FINALISTA WATTYS 2022 e 2023
Como seria acordar e não estar mais em seu próprio corpo e ainda por cima, tendo a certeza de que nunca poderá voltar?
Carina Acco sentiu a sua vida se esvair, no entanto, ela ainda estava viva, mesmo que o seu coração j...
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Quando saí em busca da garagem, descobri que a casa era mesmo muito grande. Me perdi em uma varanda que dava para uma vista incrível, porém, eu não tinha tempo para aproveitar, eu tinha que seguir para o Bonatto.
No entanto, foi no instante em que cheguei realmente à garagem, que eu perdi o ar.
Eu não teria somente que dirigir, mas também teria que escolher entre um Porsche, uma BMW e uma Ferrari.
Se eu batesse algum daqueles carros, eu teria um prejuízo enorme. Eu jogaria no lixo uma grana que daria para alimentar parte de Bangladesh.
Entrei no carro e percebi que não estava com a chave. Resolvi dirigir o Porsche, sem saber por qual razão.
Eu não fazia a menor ideia de qual deles era menos complicado.
Voltei ao meu quarto e encontrei a chave dentro do guarda-roupa. Retornei para a garagem e desativei o alarme, entrando no automóvel com as mãos frias. Coloquei a chave na ignição e apertei um controle que estava dentro do carro; o que eu acreditei que faria abrir a porta da garagem.
Pelo menos uma vez naquele dia eu acertei, pois a porta se abriu no mesmo instante.
Fitei a rua e vi que estava bastante movimentada. Fiquei apreensivo e encarei o retrovisor, para saber que estragos eu poderia causar, caso eu engatasse a ré por engano.
Nada mais que uns vasos milionários, que enfeitavam a garagem.
Ou seja, quase nada, não é?
Dei a partida e senti que estava suando frio. Logo que arranquei o carro, ele saiu cantando pneus e dando uns solavancos. E a cada instante, eu ficava ainda mais nervoso. Contudo, quanto mais eu tentava melhorar, pior eu dirigia pelas ruas e isso fazia com que as pessoas buzinassem e me xingassem bastante no trânsito.
Tentei me concentrar, colocando uma música para tocar, porém, nada fazia esvair a tensão que crescia dentro de mim. Eu simplesmente não sabia dirigir, e não sabia como eu lidaria com aquela situação, todos os dias dali para frente.
Somente naquele instante foi que eu percebi que ainda não havia programado o GPS para me levar até o Bonatto. Todavia, quando resolvi acionar o aparelho, quase bati no carro que trafegava à minha frente.
Aquilo estava sendo um sufoco!
Eu já havia tido a chance para uma segunda vida, mas não queria a chance para uma terceira.
E foi com muita loucura, que cheguei a um prédio todo espelhado, localizado em Copacabana, onde indicava com grandes letras azuis “Bonatto Produções”.
Eu estava no lugar certo, mas ao adentrar no estacionamento, quase acreditei que carregaria as lixeiras e as placas sinalizadoras comigo. Porém, por fim consegui estacionar, bem torto, mas consegui.
