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No horário marcado eu estava com a moto estacionada em frente ao grande e luxuoso prédio da Lourenço Corp. Usei minha perna para apoiar o veículo e peguei meu celular para ver se havia alguma mensagem. Nada além das chamadas perdidas de Jennifer, que agora eram ignoradas.

As pessoas que saíam do edifício me encaravam com curiosidade, porque eu era o único motoqueiro e não combinava com todo o resto daquela cena empresarial. Sequer tirei meu capacete, afinal não queria ser reconhecido por aqueles que frequentavam a casa noturna ou o bar.

— Você está esperando alguma mensagem? — Mayla perguntou de repente enquanto apoiava sua cabeça em meu ombro.

Recuei rapidamente por causa do susto e ela começou a rir.

Ela soltou seu cabelo para poder colocar o capacete reserva, que na verdade era de Jackie. Estava usando uma calça escura e uma blusa da mesma cor, que tinha gola alta, além de saltos sem qualquer detalhe. Suas roupas de trabalho eram sempre muito mais sóbrias do que as que usava nos finais de semana.

Seu apartamento não mudou nada em uma semana. As caixas ainda eram as mesmas, sequer estavam mais cheias, mas é claro que não fiquei ocupado reparando nisso.

Naquela noite não levei minha mochila, mas nada impediu que eu improvisasse com os panos das nossas próprias roupas. Deitei ao seu lado ofegante e cansado quando terminei. Ela afastou o pano dos seus olhos e inclinou seu rosto para me encarar animada.

— Hambúrguer? — Mayla perguntou e eu sorri.

— Tudo bem.

Sentei na cama para pegar meu celular e pedir hambúrgueres. Ela me encarou por mais alguns segundos e esgueirou-se para deitar sua cabeça em meu colo. Meu olhar se distraiu da tela e eu observei seu cabelo, que caía delicadamente em seu rosto.

— O dia hoje foi cansativo. Beatrice, que é minha nova chefe, me obrigou a fazer quase todas as suas funções complexas — Mayla contou sem abrir os olhos. Franzi o cenho.

— Seu chefe não era o Rodrigo?

— Sim, era, mas Beatrice é a namorada dele e sente ciúme. Por isso decidiu me azucrinar até o dia da minha morte — ela dramatizou e eu torci meus lábios para conter uma risada por causa do seu exagero.

Tentei ser delicado quando afastei seu cabelo do rosto.

— Ela não está sendo muito profissional — comentei e Mayla balançou a cabeça para concordar.

— Mas isso não importa. Logo voltarei ao setor de RH. — Ela abriu os olhos e falou animada. — E você logo será policial.

— Se eu passar nos testes — comentei, voltando minha atenção para a tela do celular.

— Você vai passar. Não pode duvidar. — Mayla segurou meu rosto para que eu olhasse em sua direção e eu sorri.

— Tudo bem, eu vou passar.

— Ótimo. Eu vou tomar um banho. — Ela levantou. — Depois, você toma um também.

Balancei a cabeça para concordar.

Quando saí do banho, desci para buscar os hambúrgueres na portaria, onde o entregador aguardava. Peguei um deles, deixei a embalagem de papel sobre a pequena mesa de jantar e sentei no sofá. Mayla estava em seu quarto e apareceu vestindo apenas uma camisa preta grande e uma calcinha da mesma cor.

Ela encarou o hambúrguer na minha mão, olhou em volta para procurar a sacola e tirou o seu dali também. Então caminhou e sentou em meu colo no sofá, virada em minha direção.

O Segurança da BoateOnde histórias criam vida. Descubra agora