12.

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EMMA HALLE

Mesmo me sentindo repleta de energia, sentindo aqueles braços fortes ao redor da minha cintura na noite passada, sentindo meu corpo se aquecer aos poucos.. ao sentir seu calor se misturar com o meu, mesmo sentindo sua respiração pesar em meu pescoço até finalmente relaxar naquela cama macia, eu me negava a abrir meus olhos, pois eu sabia que qualquer movimento que fosse meu, o afastaria de mim e faria aquele sentimento de vazio se instalar novamente em meu peito, ou até mesmo em minha mente. Confesso para mim mesma, que eu ainda sentia medo de ficar sozinha em todas aquelas noites sombrias, pois eu sabia que aquele sonho e tudo aquilo voltaria sem dó e piedade, fazendo-me não conseguir dormir. Tudo voltaria a tona e eu mudaria com todos a minha volta, por um "simples trauma da minha adolescência". E foi por isso que eu não o afastei ou pedi para ele se afastar de mim essa noite, ou voltei para aquele colchão gelado, que havia no chão ao lado da cama.

Sinto ele retirar seu braço por debaixo da minha cintura, lentamente, como se não quisesse me acordar de jeito nenhum e por pelo menos alguns segundos pude pensar que ele até se importava com isso, mas em segundos, minha mente anulou todas aquelas "boas intenções" sobre ele, voltando para a estaca zero dos meus pensamentos. Continuo estável, até ouvir a porta do quarto sendo aberta e logo em seguida, sendo fechada bem devagar. Me remexo depois que puder ver, que realmente, ele havia saído do quarto e logo em seguida me viro para o outro lado, ainda deitada sobre aquela macia cama, abro meus olhos e vejo que haviam algumas gotas de água, supostamente da chuva da noite passada, deslizando pelo vidro e chegando até o final da janela.

Sento sobre a cama e apoio minhas mãos sobre a cama macia, notando que havia dormido toda noite e não havia acordado em mais um susto, o que me surpreendeu por segundos. Eu até conseguia dormir de noite, mas quando acordava, tudo vinha a tona, sem contar com os sustos e surtos repentinos logo de manhã e aquelas imagens borradas, como um flashback na minha cabeça, vagavam todo o resto daquele terrível dia. Ponho meus pés para fora da cama e logo calço uma pantufa que Hacker havia me emprestado ontem a noite, sinto minha perna dar umas leves puxadas por conta dos pontos e lembro nitidamente do tiro que havia levado ontem.

Suspiro pesado e logo me apoio sobre a parede do local começando a andar na direção do banheiro do quarto, apoio minha mão sobre a lateral da minha coxa direita tentando não fazer muitos movimentos para diminuir o inchaço e diminuir um pouco da dor que havia e latejava sobre a parte traseira da minha perna direita. Ao chegar no banheiro, eu logo me apoio sobre a pia e encosto a porta, logo após começo a retirar minha roupa bem devagar e me olho no espelho, vendo algumas das minhas cicatrizes da barriga e da cintura.

Podem não ser lindas, mas tem histórias que contam meu passado.

Encaro elas por mais alguns segundos e não retiro minhas peças íntimas que eram da cor vermelha, de renda, pois se algo acontecesse comigo no meio do banho, caso precisasse da ajuda de Hacker, ele não me veria totalmente nua e despida, e era melhor assim, pois eu ainda tinha insegurança com meu corpo e ficaria me achando uma ridícula por fazê-lo achar que eu quero transar com ele, por apenas ele ser um "corpo bonito" pois eu sei muito bem que ele não é.

(...)

Depois de conseguir tomar meu banho, bem demorado e conseguir refazer uma bela parte da atadura da minha perna direita, eu terminei de me vestir e pentear meu cabelo, o amarrando em um rabo de cavalo bem apertado, para impedir boa parte do meu cabelo ficar atrapalhando minha visão no resto do dia. Eu estava caminhando, lentamente, pelo corredor da casa, justamente indo em direção a escada para o andar debaixo. E ao me aproximar mais um pouco do pé da escada, eu observo a mesma até o final, ainda tentando criar coragem para descer ela sem ajuda alguma, só de Deus mesmo.

OPERAÇÃO DUPLA - Vinnie Hacker Onde histórias criam vida. Descubra agora