CAPÍTULO BÔNUS

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Ouvi que você gosta de garotas más

Querido, isso é verdade?

SIMON CLEVELAND

Eu ainda me lembro dos olhos escuros dela quando empurrou meu corpo naquela noite.

Ela queria me salvar.

Não da arma apontada em minha direção, mas de mim mesmo.

Aquela jovem mulher, de cabelos negros que balançaram rebeldemente em frente às írises quando se abaixou para ver meu bem estar. Ela sorriu, feliz, quando viu que eu não tinha nada quebrado, porém foi sua língua ousada que fez com que eu começasse a me divertir com a situação.

"Pelo menos você é bonitinho."

Depois disso, eu fui obrigado a afastá-la.

Eu precisava salvar a vida daquela doce e sorridente mulher que salvou a minha vida. Mas, não como uma espécie de troca — uma vida por outra — e sim porque eu precisava fazer aquilo.

Enfiados naquele beco sujo do estado de Nova Iorque, tive que coloca-la atrás de uma lixeira e no meio de umas caixas. Pedi que ficasse ali por, mais ou menos, trinta minutos e se, após isso, sentisse confiança, poderia sair.

Depois disso nunca mais a vi.

Voltei como um louco ali juntamente com o FBI, procurei por câmeras de segurança e em uma delas a vi saindo correndo, sendo que em momento nenhum olhava para trás, apenas corria. E, pelo horário, ela me obedeceu como uma pessoa que conhece o perigo de longe.

Tentei procura-la para agradecer pelo o que fizera sem sequer um pedido de socorro.

Eu estava pronto para morrer naquele momento, estava preparado para isso e não desejava, nem por um segundo, que meu destino fosse mudado de alguma maneira.

Ela conseguiu mudar isso, com as mais puras intenções do seu coração. Tal que foi o que me partiu no meio.

Com a pureza não se discute. Ela vem, te possui, te obriga a aceitar tudo e some silenciosamente.

Entretanto, eu fiquei mais partido ainda quando vi, por meio de uma foto que Benjamin encontrou para conseguir descobrir quem era a tal mulher que Clarissa salvou, que o destino a trouxe para perto de mim novamente.

Eu não a procurei por muito tempo a mais depois daquilo, no entanto eu só queria a oportunidade de agradecê-la.

Uma única oportunidade.

Eu a tenho agora.

Espero o dia clarear e — antes de Clarissa surgir — eu entro no quarto onde ela está.

Eu já descobri seu nome, tal que nunca soube, contudo o que jamais esqueceria seriam os olhos e o sorriso.

Jamais esqueceria a porra desse sorriso.

Seus cabelos escuros caem como uma onda selvagem nos lençóis pastéis de Clarissa, suas pernas estão encolhidas e cobertas por um cobertor, além disso ela abraça um travesseiro e dorme tranquilamente.

Eu franzo o cenho para uma vermelhidão na bochecha que formam um conjunto com os lábios cortados, engolindo em seco ainda ao me lembrar do tiro de raspão que ela ganhou.

Como ela foi de uma jovem mulher, pura, sorridente e esperançosa, para alguém que se enfia em lutas clandestinas?

Puxo uma poltrona que existe no quarto de Clarissa e me sento perto da cama tentando fazer o mínimo de barulho possível, no entanto falho em alguma coisa, porque ela abre os assustada.

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