— Luana.
Não era uma pergunta, muito menos uma ordem. Apenas um pedido gentil.
Já estava saindo pelos fundos do restaurante ao ouvir o tom melodioso e suplicante — de certa forma — vindo de Kiara.
Me virei e pude notar suas mãos inquietas, apertando o casaco listrado.
— Você o viu, não foi? Na festa, quero dizer, viu ele.
Uma pergunta retórica e uma afirmação. Do que ela estava falando?
E então, me lembro de Nicholas. De sua risada divertida e da conversa com Henry em seguida. Como ela poderia saber dele?
— Sim, eu vi Henry na festa.
Uma expressão confusa surgiu em seu rosto. Se aproximou, afastando-se cada vez mais de nossos colegas. Seu olhar se suavizou e era como se me dissesse que entendia.
— Não estou falando dele, estou falando de Nicholas. Sabe quem ele é, sei que sabe. — sua voz não passa de um sussurro, mas tenho a sensação de que grita a informação. — Sei que deve ser difícil para você, também é para mim.
Sua mão toca em meu ombro e desce pelo braço, um carinho que diz mais do que posso entender no momento.
Mordo o lábio, até sentir o gosto metálico de sangue. Antigos vícios retornando, nada bom.
Isso só pode ser uma brincadeira, como ela poderia saber?
— Do que está falando, Kiara? Não estou entendendo.
Tiro sua mão de meu braço e me afasto três passos, é o bastante por enquanto.
Um sorriso triste surge em seu rosto, os olhos adquirem um ar melancólico.
Encaro uma colher na bancada, fazendo dela o objeto mais interessante do universo e sinto minha garganta se fechar, como se uma grande pedra estivesse bloqueando o caminho do ar.
Ouço um telefone tocar, o som parece distante, mas percebo que é só mais uma ilusão quando Kiara atende a ligação.
A conversa é rápida e desesperada, as únicas palavras que reconheço são: avó, hospital e estou indo.
— Devo uma explicação para você, Luana. Há coisas que deve saber, merece saber. Realmente merece e vou te explicar tudo.
Guarda o celular na bolsa que nem reparei estar ali, voltando-se para mim.
— E um pedido de desculpas, bem longo. Mas preciso ir agora, nesse minuto. Nos falamos amanhã, certo? Passo na sua casa, sei onde é.
— C-claro...
E então, ela simplesmente vai embora.
Ainda sinto como se aquela pedra estivesse me impedindo de respirar, e eu sufocando aos poucos. Dolorosamente, num processo lento.
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Flor de Liberdade
Romantik"A pessoa a quem mais devo desculpas sou eu mesma, por ter me submetido a situações que eu não merecia passar." Reconquistar é difícil concorda? É extremamente difícil conquistar novamente uma pessoa a quem você magoou e pouco se importou com o qu...