"Talvez ele saiba que ela merece algo melhor."O dia começou bem mais corrido do que eu planejava para o meu primeiro dia em Los Angeles.
Zaylla corria pela sala com um sapato de corrida na mão enquanto falava ao telefone de forma nervosa. Quando apareci no último degrau das escadas, recebi um sorriso animado dela, mesmo que ao se voltar para a pessoa do telefone ela tenha gritado um sonoro foda-se.— Está tudo bem? — perguntei, quando Zaylla aproximou-se do balcão, onde eu preparava um café da manhã improvisado.
— Ah, está. Era o bostinha do meu noivo — ela respondeu, de forma simples, me fazendo engasgar com um pedaço do pão integral de Zaylla que eu acabara de engolir.
— Noivo?
— É, não mencionei? — novamente, ela perguntou como se fosse a coisa mais menos importante do mundo.
— Não, acho que você esqueceu de mencionar para a sua nova inquilina que está NOIVA — falei a última palavra pausadamente e Zaylla riu.
— Me desculpa, mas é que, sei lá — dessa vez ela sentou, com um suspiro cansado, apoiou as mãos no balcão, junto da cabeça.
— Acho que não parece a notícia mais feliz para você — comentei, empurrando a torrada com pasta de avelã que eu havia achado de preparar.
Zaylla a enfiou na boca, não demonstrando tanto interesse naquele assunto, então desisti de falar sobre.
— Então, qual a nossa programação? — tentei um assunto que ela talvez pudesse demonstrar ser melhor, o que funcionou.
Zaylla ergueu a cabeça ainda com a torrada na boca e levantou, me puxando na direção do quarto dela.As roupas de Zaylla estavam jogadas na cama, principalmente depois da minha vigésima troca.
— Isso não é exagero?
Fazia sol naquela manhã e Zaylla estava insistindo que eu usasse um de seus vestidos cumpridos e chiques para um piquenique que ela havia organizado com Daves e o noivo dela.
— Eu nem acho uma boa ideia que eu vá — falei, por fim, enquanto me olhava no espelho.
Arrependi-me na mesma hora de ter dito em voz alta. Zaylla me lançou um olhar fuzilante e voltou a fuçar a sua gaveta de roupa íntima.
— É sim, é ótima. Você vai se enturmar com o Cameron e vai conhecer o melhor parque de L A, além do que, Daves não quer ficar de vela e você faz companhia para ele.
Mesmo que eu ainda não achasse uma boa ideia, parecia a perfeita ideia de piquenique romântico, eu sabia que Zaylla não me deixaria ficar em casa, então pouco menos de meia hora depois eu estava no banco do passageiro ao lado de Zaylla, enquanto ela xingava o trânsito inteiro por estar atrasada.O parque era de fato lindo. Algumas pessoas corriam, outras faziam o mesmo que nós, com lençóis quadriculados estendidos na grama, na sua grande maioria casais ou famílias.
— Esse lugar é ótimo — Zaylla comentou, assim que fechou o bagageiro do carro, tirando a grande cesta que ela havia preparado.
A comida de Zaylla era uma delícia, talvez a melhor comida que já experimentei na vida, que minha mãe não ficasse sabendo.
Ela fez questão de que, ao invés de comprarmos industrializados, ela mesmo fizesse tudo, até os sucos.
— É, é lindo.
Caminhamos juntas onde Daves e Cameron nos esperavam, com o mesmo lençol quadriculado padrão estendido no chão. Daves parecia entediado enquanto Cameron nos olhava de maneira ansiosa enquanto nos aproximávamos.
— Amor — ele exclamou, ficando de pé e depositando um beijo nos lábios de Zaylla.
Daves revirou os olhos durante a cena e eu me limitei a segurar a risada.
— Essa é a Bailey, minha nova colega de casa.
Cumprimentei Cameron com um aperto de mão, que franziu o cenho ao meu olhar.
Talvez ele esperasse uma desabrigada que aceitava qualquer coisa para ter um teto, ou sei lá o que.
— Um prazer te conhecer — falei, antes que tudo pudesse ficar mais constrangedor e ele apenas sorriu em resposta, deixando as coisas bem mais constrangedoras.
— É... bem, eu que fiz tudo — Zaylla tentou consertar o clima, sentando ao lado de Cameron e colocando a grande cesta no centro da roda.
Sentei ao lado de Daves que me cutucou, me lançando uma expressão de desdém, então percebi que ele referia-se daquela maneira a Cameron, que passeava seu olhar pelo parque, como uma espécie de fugitivo.Cameron era um cara sem graça, totalmente o oposto de Zaylla, que sempre era animada e empolgada, mas ao lado dele, ela insistia em ficar quieta. Se não fosse por Daves eu teria ficado um exato peixe fora d'água.
