𝐷𝑜𝑐𝑒𝑠 𝑒 𝑇𝑟𝑎𝑣𝑒𝑠𝑠𝑢𝑟𝑎𝑠

UMA REUNIÃO URGENTE - PARTE I

30 de agosto

Fazia quase meia hora que Gwyn estava sentada na poltrona no meio do apartamento que Emes e Mor estavam dividindo, rodeada das pessoas que tinha passado a chamar de família, falando assim dava a ideia de que estava em um lugar muito aconchegante e organizado e de paz e harmonia, mas definitivamente não era o caso, pela sala estavam espalhadas caixas com fantasias antigas - não que ela soubesse o porquê - e álbuns de fotos estavam por toda a parte, sem falar que o lugar estava tão cheio que mesmo ar condicionado não estava fazendo efeito, principalmente porque estavam no fim do verão.

Além disso, todos estavam falando ao menos tempo, todos participando de conversas alternadas - iniciando assuntos diferentes ou se intrometendo em algum, aquilo não era nenhuma novidade - ela havia entendido algo sobre uma nova técnica de pintura que Fey estava praticando na faculdade, algo sobre uma nova receita que Emes estava testando, aula de dança de Nes, bolsa de valores? Último jogo de quê? Aquilo estava um caos, não dava para ouvir nada direito, então para que se entendessem tinham que falar mais alto, o que fazia com que o outro tivesse que falar mais alto e isso resultava em todos gritando para poderem se ouvir. Ela ficaria surda, sequer tinha entendido o que o Az havia lhe dito e ele estava literalmente ao seu lado, sentado no braço da poltrona.

Como tinha saído de sua aula particular de técnica de piano com o senhor Lewis e parado ali? Ah, sim, claro, ela tinha recebido uma mensagem de Mor dizendo para ela ir para lá o mais rápido possível, pois tinha um assunto extremamente urgente para tratar e isso requeria uma reunião urgente de família. Gwyn fez uma nota mental para que da próxima vez mandasse sua cunhada esclarecer o urgente.

Ela se virou para Az para pedir que repetisse o que havia dito, quando a voz de Mor, o grito dela, sendo mais exata, ecoou pelo cômodo.

- Podem parar e me ouvir?! Estou a mais de meia hora tentando falar e vocês não me escutam!! Podem calar a porra das bocas?!! Por favor?!

Todos ficaram em silêncio e a olharam, ela assentiu satisfeita com o silêncio e jogou as mechas loiras para trás do ombro, quando estava abrindo a boca para falar de novo, Cassian - que estava com um peruca preta com duas tranças e um óculos estilo cientista maluco, provavelmente coisas que ele havia pegado em uma daquelas caixas - perguntou, numa tentativa de irritar Mor:

- Por que ela estava gritando? Mor está tendo aquelas crises de histeria de novo?

A loira revirou os olhos e jogou uma capa preta com forro vermelho no estilo Drácula nele ao dizer:

- Aiii, que engraçado você é.

Ele deu uma piscadela, o que ficou muito estranho por causa da lente que fazia seus olhos ficarem enormes.

- Sou mesmo hilário, não é? - ele falou, jogando uma das tranças sobre os ombros.

- Não, - ela respondeu, o olhando de cima a baixo - só ridículo mesmo.

- Contenha sua inveja, Mor. - disse ao pegar a capa e enrolá-la no pescoço como se fosse um cachecol - Se você não brilha, não venha apagar o meu brilho.

Todos na sala apertaram os lábios para não rirem, não exatamente pelo o que ele havia dito, mas pela forma como estava vestido. Estava ridículo, completamente ridículo. Nestha parecia está tentando decidir se ria ou revirava os olhos.

Az se abaixou e colocou o rosto na curva de seu pescoço para abafar a leve risada ou simplesmente porque queria, provavelmente os dois. Ela colocou a mão em seus cabelos, seus dedos se enroscando nas mechas e Azriel sendo... bem, Azriel, aproveitou para beijar e mordiscar seu pescoço, ela sorriu e estaria mentindo se dissesse que não tinha inclinado a cabeça para o lado, para que ele fizesse de novo.