𝕻𝖗𝖎𝖒𝖊𝖎𝖗𝖔 𝕮𝖆𝖕𝖎́𝖙𝖚𝖑𝖔

102 9 1
                                    

Às vezes mudanças são necessárias

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Às vezes mudanças são necessárias. São necessárias para nosso crescimento pessoal. A sensação de liberdade e a criação de maturidade andam lado a lado e para que elas surjam é preciso uma total fuga da nossa zona de conforto.

Home - Gabriella Aplin

Foi o que eu fiz. Eu nasci no Texas e fui criada pela minha mãe em uma pequena casa no centro. Jamais conheci o meu pai e nunca desejei fazer isso, apesar da minha mãe pensar o contrário, principalmente quando resolvi me mudar para Los Angeles, a cidade dos sonhos.
Quando fiz quatro anos, minha mãe conheceu Edgar, um fazendeiro local. Eles se apaixonaram e o resto você pode imaginar. Fomos morar com ele e logo ganhei dois irmãozinhos, Sally, que agora tinha 14 anos e Patch, de 17.

Depois que finalmente tomei a decisão de sair do Texas, claro que, depois de conseguir um emprego para conseguir pagar os meus gastos, meus irmãos quiseram me acompanhar, mas mamãe os proibiu até terem idade o suficiente e, claro, levassem ela junto. Obviamente a ideia de ter uma filha solta em Los Angeles sem conhecer quase ninguém, eu iria dividir o apartamento com uma colega de quarto -o que também assustou a minha mãe- era quase inaceitável, mas quando assumi meus próprios gastos, ela ficou maleável e quando finalmente a data chegou, ela apenas aceitou.

Meu voo foi longo e cansativo, assim como o trajeto de uber até o apartamento onde eu moraria, tecnicamente. Eu não planejava passar todo o resto da minha vida dividindo o aluguel, é claro, eu tinha planos ambiciosos, mas por agora era tudo o que eu podia pagar.
O apartamento ficava num prédio próximo ao centro, não era das estruturas mais luxuosas, mas parecia bem aconchegante. Quando o porteiro finalmente me deixou entrar, depois de se certificar de que eu não entraria para roubar, subi os três lances de escadas, já que o elevador estava em manutenção, e parei na porta do apartamento 115. Ergui a mão, depois de alguns segundos estacionada ali e antes que eu pudesse bater, a porta abriu.
— Oi! Entra, vem, fica à vontade, a casa é sua, afinal — a mulher que abriu a porta falou, de forma animada, me permitindo entrar.
O apartamento era espaçoso e também não tinha muitos móveis para ocupar o espaço, ainda assim, era bem confortável. Tinha um cheiro forte e incenso de canela.
— Espero que não te incomode, bem... eu gosto, sabe? Para limpar a casa — ela disse, referindo-se ao incenso; com certeza ela havia notado que eu fungava.
— Ah, tudo bem, eu também gosto — menti, eu jamais havia acendido um daqueles na vida.
— Sou a Zaylla, a propósito, conversamos pelo programa de intercâmbio — ela estendeu a mão e eu apertei, a cumprimentado.
Bem, sim, eu havia conhecido Zaylla num programa de intercâmbio, que era o que eu pretendia inicialmente. Zaylla me apresentou a proposta de dividir o apartamento e de me indicar no lugar onde ela trabalhava, o que, sinceramente, parecia bem melhor.
— Sou a Bailey — falei, logo depois de soltar a mão de Zaylla.
Ela sorriu e com pressa andou até a cozinha, abaixando-se.
— Estou com uma torta no forno, para tentar te receber bem, sabe? — ela justificou-se, me fazendo rir.
— Não precisava se preocupar.
Zaylla revirou os olhos de forma divertida em resposta.
— Vá guardar as suas coisas e desça aqui — ela pediu e eu o fiz.
Com um pouco de dificuldade, carreguei a minha mala até o andar de cima, onde ficavam os quartos. Zaylla havia arrumado o meu para ser o que tinha varanda, mesmo com todas as minhas objeções, apesar de no fundo, eu querer mesmo aquilo.
Ele era maior e tinha um banheiro, eu gostava da minha privacidade. O quarto também estava cheirando a canela, assim como todo o resto da casa, mas não me importei. Coloquei a caixa de papelão com meus pertences em cima da cama e coloquei a mala no canto, juntando coragem para desfazê-la. Ótimo, agora ali era o meu novo lar.

