SCARLET (Sol da meia-noite #2)

CAPÍTULO 24

O próximo  é o epílogo.
Já sinto tanta falta desses dois...

NICOLAS

Quando eu acordei, eu sabia que algo estava errado, eu só não sabia a gravidade disso.

Romeu... um traidor.

Laura... se sacrificou em nome de algo bem maior do que ela.

O pavor que eu senti quando lembro da Scarlet me contando como tudo aconteceu, o medo de perceber que eu podia ter perdido a minha companheira, minha filha, minha família por uma alucinação de um maníaco.

Era isso que o Romeu era. Um maníaco completamente sem noção dos perigosos que o rondavam.

E eu teria minha vingança.

— Você acha que isso é sensato? Você acabou de se recuperar de seja lá qual droga ele deu, e já está pensando em enfrentá-lo? – Scarlet me perguntou enquanto caminhávamos para o campo de treinamento onde teria o embate.

— Nada no mundo me impediria disso. Ele tinha planos de destruir a minha família em nome de poder e matou a mãe da minha filha. Isso não vai ficar impune. O sacrifício da Laura não vai ser em vão.

Eu não amava a Laura, mais tínhamos tido uma história e uma filha juntos. Eu devia a ela pela vida da minha filha, eu devia a ela pela vida da minha companheira.

Quando tiramos a Lua do esconderijo e tivemos que ter a conversa com ela sobre a morte da mãe, eu preferia muito mais cortar o meu braço do que ver a minha filha tão triste como eu vi. A lembrança dos seus olhinhos cheios d'água da minha filha enquanto explicávamos para ela que sua mãe não estava mais aqui, que sua mãe tinha sido uma heroína...

Eu nunca vou esquecer.

Não vou esquecer o pânico que eu senti pelo laço que me ligava a Scarlet. O pânico que ela sentiu ao pensar que eu poderia não acordar, que ela teve que lidar primeiramente sozinha com esse maníaco.

Minha melhor amiga que tinha perdido a irmã. Mesmo que elas não fossem mais próximas, eu vi o quanto a morte da Laura abalou o emocional da Lara. Elas podiam não ser próximas, mas eram irmãs. Tinham história, um passado.

Chego ao campo cercado por outros da alcateia que jogavam olhares odiosos ao Romeu que estava ali no meio, ajoelhado.

A família dele, o pai e a mãe, estavam em prantos em um canto, mas sabiam que não havia que poderia ser feito.

Ele estava condenado. Havia não só tentado contra a alcateia, mas contra o alfa e a família dele.

Não haveria mais volta.

Tudo silenciou assim que eu cheguei com a Scarlet.

Eu dei um aperto final na na mão dela e entro no campo, ficando de frente para o homem ajoelhado a minha frente.

— Era isso que você queria, Romeu? A atenção de todos? Pois bem, você agora tem. Agora todos sabem a pessoa horrível, maquiavélica e mesquinha que você é.

Ele olha para cima, em encarando com ódio com o rosto marcado enquanto continuava ajoelhado com as mãos amarradas.

— Eu só queria o que era meu por direito. Eu devia ter matado todos vocês quando eu tive a chance.

Eu rio com escárnio. Nem em seus últimos momentos ele tenta ter noção das coisas que ele fez. Dos atos hediondos que cometeu.

Talvez ele nunca mude.

Por isso minha decisão é fácil.

Sentindo meus caninos alongarem e minhas garras começarem a crescer, eu deixo que meu lobo venha.

Os ossos começaram a estalar, e meus sentidos se tornam mais apurados e eu me torno mais animal do que homem.

Deixo meu lobo encarar o inimigo. Aquele que quase tirou tudo de nós.

Mesmo com ódio, eu disse a sua família que terminaria isso da forma mais rápida possível. Não queria perder muito meu tempo com ele.

Por isso eu rosno e abro a boca antes de atacar a jugular do homem que apenas dá um pequeno grito antes que eu deixe seu corpo cair com a ferida aberta.

Eu podia sentir seu gosto na minha boca e isso por agora seria o suficiente.

Agora acabou.

DIAS DEPOIS
SCARLET

— Eu achava que eu deixava as coisas animadas, mas parece que você me superou, Scar. – Luna diz na chamada de vídeo.

— Nem fala. Talvez eu seja que a que atraia as confusões? Afinal de contas, eu trouxe você e deu confusão, aí eu me mudei e deu confusão. Talvez seja um sinal para o Nico desistir logo de mim antes que seja tarde. – Eu brinco com ela.

— Agora eu já estou preso a você e você presa a mim, meu amor. – Nico aparece  saindo da cozinha com aquele sorriso dele que faz minhas pernas tremerem e eu ficar com uma vontade idiota de sorrir de volta.

— É ele? Ai meu Deus! Não me mostra ainda porque eu quero chegar amanhã e ter toda a surpresa maravilhosa de ver você e a sua família! – Minha amiga grita e eu sorrio com o final da sua fala.

Minha família.

Uma família que eu construí sem precisar de ninguém.

Que eu conquistei.

Amanhã Luna viria com o Dom e na próxima eu que iria com a minha família visitar meus pais e a alcateia Damásio.

— Eu tenho que ir amiga, terminar de ajeitar as coisas. Então até amanhã! – Ela se despede de volta e termino a ligação.

Nicolas vem em minha direção e se senta ao meu lado no sofá e eu me aconchego nele.

— Você tem certeza que está tudo bem receber eles tão cedo?

Nicolas balança a cabeça concordando.

— Claro, você precisa da sua família e eles estão preocupados com você. Eles tem o direito de te visitar.

— Mas será que a Lara está bem para isso? E a Lua? E outra coisa, vocês também são a minha família.

Ele pega a minha mão e a beija.

— Por sermos sua família também que eu sei que você precisa disso. Eu falei com ela e eu disse que ela podia tirar férias se ela precisar. E a Lua, bem, eu acho que a minha filha precisa de uma distração também. Mas ambas também queriam conhecer seu irmão e sua amiga.

Eu fico emocionada.

Tinham se passado apenas dias desde a traição e morte do Romeu e o enterro da Laura, e desde então, eu e as meninas estávamos mais próximas, mais ligadas.

E eu agradecia desde então pela família nova que eu conquistei.

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