Em minha memória era noite.
Noite fria e que guardava certa animação para as pessoas da minha cidade. Aquele era um sábado festivo em Realejo, e toda a pequena cidade, parava para receber visitantes de várias localidades e até mesmo, de outros países.
Naquele dia, enquanto os moradores de Realejo enfeitavam as ruas e as casas, as pessoas pareciam belas e felizes.
Era um evento do qual eu me lembrava muito bem, pois durante muitos anos, aquele dia de novembro fora o que mais encantara a minha vida… mas não neste ano.
O evento recuperava em forma de teatro e festa, os antepassados e eras antigas. Muitos acreditavam em velhas lendas, que envolviam os fundadores de nossa pequena cidade de Realejo. Coisas míticas e obscuras eram contadas todos os dias aos turistas, crianças e pessoas que por ali passavam, e aquele festival, só apregoava ainda mais tudo aquilo.
Muitas pessoas iam até a floresta que cercava Realejo e tentavam desvendar tudo que as lendas diziam que ali acontecera, há muitos séculos atrás. Ali, nas clareiras, em meio às árvores, as lendas contavam que aconteceram pactos, que marcaram almas para sempre.
Era tudo mito, mas a crença resistia, sendo perpassada de geração em geração. Algumas pessoas acreditavam em livros e registros, que marcavam toda a veracidade dos fatos. No entanto, nenhum objeto que realmente comprovasse tudo aquilo, havia sido encontrado ou resistido ao tempo, para que os viventes desta era, pudessem comprovar.
Tudo era realmente instigante e misterioso, porém, naquele sábado, eu e Fernanda havíamos abandonado de vez as especulações de nossa infância, de onde buscávamos entender todas aquelas lendas, e até sonhávamos que um dia, encontraríamos ― nós duas ―, as provas de que tudo era verdade.
Era passado sonhar com aquele mito. Havíamos crescido e muitas das coisas simples como aquela, haviam ficado para trás, junto com a nossa infância.
Naquele dia nem mesmo a festa nós queríamos aproveitar. Não tínhamos mais ânimo nem de encontrar as pessoas de outras localidades, passeando por nossa cidade. Tudo estava diferente. Não havia clima para festa. Fernanda estava triste, e eu, em crise existencial.
Eu tentava ignorar os meus problemas e ajudar Fernanda, mas nada do que eu fizesse, parecia conseguir animá-la. Ela estava real e profundamente triste, e de alguma forma, parecia que a minha amiga previa… a minha morte.
Era um dia claramente infeliz para nós duas. Fernanda parecia preocupada, mas disfarçava as lágrimas com outro problema: as decepções amorosas.
Eu tentara de todas as formas animar Fernanda, mas algo puxava até mesmo a mim, da calmaria.
Caminhamos juntas pelas ruas da cidade, eu e Fernanda, lado a lado. Observamos um pouco sobre os turistas, pois aquele era um rito de vida, que parecia que nunca abandonaríamos, mesmo que já demonstrássemos desinteresse completo.
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Verdade Invisível - A Chance Para Uma Nova Vida - (Finalista Wattys 2023)
ParanormalFINALISTA WATTYS 2022 e 2023 Como seria acordar e não estar mais em seu próprio corpo e ainda por cima, tendo a certeza de que nunca poderá voltar? Carina Acco sentiu a sua vida se esvair, no entanto, ela ainda estava viva, mesmo que o seu coração j...