Zaylla era uma pessoa extremamente divertida e com poucas horas de conversa havíamos acabado com a torta e duas garrafas de suco de uva integral enquanto nos conhecíamos melhor. Ela e eu tínhamos tantas coisas em comum que chegava a ser minimamente assustador.
— Tá bom, agora me fala o que deu na sua cabecinha para te fazer vir parar em Los Angeles — ela perguntou, de repente, enquanto levava nossos pratos sujos até a pia.
Eu a acompanhei.
— Liberdade, sabe? Bem, Los Angeles não foi a minha primeira opção, mas era a mais barata — respondi, enquanto sentava no banco que ficava atrás do balcão, observando Zaylla lavar os pratos, já que ela não me deixou fazer ainda.
— Claro. Bem, eu nasci aqui, mas foi um desafio sair da casa dos meus pais.
Zaylla era filha única, então, para ela foi com certeza mais difícil sair de perto dos pais. A mãe de Zaylla sofria de transtorno bipolar e privava a filha de viver a própria vida. Foi com a ajuda do pai que Zaylla conseguiu finalmente dar um salto para viver sozinha e fazer o que tinha vontade de fazer.
— Deve ter sido bem desafiador — falei, enquanto a minha nova colega de quarto virava-se para mim.
Ela acenou, cruzando os braços. Antes que pudéssemos engatar outro assunto, o que estávamos fazendo por horas e com facilidade, o telefone de Zaylla tocou e ela o atendeu.
— Oi? ... Claro, pode vir... Sim, ela já está aqui... Não seja bobo, venha ver pessoalmente — e desligou.
Obviamente ela estava falando sobre mim, então ao ver minha expressão, Zaylla riu.
— Era Daves, o meu melhor amigo. Ele está curioso para te conhecer. Quase me massacrou quando contei que você viria morar comigo — ela contou, enquanto ria, colocando o celular de lado.

Eu não me sentia exatamente confortável com a ideia de ter um homem perambulando pela nossa casa enquanto não estávamos, como Zaylla dizia que era comum entre ela e Daves, mas também não queria mudar muito sobre a rotina de Zaylla.
Foi só então quando Daves chegou que eu entendi o porque não era nada incomum e nem desconfortável.
— Meu bem, eu tive que vir correndo já que a minha melhor amiga não teve a decência de me falar pelo telefone o quão gata você é — ele disse, assim que entrou no apartamento.
Sorri com uma pontada de vergonha e Zaylla fez uma careta desengonçada atrás de Daves, me fazendo rir.
— Obrigada, quero dizer, você que é um gato — eu falei e quem riu dessa vez foi Daves.
— Fico feliz por você não ter colocado uma cretina dentro da sua casa — Daves falou, dessa vez para Zaylla e ela concordou.
Logo nós três já estávamos completamente enturmados, mas não tinha outro jeito para estarmos já que Daves nos obrigou a assistir doze episódios de desfiles da Victoria Secret 's enquanto prometemos que iríamos juntos a qualquer um daqueles.

— Agora o senhor Daves vai para a sua casinha porque as donzelas aqui tem que dormir cedo — Zaylla disse, finalmente, depois de horas sentados no sofá.
Já havia escurecido e provavelmente passava das onze da noite.
— Tudo bem, mas volto logo cedinho para levar as lindas à um tour por L A — Daves decretou.
O acompanhamos até a saída e ele despediu-se com um beijinho em cada lado do nosso rosto.
— Temos compromisso amanhã? — perguntei finalmente, enquanto levamos as inúmeras embalagens de comida congelada que havíamos consumido durante o dia para o lixo.
— Claro que temos, somos três adultos quase responsáveis sozinhos em Los Angeles, não vamos ficar aqui. Além do mais, segunda feira vou te levar até a Leroy Company para uma entrevista.
Morar e trabalhar junto com Zaylla não parecia a pior ideia, já que ela era a minha primeira amiga em Los Angeles e era uma pessoa totalmente incrível. Zaylla era quase a personificação da liberdade e era isso que eu procurava. Tudo estava indo bem demais.

𝐀 𝐇𝐞𝐫𝐝𝐞𝐢𝐫𝐚 - sofia carson Onde histórias criam vida. Descubra agora