resumo para mim.

Estamos sentadas do lado de fora de uma loja de lanches. A mesa redonda e duas cadeiras, à vista para o parque é belíssima. A Grã-Senhora é uma boa companhia, é divertida, diferente de suas irmãs que são mais reservadas.

— Me perdoe se serei indelicada, mas gostaria de lhe fazer uma pergunta — Fala receosa. Tomo um gole do suco e me inclino para ela com um sorriso.

— Tudo bem, pode perguntar — Afirmo e ela respira fundo.

— Por que pediu que Cassian matasse Tamlin? — Sua pergunta era hesitante, mas não entendo o porquê de ela estar envergonhada de me perguntar isso.

— Eu, assim como você, já fui noiva dele — Ela arregalou um pouco os olhos azuis — Bom, parando para pensar eu ainda sou, não rompemos o noivado. É só que eu nunca gostei dele, Tamlin tinha… ainda tem eu acho, algo que nenhuma pessoa jamais vai gostar. — Faço uma pausa para pensar em como explicar melhor o que quero dizer com isso: — Ele, é muito reprimidor, ele gosta de isolar as pessoas que estão ao seu lado e fazer com que ela façam o que ele quer. — Explico meu ponto de vista e Feyre maneia a cabeça como se concordasse.

Feyre tomou o restante do seu refresco e pediu a conta. Muita coisa mudou desde minha morte, algumas para piores, mas muitas para melhores. E espero melhorar ainda mais quando recuperar meu povo, mesmo sabendo que não mereço, não posso deixar os feéricos ou humanos pagarem por erros que não cometeram.

Passamos em algumas lojas esplêndidas e compramos algumas roupas e sapatos. As pessoas são amigáveis, gentis e cuidadosas, bem como as histórias descrevem. Andamos pelas ruas largas com postes nas calçadas para iluminação à noite, o que ajuda os humanos pois os mesmos não possuem visão noturna.

Paro subitamente de andar e deixo as sacolas caírem, levo minhas mãos à cabeça e fecho meus olhos. Aquela maldita dor novamente. Sinto Feyre me tocar enquanto me chama, sua voz tão distante quanto a de Rhys quando disse: "para eu não dar mais um passo". Elevo minha cabeça em um suspiro e abro os olhos; a visão embaçada. Encoro Feyre, sua fisionomia estava distorcida, mas consigo sentir sua aflição por não saber o que fazer.

Sinto aquela mesma sensação da adaga sendo cravada em meu coração, e arregalo meus olhos levando as mãos ao peito. Sussurros, a mesma voz que me fez ir em direção à floresta.

Não tema o desconhecido, apenas se entregue a ele, se lembre do que viu e aprendeu durante todos esses anos. Não seja tola e estúpida por não ser digna, pois não é a coroa que faz de você a Grã-Rainha.

As frases não faziam sentido, são apenas vagas palavras que um sussurro surrado fala em meu subconsciente, e isso dói, dói, dói…
No breu de minha visão, um vulto rápido azul passa em minha frente, o som das garras ecoam por minha cabeça, o farfalhar das penas. Ele está me rodeando como se eu fosse uma presa.

O lugar era escuro, um vácuo, e eu estou flutuando em um infinito de escuridão. Um vento frio passa por mim, a criatura está mais próxima, ela é rápida, não vejo nada além de uma lampejo azul, ou branco? As cores estão ficando confusas, tudo está confuso. A fera parou, não enxergo mais o borram, mas um canto começa a surgir, lindo, calmo e harmonioso, mas frio, sombrio e cruel. O canto é como a melodia dos pássaros, porém como também um rosnar de uma besta. Como existe algo assim? Belo, mas sombrio, calmo, mas terroroso.

Uma forte luz se estende ao meu campo de visão, a única coisa que ilumina a tremenda escuridão do vácuo. Parece como uma aura azul misturado com branco e pequenos pontos brilhantes, e se aproxima cada vez mais, continuando como um borrão me deixando apenas ver seus olhos negros como as trevas, cheios de caus, dor, e crueldade. Fiquei com medo, era gigantes, e é como se ocupasse todo o espaço em que estamos, me sufocando, me matando. Não aguentando mais um segundo nesse lugar, eu gritei o mais alto que pude tampando meus ouvidos para não escutar sussurros e com os olhos fechados para não ver nada.

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— E vocês dizem que ela é a Rainha de toda Wlisshyan? Pois ela parece uma fraca que não aguenta uma dor de cabeça pequena — Nestha diz furiosa — Me digam! Que tipo de Rainha é tão fraca assim? — Pergunta com desdém

— Já chega Nestha! Se for para insultá-la, é melhor você ir antes que eu faça isso. — A voz rouca de Az ecoa pelos cômodos. E se eu fosse ela faria o que ele disse, porque quando Az fica bravo…

Me forço a sentar chamando a atenção de todos. Az se senta na beirada da cama e coloca a mão com as cicatrizes em minha perna como preocupação e conforto. Encaro seus olhos âmbar e sorri tentando transmitir segurança de que eu estou bem. O movimento de Rhys e Feyre se aproximando chama minha atenção; ele possui aquele sorriso cafajeste e malicioso, ao ver o ponto de interrogação colado em minha testa ele olha para a mão de Az em minha coxa.

— Pelo caldeirão Rhysand! — Digo retirando a mão de Azriel da minha perna e o Grão-Senhor começa a rir enquanto o olho brava por pensar uma coisa dessas.

— Ela está bem — Fala entre risos. Az abaixa a cabeça com um pequeno sorriso no rosto e se levanta

— Você é mesmo um porco — Ele fala passando por Rhys e tocando em seu ombro o fazendo parar de rir.

— Azriel volta aqui — Rhys caminha indo atrás do Encantador de Sombras.

Nestha vai em direção a porta, seu vestido preto arrastando no chão  as mãos cruzadas na frente do corpo, a postura impecável e um coque bem feito na cabeça

— Nestha — A chamo e a mesma para de andar, mas não me encara —Eu fiquei morta por cinquenta e cinco anos, como você acha que meu corpo está? Ele está tentando se adaptar novamente, além de ter que se adaptar aos novos poderes. E as dores de cabeça são fortes sim; são como milhares de agulhas sendo fincadas no meu crânio. Então por favor, não diga nada do que não sabe. — Falo o mais educada e séria que consigo.

Ela sai com o nariz mais empinado do que antes. Como Feyre aguenta ela eu não sei, mas é família, então sempre tem um jeitinho tosco de suportar, mesmo querendo enforcar o pescoço deles.

— Desculpa — Feyre pede se sentando ao meu lado. Sorri para ela e segurei sua mão direita. Era uma tatuagem curiosa e linda a que ela tinha

— Não precisa se desculpar — Digo e beijo o dorso de sua mão em respeito ao que ela se tornou e como é uma excelente governante à Corte Noturna. Seu sorriso era simples e acolhedor, e seus olhos transmitem segurança e conforto.

Um estrondo de uma porta sendo aberta chama nossa atenção junto de um grito afeminado do Cass com o susto.

— Onde ela está? — Pergunta parecendo impaciente e ansiosa. É a voz da Mor.

Corte de Morte e AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora