Capítulo 11

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— Luana

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— Luana. 

Não era uma pergunta, muito menos uma ordem. Apenas um pedido gentil. 

Já estava saindo pelos fundos do restaurante ao ouvir o tom melodioso e suplicante — de certa forma — vindo de Kiara. 

Me virei e pude notar suas mãos inquietas, apertando o casaco listrado. 

— Você o viu, não foi? Na festa, quero dizer, viu ele. 

Uma pergunta retórica e uma afirmação. Do que ela estava falando? 

E então, me lembro de Nicholas. De sua risada divertida e da conversa com Henry em seguida. Como ela poderia saber dele?  

— Sim, eu vi Henry na festa. 

Uma expressão confusa surgiu em seu rosto. Se aproximou, afastando-se cada vez mais de nossos colegas. Seu olhar se suavizou e era como se me dissesse que entendia. 

— Não estou falando dele, estou falando de Nicholas. Sabe quem ele é, sei que sabe.  — sua voz não passa de um sussurro, mas tenho a sensação de que grita a informação. — Sei que deve ser difícil para você, também é para mim. 

Sua mão toca em meu ombro e desce pelo braço, um carinho que diz mais do que posso entender no momento. 

Mordo o lábio, até sentir o gosto metálico de sangue. Antigos vícios retornando, nada bom.

Isso só pode ser uma brincadeira, como ela poderia saber? 

— Do que está falando, Kiara? Não estou entendendo. 

Tiro sua mão de meu braço e me afasto três passos, é o bastante por enquanto. 

Um sorriso triste surge em seu rosto, os olhos adquirem um ar melancólico. 

Encaro uma colher na bancada, fazendo dela o objeto mais interessante do universo e sinto minha garganta se fechar, como se uma grande pedra estivesse bloqueando o caminho do ar. 

Ouço um telefone tocar, o som parece distante, mas percebo que é só mais uma ilusão quando Kiara atende a ligação. 

A conversa é rápida e desesperada, as únicas palavras que reconheço são: avó, hospital e estou indo. 

— Devo uma explicação para você, Luana. Há coisas que deve saber, merece saber.  Realmente merece e vou te explicar tudo.

Guarda o celular na bolsa que nem reparei estar ali, voltando-se para mim. 

— E um pedido de desculpas, bem longo. Mas preciso ir agora, nesse minuto. Nos falamos amanhã, certo? Passo na sua casa, sei onde é. 

— C-claro...

E então, ela simplesmente vai embora. 

Ainda sinto como se aquela pedra estivesse me impedindo de respirar, e eu sufocando aos poucos. Dolorosamente, num processo lento. 

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