▪Capítulo 6▪

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Escuto sons abafados ao meu redor, total de sete pessoas estavam perto de mim. Algo fofo me envolvia, um tipo de pelagem, e sob mim alguma coisa macia. Minha cabeça não dói mais, porém meus olhos ardem me obrigando a apertá-los com mais força; as vozes cada vez mais próximas e altas, eles pareciam discutir. Aperto minhas mãos por sentir uma coisa as envolvê-las, mas não era algo sólido, parece ser sombras: elas estão me chamando, implorando para que eu abra os olhos, consigo ouvi-las, entendê-las, compreendê-las.

Acorde.

Abro os olhos e me sento rapidamente — no mesmo instante que a voz surrada em sussurro invade minha mente — assustando as pessoas que me encaram apavoradas. Seus olhos arregalados e postura de alto-defesa; não pareciam estar com medo e sim apenas alarmados com o susto que os dei acordando do nada. Observo as cinco fêmeas e três machos com atenção; um deles, o que possui olhos Violetas está com o braço esticado protegendo a fêmea de cabelos castanhos e olhos azuis, a expressão dela era curiosa. A outra era pequena e parecia brava, seu cavalo curto e os olhos pratas revelam algo por debaixo daquela pele. O macho mais forte parecia um brutamontes, seu cabelo castanho na altura dos ombros o deixa belo, as tatuagens pareciam ser illyrianas. A de vestido lilás estava se escondendo atrás da fêmea de nariz empinado, puro orgulho pairava naquela expressão indiferente. Mas, o mais inteligente deles estava quase sendo oculto pelas sombras; um encantador de sombras, o que explica as sombras que enroscava meus punhos.

— Quem são vocês, e a onde eu estou? — Perguntei com a voz calma, porém autoritária. Arrumei minha postura enquanto eles ainda me observam estranhamente, mas foi a fêmea dos olhos azuis que deu três passos se aproximando da cama e se sentando na mesma

— Eu me chamo Feyre, e você se chama? — Essa era a pergunta mais ridícula que poderia se fazer a mim. Como ela não sabe quem eu sou?

— Não sabe quem eu sou? — Pergunto irônica com um sorriso debochado e ouço um rosnar vir do macho de cabelo preto como a noite.

— Deveríamos ser obrigados a saber quem é? — Olho em direção a fêmea orgulhosa que me encara como se eu fosse um lixo no meio de tanta riqueza. Mas então observei melhor as três, elas não pareciam realmente feéricas mesmo tendo a aparência de uma; elas foram feitas, eram humanas e agora feéricas. Olho para aquela que tem os olhos pratas — ela aparenta ser a mais antiga — e perguntei:

— Quantos dias se passaram desde o ataque em Erthera? — Precisava saber, não me importo se não sabem quem sou, mas tenho assuntos a tratar com um traidor.
Confesso que uma certa aflição tomou conta de mim quando a mesma franziu o cenho como se não entendesse minha pergunta

— Se passaram cinquenta e cinco anos desde aquele terrível ataque a Erthera — Conta como o óbvio. Minha respiração falhou, pavor me abordou, fechei meus olhos tentando raciocinar o que ela disse. Não pode ser verdade, não pode; porquê se for...

— Eu fiquei morta por cinquenta e cinco anos? — Sussurro para mim mesma, mas por causa da audição aguçada sei que eles ouviram. Eu sinto agora uma culpa caindo sobre mim, tudo está ficando pesado, tudo está perdido. Ele reina por tempo demais, e a responsabilidade de saber as atrocidades dele cairá sobre mim assim como o peso de suportar a ira de todos.

Não. Isso não é verdade, se passaram apenas alguns dias, não é possível ficar morta por anos e depois simplesmente voltar a vida. Ela está mentindo

— Você está mentindo, não é verdade, não pode ser — Retiro os lençóis para me levantar e andar até a fêmea de cabelos curtos, mas paro quando sinto uma dor na minha perna esquerda — Ah! — Fecho os olhos por alguns segundos e aperto minhas mãos. Vejo a faixa branca envolta na panturrilha cobrindo um machucado que já deveria ter se curado.

Corte de Morte e AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora