▪Capítulo 7▪

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Desço as escadas de madeira marrom e vou seguindo o som da música e das risadas. Enquanto passo pelos corredores percebo que esse lugar não é realmente Velaris ou a corte dos pesadelos, não importa o lugar, mas aqui não é a Corte Noturna. Onde infernos nevados eu estou?

A música e as risadas ficam cada vez mais altas conforme eu avanço nos cômodos da casa que parecia um labirinto de tão grande. Cogitei que estávamos em uma casa na floresta, mas quando eu ouvi vozes de muitas pessoas do lado de fora mudei de ideia. Vejo um movimento em uma sala onde a porta está entre aberta e caminho até lá. Os sons estão vindo daqui, e eles parecem bem felizes. Abro um pouco mais a porta de vidro ladrilhado e vejo os feéricos dançando em fileira de oito pessoas com um toque bem animado. O general da Corte Noturna liderava a dança com movimentos bem afeminados, e os outros o imitavam batendo uma palma, dando um passo para trás e prosseguindo mexendo a bunda. Que dança é essa?

O general olha para o pequeno grupo a minha frente, mas seus olhos castanhos encontram os meus e ele congela a dança me olhando com pavor. Isso magoou. Os a minha frente olham para trás então decido entrar no cômodo.

— Não parem por minha causa — Digo parando perto do grupo tenso

— Estávamos apenas descansando do treino um pouco. Vamos a folga acabou voltem para seus treinamentos — O general diz batendo duas palmas no final e os feéricos começam a se movimentar.

— Não precisa mentir — Falo o encarando pacifica, mas ele parece suar mais do que quando estava dançando. Feyre se aproxima e sorri gentil

— Está melhor? — Pergunta colocando uma mão em meu ombro e assenti antes de responder:

— Sim, Amren estava certa sobre eu precisar descansar — Falo sorrindo para a feérica ao meu lado. Seus olhos azuis refletem um calmo oceano.

— Eu não lhe disse meu no...— 

— Não precisa, eu sei quem você é — Digo interrompendo Amren —, sei quem cada um é. Menos as três irmãs, não conhecia elas até hoje — Falo encarando as feéricas feitas. Eles parecem desconfiados e é de se esperar isso. Como saber que sou se minha aparência mudou?

— E como você sabe que somos? — O Grão-Senhor pergunta se aproximando de mim de forma autoritária. Amren tenta o advertir, mas o mesmo a ignora. Sempre tão protetor.

— Porque vocês sabem quem eu sou — Respondo na mesma intensidade que ele  tentando não rir. Pelo menos uma vez na vida quero tentar dar medo a ele.

— Nos lembraríamos de você se a conhecêssemos — Retruca dando mais um passo. Sinto a droga de um cheiro de parceria exalando entre o macho a minha frente, a sua parceira deve estar tentando o acalmar. Parceira. Essa palavra ecoa em minha mente. Ele tem uma parceira. Me seguro para não pular em cima dele e o abraçar e dizer que eu estava certa de que ele conseguiria alguém. Estou tão feliz por ele, e espero que ela o ame como ele merece ser amado. Saio do me estado de surpresa disfarçada e volto a me concentrar na minha apresentação dramática.

— Eu conheço vocês, como também vocês me conhecem porque... — Talvez eu tenha hesitado um pouco. — Porque eu sou Kirsi Arassinck, sua Grã-Rainha Rhysand — Vejo o segundo exato em ele arregala os olhos e surpresa toma conta dele. Os outros arfam também surpresos. Eu sei que é uma grande informação para eles e que é bem sensível creio eu, mas não posso mentir sobre quem sou, e eu confio neles cegamente.

Rhys dá alguns passos para trás, o rosto tomado pela surpresa e pavor também. Ele balança a cabeça em negativa como se não tivesse ouvido direito. O encantador de sombras está surpreso, e um semblante triste preenche seu rosto. Amren me olha inexplicável, não sei descrever sua expressão. O general estava paralisado.

