Capítulo 15

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Eu caminhei com Fernanda até um local aonde a gente ia muito, quando eu ainda era Carina Acco

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Eu caminhei com Fernanda até um local aonde a gente ia muito, quando eu ainda era Carina Acco. Era de costume nos sentarmos perto do canal e vermos o dia nascer, ou o sol se pôr.

E foi somente naquele momento de um pouco de calmaria, que eu percebi que sentia um pouco de falta da minha antiga vida.

Com a Fernanda as coisas haviam sido fáceis a vida inteira. Nós havíamos crescido juntas e os seus pais haviam me acolhido com carinho e amor. Já na vida como Lucas, tudo era atrapalhado, cheio de pessoas ambiciosas e trapaceiras. E na verdade, eu não sabia como lidar com aquilo tudo.

A Fernanda notou que eu estava chateado, tanto que tocou em meu ombro com o seu, enquanto continuávamos olhando para as águas do canal.

— Por que você está triste? — ela perguntou e então me olhou por um instante. Eu pude sentir que ela confiava em mim e aquilo me fez sorrir mentalmente. ― Você também pode contar comigo!

— Eu só me sinto triste por pessoas como a Cosette aparecerem em minha vida ― eu disse e aquilo era somente um por cento da verdade. ― Parece que a minha vida é toda rodeada por pessoas mesquinhas e interesseiras. E eu não aguento mais isso!

Eu sentia que não aguentaria mesmo encontrar mais um tipinho como Cosette, Manoela ou Bianca. Então eu resolvi que antes de ir embora, iria voltar à rua da vidência, para ver se conseguia me lembrar de mais alguma coisa e até mesmo, desvendar mais algum detalhe.

Aquela situação não poderia ser natural.

— Foi por isso que saiu bêbado por aquela estrada? ― ela perguntou, mas não havia rancor ou julgamento em sua voz.

Era simplesmente a Fernanda, com a sua doçura e preocupação de sempre.

— Provavelmente ― eu respondi e percebi logo após, como aquilo havia soado estranho. E como ainda soaria muitas outras vezes, sendo que eu estava como intruso na vida de Lucas Barcellos. Fernanda me olhou de um jeito engraçado e eu sabia que ela estava medindo as minhas palavras. ― Eu estava perdido, então nem sei mais qual foi o motivo exato ― completei, pensando mais como Carina Acco, do que como qualquer pessoa encenada.

— A Carina também parecia tão perdida ― ela disse e instintivamente abraçou os joelhos, como se sentisse frio. ― Ela estava tão fechada, que eu nem a reconheci mais naquele último dia. Eu fico pensando que se ela tivesse me dito o motivo que tanto a machucava, eu poderia ter ajudado em seja lá o que a atormentava… ― Fernanda me despejou um olhar lânguido e eu desejei abraçá-la e sussurrar que eu estava bem ali, que eu era Carina Acco, por mais que as aparências dissessem que não. ― Mas ela se foi e o triste é ver que nunca vou saber o que ela estava sentindo exatamente. ― Os olhos de Fernanda estavam marejados e eu percebi que ela sentia a minha falta, assim como eu sentia a dela. ― Eu deveria ter alertado ela. Naquele dia eu sonhei com algo muito estranho, mas também nem ao menos disse para ela. Eu nem a alertei do perigo! ― Fernanda apoiou o queixo no joelho e se fixou nas águas calmas do canal. ― Naquele dia eu também quebrei o código que dizia que sempre deveríamos contar tudo uma para a outra.

Verdade Invisível - A Chance Para Uma Nova Vida - (Finalista Wattys 2023)Onde histórias criam vida. Descubra agora