∞ Uma Narrativa de Fernanda ∞
De volta ao Caribe, eu corri. Mesmo sentindo tontura, eu corri em direção à praia. E durante o trajeto, eu não notei ninguém, nem mesmo a silhueta daquela moça morena que havia me mostrado que o meu livro ― o meu tesouro de infância ― era a saída.
Aquela preciosidade em minhas mãos era a salvação para o Lucas!
Senti vontade de vomitar, de tão nervosa que eu estava. Contudo, o tempo era escasso. O Lucas não podia esperar. Eu não podia esperar, enquanto o meu amado estava na mão daquelas pessoas insanas.
Cheguei meio zonza à praia. Era quase noite, mas não havia muito sinal de pessoas por ali. Parei em certo ponto e olhei para o mar e para a vastidão de areia aos meus lados. Eu não sabia o que fazer, mas resolvi que gritar era a melhor opção.
De qualquer modo, eu me sentia como se tivesse um milhão de olhos me observando.
― Eu cheguei! ― eu berrei com toda a minha alma.
Eu queria que o Lucas me escutasse, para saber que eu estava ali, somente para salvá-lo.
Senti um frio me tocar e alguém roçar as minhas costas. Logo não era mais eu e o oceano. Rapidamente eu me vi cercada por duas garotas. Uma delas era a Bianca. A outra era a garota que havia me dado indicações de que o livro era a salvação.
Percebi então que ela não estava ao meu lado no jogo.
Notei então que eu havia caído em uma cilada.
E agora não tinha mais como fugir, pois a armadilha havia me prendido. Agora eu estava cercada por todos os lados e aqueles olhares que me olhavam, iam de uma satisfação pecadora e chegavam até mesmo a um brilho de maldade, que quase me cegava.
― Que bom que chegou! ― Bianca disse e então me acariciou de maneira malévola, nas têmporas. ― E obrigada por trazer o nosso tesouro. ― Ela arrancou o livro das minhas mãos, quase levando os meus dedos junto. ― Porém, temos a triste notícia de que não poderemos lhe devolver o Lucas. ― O seu olhar era cruel e eu tive vontade de vomitar e chorar, tudo ao mesmo tempo. ― Ele já nos pertence!
Pensei em gritar, lutar ou até mesmo correr, mas quando dei por mim, a garota gatuna e morena, já havia me enrodilhado e agora me tampava o nariz com um pano.
Foi só eu inspirar aquele cheio forte e ácido, que eu percebi que estava perdida.
A minha mente não aceitava mais os meus comandos. Ela estava se desvencilhando do meu corpo e eu, com certeza desmaiaria.
Caí no chão em um baque surdo.
Acordei assustada. Tudo parecia um sonho, mas ao tentar me mover e perceber que estava acorrentada, notei que aquela era uma realidade cruel.
Chorei baixinho e ao me virar, percebi que o Diego e a Coraline também estavam ali, aprisionados.
Os seus olhos me fitavam temerosos e assombrados.
Não esperávamos mais um futuro, nem para nós e nem para o Lucas.
Senti o meu estômago dar voltas. Eu não queria vomitar, mas sentia como se o meu ventre tivesse sido batido em um liquidificador.
Olhei para os lados e percebi que estávamos em uma gruta, perto da praia.
Mas de qual praia?
― Eles lhe trouxeram ontem de noite ― falou Coraline. Eu pude ver que ela voltara novamente à sua versão frágil e carinhosa. ― Estávamos preocupados com você, mas não tínhamos como lhe alcançar.
A minha amiga mostrou os próprios pulsos feridos e algemados.
― Eles nos matarão! ― eu disse, quase em um grito de medo.
― Muito pior ― Diego falou e então abaixou a cabeça. ― Eles nos deixaram aqui para morrer de fome, frio e sede.
Foi naquele momento que eu percebi que eles não tinham interesse com o que aconteceria com nós. O único interesse daquela seita macabra era em Lucas e no manuscrito.
Naquela hora eu daria tudo para ter lido uma pontinha que fosse daquele livro, pois eu sentia que o seu conteúdo explicaria tudo.
Tudo o que eu não conseguia entender e que me angustiava por dentro.
Tudo que de alguma forma, ligava o meu Lucas àquele lado obscuro da vida.
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Verdade Invisível - A Chance Para Uma Nova Vida - (Finalista Wattys 2023)
ParanormalFINALISTA WATTYS 2022 e 2023 Como seria acordar e não estar mais em seu próprio corpo e ainda por cima, tendo a certeza de que nunca poderá voltar? Carina Acco sentiu a sua vida se esvair, no entanto, ela ainda estava viva, mesmo que o seu coração j...