CAPÍTULO 15

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NICOLAS

Foi difícil me separar da Scarlet logo depois que conversamos, mas eu tinha coisas para fazer.

Cuidar da matilha era um trabalho constante e ser pai também. Eu aproveitei para passar umas horas brincando com a minha filha e me distraindo de coisas que eu sabia que eram inevitáveis.

Laura.

Eu sempre pensei que tivesse a amado até conhecer a Scarlet e ter mais sentimentos por ela em dias em uma potência assustadora do que todos os anos em que estive com ela.

Podia ter sido culpa do laço de companheiro, mas eu sabia que era mais complexo e complicado que isso.

Sabia que uma grande parte minha era atraído por ela sem o fato do lobo. Ela era forte, humilde, generosa, engraçada e... apenas ela.

Ela não tentou dar em cima de mim ou tentou ser mesquinha ou mimada sobre sua posição em sua matilha. Desde o início quis aprender e não teve vergonha alguma de demonstrar isso.

Fora que ela era natural com a minha filha. Não para me impressionar, mas porque ela realmente gostava da Lara. Como isso não poderia me impressionar? Me deixar encantado?

— Bem que dizem que quando menos se espera, as coisas acontecem. — Lara diz ao sentar do meu lado enquanto observamos minha filha correr pelo campo.

— Como você se sente em relação a isso? Você é minha beta, mas além disso, você é minha melhor amiga e tia da minha filha.

Ela suspira.

— Eu até tinha notado um clima entre vocês, mas não achei que era desse nível. Eu estou um pouco chocada porque nunca tinha acontecido nada, você mesmo tinha desencanado disso... mas eu fico feliz por vocês dois. Scar precisa de alguém mesmo que ela não reconheça isso, e você precisa de alguém também.

— Eu? Eu sempre consegui ajeitar tudo por aqui.

— Pra matilha sim, mas e a sua vida pessoal? Eu sei que a minha irmã fez um número memorável em você, mas você precisa viver além da Lua. Me preocupava com isso, e é por isso que eu sei que apesar de tudo, a descoberta disso foi boa.

— Pode ser que eu tenha deixado a paternidade e os deveres com a matilha tomarem conta da minha cabeça... mas não sabia que tinha chego a esse nível. E o mais louco é que... eu gosto dela, apesar do vínculo.

Ela me dá um sorriso irônico.

— Isso não é louco, isso é ótimo! E além do mais, Scarlet vai ser uma boa adição a alcateia. As pessoas são curiosas sobre ela, mas também são abertas a conhecê-la e talvez seja isso que ela precise.

Devido perguntar uma coisa que vem me incomodando desde o descobrimento disso tudo.

— Como eu explico isso para a minha filha? Lua era muito pequena quando a Laura foi embora, mas ela sabe que da mãe dela. Eu sei que eu não sou um pai perfeito, mas eu nunca, em hipótese alguma gostaria de machucar o meu bem mais precioso. Não quero que ela se sinta trocada ou não consiga entender.

— A gente explica. Crianças são mais inteligentes do que a gente pensa, e a Lua é uma menina muito perceptiva. Você pode sentar com ela e explicar a verdade e dar tempo para ela assimilar tudo, afinal, se é novo pra vocês, pra ela vai ser mais novo ainda.

Eu balanço a cabeça em concordância.

— Você está certa.

— Agora temos que tocar em outro ponto importante.  — Minha beta muda o tom de voz e eu me preparo já odiando o assunto.

— O que é?

— A minha irmã. Nós temos que falar sobre a possibilidade dela saber disso.

Isso me irrita. Quem diria que todo o carinho que eu já tive por essa mulher, tivesse se transformado em ressentimento? Eu nunca iria conseguir entender o motivo dela abandonar a nossa filha quando ela mais precisava dela.

— Ela não apareceu pela filha mas apareceria por uma mulher que ela nem conhece? Duvido muito, e se por acaso aparecer, falaremos apenas do assunto que nos liga, a nossa filha.

Lara suspira.

— Você sabe que a minha irmã tem os problema dela. Nunca foi racional ou sensata sobre isso... eu só acho que a gente deveria se previnir.

— Você quer que eu pergunte pelas matilhas? Você lembra que a procuramos por muito tempo e não achamos rastro dela. 

Lara da de ombros.

— Pode ser, mas agora vamos sair desse assunto chato e planejar o seu primeiro encontro em séculos.

Eu bufo com sua animação.

Minha melhor amiga era uma boba.

E eu a amava por isso.

**

A noite chegou mais rápido do que eu esperava.

Eu estava nervoso com a percepção que eu teria realmente o meu primeiro encontro em anos.

E dessa vez era com a minha companheira.

O que se fazia nessas horas? O que se dizia?

Eu continuei andando até onde ela estava hospedada com uma cesta recheada na mão.

Queijos, pães, geleias, frutas, vinhos, chocolates.

Tudo o que a Lara pensou ser essencial para um piquenique.

Lara ficou tomando conta da minha filha enquanto eu tirava esse tempo para conhecer a minha companheira.

Minha companheira.

Como era loucura até mesmo pensar nisso, compreender a enormidade disso tudo.

Eu tinha uma companheira.

E ela era além de tudo o que eu já pensei ou imaginei quando me permiti pensar alguma vez nisso.

Nunca pensei que fosse ser realmente verdade até que ela apareceu e me surpreendeu de todas as formas.

E foi como eu disse a ela, iríamos aprender, dia após dias.

E foi com esse pensamento em mente, que eu bati na sua porta.

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SCARLET (Sol da meia-noite #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora