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Jackie não me contou sobre o rapaz que a incomodava na escola. Mesmo depois de tudo, eu ainda sentia que estava falhando como seu protetor. Se eu não estivesse lá para ver, nunca saberia o que ela estava passando.

Apesar de estar triste e envergonhada, minha irmã não parou de rir quando contamos o que Mayla fez. Agora que toda a raiva havia passado, eu também estava rindo daquela situação.

Depois, permiti que Jackie faltasse as aulas até que aquele assunto estivesse resolvido. Na verdade, tive medo de que ela voltasse para a escola e sofresse mais sem contar.

Jacqueline disse que tentou conversar com a diretora a respeito, já que o rapaz era seu filho, mas não foi ouvida e ele não foi sequer punido. Tudo o que recebeu foi a orientação de comprar roupas mais largas. Decidi que Mayla estava certa e que eu deveria procurar outra escola para minha irmã.

Naquela semana percebi que outro problema estava surgindo: eu estava aguardando com ansiedade pelo dia em que veria Mayla novamente. Aquele comportamento não combinava comigo e parecia desesperador.

Eu não era um homem para relacionamentos. Minha vida não tinha espaço para nenhum. Meu foco era conseguir passar nos testes da polícia e criar Jackie.

Enchi meu copo com o uísque barato e bebi rapidamente enquanto tentava pensar em alguma saída para aquela situação.

Concluí que aquilo não passava de desejo sexual, talvez por Mayla ser a única com a qual eu não poderia fazer sexo. Eu não estragaria a melhor influência feminina que Jackie já teve.

Era preciso descontar aquilo em alguém e por isso peguei meu celular e fiz aquela ligação.

— Jennifer falando — ela atendeu.

— O que vai fazer hoje, Jen?

— Eu sabia que você ligaria em algum momento — Jen riu ao falar. — Hoje vou ao pub com meus colegas de trabalho.

Suspirei. Droga, eu precisaria procurar outra pessoa.

— Tudo bem.

— Você pode vir conosco. Eles são muito amigáveis.

Conhecer amigos é algo muito pessoal, normalmente acontece apenas quando um casal já está envolvido o suficiente. Eu não conheceria os amigos de Jen e senti que deveria esclarecer novamente minhas intenções.

— Acho que não é uma boa ideia, Jen. Eu não quero nada além de sexo e hoje, em especial, quero esquecer outra mulher.

Jennifer riu.

— Venha ao pub e eu faço você esquecer dela — ela propôs.

Eu não teria aceitado aquela proposta em situações normais, mas naquele dia estava desesperado o suficiente para concordar.

— Tudo bem.

— Ótimo. Estaremos lá depois das sete. Vou ficar te esperando — foi tudo o que Jennifer disse antes de encerrar a chamada.

O arrependimento por aquela decisão impulsiva surgiu imediatamente. Jennifer não era alguém exatamente atraente para mim, além disso poderia se iludir com facilidade e agora eu conheceria seus amigos.

Mergulhei meu rosto em minhas mãos.

***

Cheguei ao pub às oito. O lugar estava lotado, porque era onde grande parte dos jovens se reuniam. Ambientes cheios sempre me incomodavam.

— Ei, você veio! — Jennifer acenou animada para chamar minha atenção e olhou para o lado antes de sussurrar algo.

Muitas pessoas ocupavam mesas ou conversavam paradas no caminho, por isso era difícil ver seu grupo. O jogo de luzes que alternava entre vermelho e escuro também não ajudava a minha visão.

O Segurança da BoateOnde histórias criam vida. Descubra agora