— E vai ser ótimo se tipo, você começar a trabalhar com a gente, gata — ele comentou, enquanto esfregava uma faca contra a torrada, tentando espalhar a geleia, que a propósito, Zaylla também a havia feito.
— Vai, bem, espero que eu seja contratada.
Tirei a torrada e a faca da mão de Daves, fazendo aquela tarefa por ele, que sorriu em agradecimento podendo finalmente comer.
— Trabalhar com vocês? — Cameron perguntou, intrometendo-se na conversa.
Daves apenas balançou a cabeça, concordando, não se dando o trabalho de responder.
— Pretendo. Se eu for contratada — respondi, pigarreando.
— Boa sorte — Cameron respondeu, com um meio sorriso desdenhoso.
Eu não tinha entendido qual era o problema daquele cara adulto que se comportava como uma criancinha comigo, mas eu quis dar uns tapas nele até ele aprender a respeitar uma desconhecida.
Pela expressão de Daves, imaginei que ele quisesse o mesmo.Perto do meio dia, Cameron resolveu que estava na hora de ir e então chamou Zaylla para almoçar no restaurante da família dele. Claro que ele era rico, aquele ego todo tinha que vir de algum lugar.
Zaylla convidou Daves e eu, mas recusamos. Eu havia comido demais durante toda a manhã, assim como Daves e claro, eu não suportaria passar mais uma refeição do meu dia tendo que lidar com o noivo de Zaylla.
— Nos vemos mais tarde? — Zaylla perguntou, sendo descaradamente arrastada por Cameron, que a puxava pela mão.
— Claro, não se preocupe — falei, calmamente, enquanto Daves entrelaçava nossos braços, sem sequer desviar o olhar irônico de Cameron.
— Eu cuido do nosso chaveirinho hétero — Daves falou, em um tom de voz alto, o que não passou despercebido por nenhum de nós.
Não podia ser. Cameron estava com ciúmes?
Zaylla riu sem graça e saiu, ainda sendo praticamente puxada pelo noivo dela. Quando estavam longe o bastante, Daves bufou.
— Eu não suporto esse cara — ele desabafou, enquanto caminhávamos para o lado oposto do parque.
— Ele está com ciúmes de Zaylla e eu?
— O que você acha? Bem, não que você esconda muito bem, mas não está claro a sua sexualidade aqui e Cameron acha que todo mundo quer roubar a Zaylla dele.
— Talvez porque ele saiba que ela merece algo melhor — comentei, por fim.
Daves concordou e logo o assunto foi dissolvido numa avalanche de moda. Daves me carregou para o shopping e me obrigou a entrar nas lojas favoritas dele.— Você precisa levar esse — meu novo amigo exclamou, assim que saí do provador.
Ele havia me obrigado a experimentar um vestido vermelho, na altura das coxas. Ele era colado e tinha mangas bufantes. Estava lindo em mim, mas eu não conseguia imaginar uma ocasião para usá-lo.
— Para onde eu iria com ele?
Olhei-me no espelho, vendo mais uma vez que eu estava realmente gostosa naquele vestido.
— Lugares para ir com esse vestido é que não faltam em L A. Você precisa levá-lo. Um presente meu — ele falou rápido, ao me ver abrindo a boca e cortando totalmente o meu argumento de que não tinha dinheiro para comprar.
Com toda a insistência, Daves ainda assim fez questão de pagar pelo vestido e então saímos de mais uma loja com duas sacolas, ele também havia comprado peças de roupa que, sinceramente, eu nem tinha certeza se caberiam no guarda-roupas dele.Quando o sol se pôs, Daves me levou para casa logo depois de comermos num restaurante de frutos do mar e eu ter quase uma eclosão de tanto rir. Provavelmente aquele era o principal motivo que levavam Daves e Zaylla a serem melhores amigos, eles era as pessoas mais divertidas que eu conhecia.
— Tchau baby, até mais — Daves despediu-se de mim, ainda dentro do uber.
Acenei e vi o carro partir. Antes que eu pudesse entrar no prédio, o carro de Zaylla parou na frente da calçada e uma Zaylla furiosa desceu dele. Ela bateu a porta do carro e caminhou pisando fundo até onde eu estava.
— Ei, o que aconteceu? — perguntei, assim que quase passou por mim, como um furacão.
Zaylla respirou fundo e me abraçou, caindo em lágrimas, então não perguntei mais nada, apenas a abracei de volta.
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𝐀 𝐇𝐞𝐫𝐝𝐞𝐢𝐫𝐚 - sofia carson
FanfictionBailey Mazon, uma garota de 21 anos que decide refazer a sua vida na cidade grande. Como primeiro emprego, ela acaba trabalhando de assistente para Holand Leroy, um empresário bem sucedido. Talvez, só talvez, o destino possa os ter juntado por algu...