A palpitação que tomava conta do meu corpo era louca e parecia que iria me matar.
Tudo me aparentava impossível naquele dia, mas a única coisa que eu não esperava ouvir, era que eu havia morrido.
Afinal, os meus sentidos estavam bem vivos. No entanto, pelo que eu acabava de saber, o meu coração devia ter parado horas antes.
Era impossível tudo aquilo, mas sem saber o que era loucura ou não, decidi que se não saísse correndo dali naquele instante, poderia encontrar o corpo em que eu havia nascido, morto e enterrado.
Todavia, eu não sabia como poderia voltar para a minha vida de verdade, sem nem saber como aquilo havia acontecido ―, se é que realmente estava acontecendo.
Porém, a única maneira que eu tinha de saber pelo ao menos se era verdade, era buscando o corpo de Carina Acco, ou melhor, o meu verdadeiro corpo.
Soltei um grunhido desesperado ao pular da cama, pois ao pensar mais detalhadamente, aquela era uma situação que arrancaria a sanidade até dos mais sensatos, quanto mais de mim, que já havia sofrido vários abalos sísmicos para um dia só.
Saí correndo em passos trôpegos pelos corredores do hospital, deixando pessoas para trás e principalmente a enfermeira que havia me informado da minha suposta “morte”.
E enquanto eu fugia como um biruta do manicômio, eu reneguei a chance para outra vida, que em outrora eu tanto desejei. Eu só queria reencontrar o meu corpo e conseguir voltar a ele, para seguir em frente, com uma lição inesquecível para todos os outros problemas que eu já tivera.
Era fato que eu não me identificava comigo da maneira que eu havia nascido, mas como eu poderia ser feliz vivendo a vida de uma outra pessoa?
Escancarei a porta da clínica e saí, sentindo que teria uma síncope ao me imaginar debaixo da terra, mesmo que fosse só o meu corpo.
Tentei andar mais rápido, temendo que me parassem em minha fuga. No entanto, o meu corpo pesava mais que o normal e era difícil caminhar.
Contei com a sorte, me embrenhando pelas ruas, tentando adivinhar o que estava acontecendo naquela situação mais que anormal.
Tentei controlar os meus instintos loucos e amedrontados de chorar e gritar. Eu já estava passando por uma situação muito estranha, seria ainda mais inimaginável, ter que explicar aquilo para alguém.
O barulho dos carros parecia me ensurdecer, mesmo sendo madrugada e não tendo quase ninguém a trafegar pelas ruas.
Contudo, eu sabia que se não me apressasse, logo amanheceria e qualquer um poderia me parar em meu trajeto.
Comecei a atravessar as ruas com agilidade, todavia, eu não tinha muita cautela, pois não conseguia prestar atenção no trânsito.
Porém, eu não sabia o que seria mais desastroso: morrer ali ou ficar assim para sempre.
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Verdade Invisível - A Chance Para Uma Nova Vida - (Finalista Wattys 2023)
ParanormaleFINALISTA WATTYS 2022 e 2023 Como seria acordar e não estar mais em seu próprio corpo e ainda por cima, tendo a certeza de que nunca poderá voltar? Carina Acco sentiu a sua vida se esvair, no entanto, ela ainda estava viva, mesmo que o seu coração j...