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Os testes da polícia mudariam minha vida, mas não imaginei que ficaria tão nervoso na véspera. Estudei todo o conteúdo e treinei meu corpo para aguentar mais do que o necessário, mas não conseguia dormir. Minhas mãos estavam tremendo e eu estava enjoado.

Se passasse naquelas provas e conseguisse entrar na polícia, eu poderia ter a vida que desejava. Passaria mais tempo com a Jackie, poderia ter um relacionamento com a Mayla e trabalharia com aquilo que sempre sonhei.

— Vai sair? — Jackie perguntou confusa quando me viu vestindo a jaqueta preta enquanto caminhava em direção à porta.

Eu não queria mostrar para a minha irmã o quanto estava abalado. Assim, ela ficaria nervosa com a possibilidade de falhar, afinal sabia do valor que aquele concurso tinha para mim.

Jackie precisava ser forte e confiante. Eu sempre fazia esforço para ser o seu exemplo nesse aspecto.

Forcei um sorriso antes de inclinar meu corpo em sua direção.

— Minhas férias estão acabando. Eu tenho que aproveitar minhas noites de liberdade — respondi.

Jackie torceu os lábios insatisfeita.

— Lembre que tem prova amanhã de manhã. Não seja irresponsável — ela repreendeu.

Dei uma breve risada e me aproximei dela para apertar suas bochechas.

— Eu sou o responsável aqui, não se preocupe — brinquei. — Eu amo você.

— E eu te amo. Lembre-se do horário, viu?

Balancei a cabeça para concordar enquanto saía, mas assim que fechei a porta atrás de mim meus olhos encheram de lágrimas. O que estava acontecendo?

Eu não conseguia pensar. Eram onze horas da noite e embora devesse estar dormindo, estava tocando a campainha do apartamento dela.

— Renan? — Mayla sorriu quando me viu, mas seu sorriso desapareceu ao perceber que eu não parecia bem.

Ela deu alguns passos até o corredor e me abraçou. Eu não conseguia falar e sentia que estava sufocando.

— Eu não vou conseguir — falei assustado.

— Vai sim, não importa se vai ser agora ou daqui a alguns meses — ela falou com calma enquanto usava as mãos para acariciar minhas costas.

Eram palavras simples, mas tranquilizadoras. Ela estava ali e isso era importante para mim. Não significava que eu estava curado daqueles pensamentos tempestuosos, mas agora havia um ponto de paz para onde eu podia olhar.

Envolvi seu corpo com meus braços e me curvei para mergulhar minha cabeça em seu ombro. Não fazia sentido estar tão assustado. Por que eu estava assim?

Era como se falhar nos testes do dia seguinte fosse acabar com todas as boas expectativas que eu tinha para o meu próprio futuro. Apesar disso, olhar para o lado e ver Mayla deitada naquela cama me encarando em um silêncio confortável deixava tudo claro.

Ela ainda estaria ali, mesmo que eu falhasse. Jackie ainda estaria bem e eu teria outras chances de tentar entrar na polícia.

— Eu posso esperar até que você tenha mais tempo para um namoro — Mayla falou com certo constrangimento e encarou o teto. — Acho que vale a pena.

Inclinei meu rosto para encará-la surpreso. Era como se ela estivesse lendo minha mente.

Mayla continuava evitando meu olhar, com o rosto corado. Naquele momento, decidi: eu faria todo o possível para namorar com aquela mulher do jeito como deveria ser.

O Segurança da BoateOnde histórias criam vida. Descubra agora