XVII. Cruel

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Milão, Lombardia, 25 de Maio de 2021

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Milão, Lombardia, 25 de Maio de 2021

01: 57 a.m

Quando chego ao corredor que combinamos de nos encontrar ainda tenho dificuldade de definir se isso é uma boa ideia ou não. Mas ficar longe de JJ é tão difícil, não sei como lidaria sem tê-lo de maneira alguma, me parece algo errado de tantas maneiras diferentes e eu sinto que se não viesse até aqui agora isso seria perdê-lo para sempre e de um milhão de coisas que sou incapaz de lidar não tê-lo em minha vida parece ser a maior delas.

-Não achei que fosse vir de verdade.

Ouvir a voz dele me surpreende porque de certa forma eu também não o esperava, esperar por horas até me dar conta de que levei um bolo? Receber uma mensagem com uma desculpa qualquer? Mas ter ele em carne e osso nesse corredor em que estamos basicamente sozinhos? Essa não era uma possibilidade que eu realmente acreditei, mas é o que acontece.

-Eu não tinha certeza se deveria vir, toda essa nossa situação é complicada e não acho que estar aqui agora vá facilitar alguma coisa, mas ainda assim estou aqui. -pronuncio me sentindo meio estranha por falar isso em voz alta, porque entender que há um problema é uma coisa admitir em voz alta é algo completamente diferente e saber que a cada vez a questão fica pior é uma sensação bem mais sufocante.

-Eu gosto que tenha vindo. -sinto sinceridade no que ele diz, o que é bom porque acho que é a primeira vez em semanas que ele parece feliz em me ver.

-Acha que há alguma chance de voltarmos ao normal? Eu não gosto de estarmos assim. -digo a ele.

-Eu não sei se quero voltar ao normal Kie. -as palavras dele me acertam em cheio, sei que estou prestes a desabar porque a expressão dele ganha um quê de pena.

-Não quando o normal sou eu voltando a fingir que não...

Estamos entrando num território perigoso novamente, mas não acho que seja certo interromper.

-Fingir o quê? -minha voz quase não sai, e não sei dizer se é porque tenho medo da resposta ou porque agora ele se aproximou e uma de suas mãos foi plantada em meu quadril enquanto a outra está em meu maxilar.

-Fingir que eu não odeio te ver com aquele cara, de fingir que eu não tenho inveja dele por poder fazer todas as coisas que eu queria poder fazer Kie, é cansativo ter que fingir que eu não te quero por todos esses anos, não pode me pedir pra voltar a fazer isso.

-Não pode ser tão cruel assim.

Há uma agonia notável em sua voz e olhar, me sinto a pior pessoa do mundo por isso, nem sei realmente o que dizer depois da confissão dele, especialmente quando penso sobre a última coisa que ele falou.

Basicamente sou cruel por o querer perto de mim.

Não quero ser cruel. Mas também não o quero longe.

𝗖𝗵𝗮𝗼𝘁𝗶𝗰 || 𝗝𝗶𝗮𝗿𝗮 (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora