01.

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EMMA HALLE

Provavelmente você nunca sentiu a morte.

Provavelmente você nunca sentiu todos os sistemas do seu corpo entrando em colapso, suas memórias sendo roubadas em segundos, as vias respiratórias obstruídas, os sentimentos falhando miseravelmente, a mente desligando-se..

Minhas duas mãos, as quais seguravam uma Glock g25, com gatilho automático, espera, para ser um pouco mais específica, uma pistola normal. Não paravam de soar um se quer segundo, e a arma que agora eu segurava com ainda mais força e apontava para a cabeça de um homem que continha seus dois filhos ao lado, presos e amarrados em uma cadeira, velha, de madeira, enquanto o homem implorava e suplicava pela sua vida a minha frente, realmente me faziam fraquejar e quase desistir de tudo ao meu redor.

Mas infelizmente, eu tinha que provar para os meus pais que eu realmente era a mulher que eles criaram para ser. Que eu era uma assassina a sangue frio. Eu não podia desistir no meio da minha primeira missão, isso estava fora de cogitação. E descobrir que eu fui criada para ser uma arma humana, uma máquina mortífera, igual ao meu irmão, Marcus Halle Philips, e ser praticamente treinada a minha vida inteira para ser um fantasma e executar pessoas que eu nem se quer conhecia, foi um baque enorme, não só para mim.

— Vamos logo, Halle. Atire antes que eu tenha que usar medidas que vão fazer você me odiar pro resto da sua vida. — Ouço ele ordenar através da minha escuta, engulo a seco e seguro aquela arma com as minhas duas mãos, pois ela logo começa a escorregar, aos poucos, por conta do suor descontrolado. — Estou farto dessas suas baboseiras. — Ele diz, novamente.

Tento não demostrar minha fraqueza ao ouvir suas palavras e ajeito minha postura erguendo meus ombros. Mas logo, abaixo minha arma, fraquejando e vendo o homem, já de idade, implorar ainda mais para não morrer, ou pelo menos era o que o seu olhar de medo, dizia. Retiro minha "máscara" sem muito esforço, com a minha mão direita, revelando meu rosto e aperto o botão da minha escuta desviando meu olhar para a parede atrás deles os três.

— Por quê atirar? Não posso simplesmente... tortura-lo? — Questiono pela primeira vez me enchendo de esperanças, eu ou qualquer outra pessoa que foi obrigada á fazer parte da Divisão ou dessa prisão de assassinos, nunca teve esse poder de respondê-los de tal maneira, e eu com certeza iria ser punida logo depois disso tudo. — Tem crianças aqui, caralho!

— Por que??? Agora me diga, porquê não atirar? — Diz com um tom de desgosto. Eu não iria respondê-lo novamente, eu não poderia. — Atire antes que eu tenha que ir aí e acabar com tudo isso. Eles já viram o seu rosto, não vai fazer a mínima diferença. Ou será mesmo que você não é capaz? — Sinto meu sangue ferver depois daquelas palavras, e fecho meus olhos após pôr minha máscara novamente. Mordo meu lábio inferior com força e levo meu dedo até o gatilho, logo arrasto ele para o lado e depois hesitar muito, eu fico estável.

"Eu tinha apenas 16 anos..."

Sinto a pressão da bala após sair da arma e logo ouço um estrondo de algo caindo no chão, depois de alguns segundos eu não ouço mais nada a não ser o choro das crianças e algumas palmas no outro lado da minha escuta. Abro meus olhos, pois havia os fechado por conta da pressão da bala, vejo o corpo do homem estirado no chão, com o furo da bala no meio da sua testa e aos poucos uma poça de sangue se formando ao seu redor.

Solto um suspiro pesado e desvio meu olhar deles tentando me manter estável, em seguida começo caminhar na direção da porta atrás de mim e olho o relógio que havia em meu pulso, apressando meus passos até aquela enorme porta de ferro. Ponho minha mão sobre a escuta da minha orelha e aperto o botão para ativar. — Alvo no chão, eu tenho que sair pela porta principal. — Digo ainda correndo na mesma direção.

OPERAÇÃO DUPLA - Vinnie Hacker Onde histórias criam vida. Descubra agora