— Está mentindo, isso não é verdade. Minha Kirsi morreu naquele terrível ataque em Erthera... — Rhys para de falar lembrando que mais cedo perguntei sobre quantos dias se passaram desde o ataque. 

— Desde quando Kirsi tem poderes de gelo e olhas violetas e cabelo branco? — Amren pergunta

— Desde quando voltei a vida — Respondo olhando para ela. 

Não me surpreendo de acharem que estou mentindo. Eles me viram morrer, viram a adaga cravada em meu coração. Lembro-me de Amren tentando me tirar do meio do desabamento, e eu dizendo para ela me deixar e ir embora. Rhys não consegui chegar a tempo, o general estava em missão, e o encantador tinha sumido naquele dia em procura da Mor.

— Se você é ela, me diga uma coisa que só eu e Kirsi sabíamos — O general fala dando um passo a frente e cruzando os braços musculosos. Penso em algo que só nós dois saibamos, e quando sei o que dizer torço para que ele tenha feito o que pedi.

— Você cumpriu a missão que te dei Cassian? Você matou o Tamlin? — Pergunto na esperança de que a resposta seja sim. O general engole em seco e pisca diversas vezes, um sorriso surge em seus lábios

— Kirsi — Sussurra vindo em minha direção e me abraça como se fosse me esmagar — É você mesmo — Retribuo o abraço sorrindo. É tão bom sentir esse abraço de ursão de novo. Observo Rhys se apoiar na mesa e Feyre ir ao encontro dele. A mão na cabeça e a expressão de dor. Ele entrou na minha mente, sei disso, eu senti ele tentando ultrapassar as barreiras de gelo que abri para ele. Me solto dos braços de Cass e me aproximo do Grão-Senhor

— Você viu o que precisava ver para acreditar? — Não deu tempo para ele responder, pois no mesmo instante que parei em sua frente ele me abraçou. Uma braço de saudade tão absurda que me sufocou um pouco. Podemos não ter o mesmo sangue, mas somos irmãos, todos nós. Sou afastada bruscamente de Rhys por uma baixinha que apertou minhas costelas e me deixando sem ar. Amren fica abaixo dos meus seios e eu posso jurar que ela está chorando.

— Está chorando M? — Pergunto a chamando pelo apelido que dei a ela quando era criança e não sabia falar seu nome. Ela me aperta mais e puxa o ar por entre os dentes.

— Não, não estou! — Fala ainda abraçada a mim, me fazendo rir. Tiro meus olhos da feérica e encaro as sombras. Azriel ainda está com um semblante triste, talvez mais triste do que antes. Sei o que significa, e estou me odiando por isso.

— A culpa não é sua! — Digo olhando para ele. Amren se desfaz do abraço para observar a cena. Az levanta a cabeça, mas não me encara; ele se sente culpado pela minha morte, pois naquele dia era a seu dever me proteger e não ficar em casa para procurar a Mor que seria a função do Cass. — Az, a culpa não é sua. Rhys, Amren e o Cass estavam lá e não conseguiram impedir — Dou um passo a frente. Sua expressão se tornou fria

— Eu poderia ter feito mais. Era a minha responsabilidade cuidar de você aquele dia. — Sua voz rouca como se tivesse gritado por anos igual a minha quando acordei. Tenho que fazê-lo para de se sentir culpado, de se martirizar por isso. Nem consigo imaginar como ele ficou por todos esses anos. Caminho até ele e o surpreendo com um abraço, com hesitação seus braços me envolvem e em seguida sinto sua postura se desmoronar.

— A culpa não foi sua. — Digo mais uma vez só que em sussurro apenas para ele ouvir.

— Estão abraçados a tempo demais. Estou ficando com ciúmes Azriel. — A voz irritada de Cassian ecoa até nossos ouvidos me fazendo rir.

— Cala a boca Cassian. — Az diz olhando bravo para ele. 

Alguém faz falta.

Corte de Morte e AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora