Pensei que nunca mais veria Mayla, mas ali estava ela poucas semanas depois. Abaixei a prancheta quando a vi acenar para mim, aquilo era inesperado. Torci meus lábios em um sorriso quando percebi que ela parecia bem.

Eu vi Mayla muitas vezes naquele período. Ela sempre estava com os mesmos amigos quando chegava e parecia mais feliz a cada dia. É engraçado como nos acostumamos com facilidade com as pessoas que vemos diariamente. Na verdade, talvez eu apenas a estivesse usando como uma distração para tornar meu trabalho um pouco menos torturante.

— Os sites de fofocas já encontraram a garota. Parece que o nome dela é Mayla Diniz — Jackie contou enquanto sentava ao meu lado na bancada para comer um sanduíche.

O nome da Mayla era único, pelo menos na região onde vivíamos. Jackie percebeu meu olhar curioso e sorriu.

— Você a conhece? Ela vai ficar famosa agora.

— Por que as páginas de fofoca estão falando sobre ela?

Jackie estava com seu smartphone em mãos e o inclinou em minha direção para mostrar a imagem. Mayla estava beijando Rodrigo Lourenço, o bilionário, no bar onde eu sempre a via entrar. Um grande beijo.

Mayla... Que péssimas escolhas de homens.

— Está tudo bem, Renan? — Jackie abaixou o celular e perguntou preocupada.

Balancei a cabeça para sair de meus devaneios e assenti.

— Eu duvido que ele apareça namorando com ela. As mulheres nas outras fotos eram mais bonitas — minha irmã comentou. Ela gostava de ler fofocas de famosos.

— Eu discordo. — Dei de ombros.

Jackie arregalou os olhos para me encarar como se tivesse encontrado um pote de ouro.

— Você conhece essa garota, não é? Ela é uma das prostitutas da boate?

— Não. Nem todas as mulheres que conheço trabalham na boate, Jacqueline.

— Então ela frequenta a boate?

— Não.

— É mentira. Você não tem tempo para conhecer mulheres fora da boate. — Jackie cruzou os braços.

— É claro que tenho — menti.

— E por que não arranja uma namorada?

— Eu não quero uma.

Eu gosto de pensar que sou melhor solitário.

Jackie encolheu os ombros e encarou a bancada suja com alguns dos farelos do seu pão.

— Eu gostaria de ter mais alguma mulher aqui. Não posso falar de tudo com você — ela reclamou desanimada.

Eu sabia que Jackie precisava de mais alguém. Eu nunca soube lidar com seus assuntos femininos, apesar de sempre tentar ser compreensivo. Eu não entendia suas cólicas, seus constrangimentos ou suas decepções amorosas, mas não havia espaço para uma namorada na minha vida.

Eu tinha muitos sonhos para realizar sozinho antes de pensar em algum compromisso e não estava disposto a brincar com os sentimentos de ninguém naquele período.

Pouco tempo depois daquele dia, vi Rodrigo e Mayla conversando em frente ao bar. Depois, ela estava sozinha chorando em uma rua escura. Peguei o rádio, chamei alguém para me cobrir por alguns minutos e me aproximei.

Dessa vez eu não tinha chocolates, apenas um chiclete, que retirei do bolso e estendi em sua direção silenciosamente. Quando notou, Mayla riu e inclinou seu rosto para me encarar.

O Segurança da BoateOnde histórias criam vida. Descubra agora