Kɪᴀʀᴀ
— Deixe de ser um covarde, garoto. Você tem que reagir. Ser um homem de verdade!
Isso era comum em casa. Quase como uma rotina. Meu pai chegava do trabalho e se sentia inclinado a nos humilhar, criticar nossas ações e cada mínimo detalhe que não estava como deveria estar.
Passei a noite passada no hospital com minha avó, uma pneumonia que surgiu de uma gripe não tratada. Está melhor agora e implorou para que eu fosse embora e descansasse um pouco.
Minha aparência deve estar péssima. E tenho certeza que não melhora quando adentro a casa e vejo que Leonard irá nos oferecer seus grandiosos e gentis conselhos tão cedo.
Deve estar irritado por causa da empresa e vai descontar no adolescente de 16 anos, que se encontra com o rosto machucado, como se tivesse se envolvido numa briga. E perdido.
Seu olhar brilhava com o ódio que sentia. E sem medir as consequências, empurrou Leonard de maneira bruta.
Esperei a reação, enquanto fechei a porta e me apoiei nela.
Para minha surpresa, um sorriso surge no rosto de meu pai. Uma droga de sorriso orgulhoso. Como se ter um filho violento fosse algum tipo de dádiva.
Não brigara com ele por ter se envolvido numa confusão e sim, por ter perdido. Por não ter conseguido reagir.
— Boa tarde, mãe. Boa tarde, Leonard. — sorri falsamente, observando enquanto me ignoravam.
Tudo bem. Não preciso mesmo da atenção deles.
— Preciso falar com você, irmãozinho.
Me viro e começo a andar em direção ao quarto.
— Ainda não terminei com ele.
Não preciso me virar para saber que uma expressão fria e cruel surge em sua face. A voz já é indicativo o bastante.
Escondo o medo, das consequências e de sua reação. Oculto esses sentimentos ao andar até eles e ficar de frente para aquele homem nojento.
— Podem terminar isso outra hora. É importante, mais do que suas conversas tóxicas.
Pude sentir a mão em meu rosto ao proferir as palavras, o toque apertado no braço, as lágrimas que se seguiriam. Mas não havia nada. Somente silêncio.
Talvez eu finalmente estivesse assustadora o bastante para que ele não ousasse me desafiar.
Segurei a mão de Alexander e o puxei para fora dali.
— Isso terá um preço, Kiara. Como tudo tem um preço.
Quase não dava para ouvir do corredor, mas mesmo assim meu corpo se arrepiou por inteiro. O que ele tiraria de mim dessa vez?
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Flor de Liberdade
Romance"A pessoa a quem mais devo desculpas sou eu mesma, por ter me submetido a situações que eu não merecia passar." Reconquistar é difícil concorda? É extremamente difícil conquistar novamente uma pessoa a quem você magoou e pouco se importou com o qu...