Capítulo dois: O chefe

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Ainda não acredito que consegui um emprego! Cara, foram dois meses tentando. E o melhor de tudo é que ele fica basicamente do lado da faculdade. Não vejo a hora de conhecer meu chefe.

— Boa tarde! Bem vindo ao Café Haikyuu! Em que posso ajudar? – Esbocei um sorriso ao ouvir o sino da porta, indicando que alguém havia entrado.

— Uooooo! Noya-san! Você conseguiu um emprego! – Shouyo apareceu, seguido dos outros.

— Hinata-san! Não é? Devo agradecer ao Suga-san.

Naquele momento eu pude perceber alguma atmosfera entre Suga e Daichi, que veio com Hinata, Kageyama, Oikawa e Iwazumi, um veterano do curso de Letras, pelo qual Tooru tem um penhasco. Eu conheço Daichi como a palma da minha mão pra saber que ele havia visto algo em Suga quando o viu. Daichi pode ser o mais autoritário dali, mas é uma manteiga derretida quando se trata de alguém que gosta.

— Ca-ham. Bem, o que vão querer? – Limpei a garganta quando percebi que Daichi e Suga estavam tempo demais se encarando.

— A-ah. E-eu vou… – Olhou o cardápio preso na parede acima das máquinas. – Vou querer o número dois.

— Claro. – disse meio tímido, indo preparar as bebidas. Me aproximei de fininho de Suga e parei ao seu lado, o olhando com uma expressão de divertimento. – Noya-san, não me olhe assim! Eu nem sei o nome dele! 

— Mas você gostou dele! Ah, Suga-san, qual é! O Daichi é super legal. Tenho certeza que se vocês se conhecerem direito, vão virar almas gêmeas. – Dei dois tapinhas no ombro do platinado, que suspirou com o rosto corado.

— Depois falamos disso. Vai entregar os pedidos de seus amigos! – Me entregou a bandeja com alguns pedidos.

— Sim, senhor! – Peguei o objeto em minha mão e levei até a mesa onde eles estavam sentados.

— Agora que o Chibi-chan dois está trabalhando, poderíamos marcar de sairmos. O que acham de sexta à noite? – Oikawa disse enquanto eu colocava as bebidas sobre a mesa.

— Sinto muito, Oikawa-san, mas o horário é depois da faculdade e o café fecha às dez da noite. – O sorriso que Oikawa deu foi assustador ao ver meu e de Hinata.

— Meu querido Chibi-chan dois. Você acha que as festas sexta à noite comecam que horas? Não se preocupe, os horários vão bater. E pode levar seu colega. Daichi vai adorar a companhia dele, não vai Daichi-san? – Às vezes o Oikawa realmente me assusta. Tenho pena do Iwazumi quando descobrir as intenções dele consigo.

— Ah, então acho que não tem problema. Vai ser sábado depois e não temos aula de qualquer forma. Se me dão licença, eu vou voltar ao trabalho. Chegaram mais clientes. – fiz uma reverência e fui atender os clientes que haviam acabado de chegar.

Já eram cinco horas da tarde quando os clientes pararam de aparecer. Eu estava mofando no balcão sem nada pra fazer quando Suga chegou com uma caixinha de rosquinhas e dois copos de seu maravilhoso café.

— Vamos dar uma pausa. Agora não aparecem clientes, pelo menos até o horário da noite. – Abriu a caixa e tirou uma rosquinha de lá, bebendo o café em seguida. – Noya-san. – Me chamou, me fazendo parar de comer a rosquinha. – Sobre o Daichi… Acho que… – Soltou um longo suspiro antes de continuar. – Não sei se-

— Pode parar com esse discurso, Suga-san. Eu vi como você e Daichi se olharam. Eu vi o clima que rolou entre vocês. – Enfiei a rosquinha inteira na boca e engoli antes de continuar. – Por que não dá uma chance à ele, Suga-san? Posso te contar tudo sobre ele ou os pontos mais importantes, se quiser.

— Noya, você não entende. Eu sofri muito com essa história de relacionamento. Não quero me machucar de novo. – Podia ver lágrimas se formando em seus olhos. Ele estava prestes a chorar. O quão duro foi o último relacionamento dele?

— Tudo bem, Suga. Tudo bem. Não precisa falar sobre isso se você não estiver confortável. – Passei minha palma por suas costas, na intenção de o confortar de alguma forma. 

— Obrigado, Noya. – Deu um sorriso e assim voltamos a comer nossas rosquinhas.

O resto do dia seguiu tranquilo. Atendemos poucos clientes e o meu suposto "chefe", não apareceu o dia todo. Será que ele existe mesmo? Suga disse que ele aparece todo o dia pra ajudar a contar o caixa e arrumar as coisas antes de fechar, já que ele trabalha como professor.

— Suga, você não disse que o chefe iria aparecer hoje? – Disse enquanto pegava alguns copos que os clientes haviam deixado nas as mesas. Acho um disperdicio isso. O café do Suga-san é divino! Como eles podem não tomar tudo?

— Ah, ele já deve estar- – parou de falar quando eu me virei e esbarrei em alguém, fazendo o copo com metade de café cair em sua roupa. – Chegando… – terminou a frase, dando uma risada ao ver a cena. – Boa noite, Asahi-san. Chegou tarde hoje.

Asahi? Espera. O meu Asahi? O meu professor de Educação Física gostosão? Não pode ser. Movi minha cabeça lentamente para cima, conseguindo ver o rosto do meu chefe e quase caí para trás ao ver quem era.

— A-A-Asahi-sensei?! – Meu coração começou a bater mais rápido e minhas mãos e nuca começaram a suar de nervoso.

— Vocês se conhecem? – Perguntou enquanto pegava o esfregão na despensa, para limpar a bagunça que eu havia feito. – Asahi, vai lá em cima se trocar. 

Eu estava estático. Não consegui pronunciar uma palavra sequer desde que eu o vi. Porra, meu professor é meu chefe?! É sério isso, produção?! Já é difícil aguentar esse homem todo o dia na sala, agora vou ter que aguentar aqui?! No meu trabalho?!

— E-eu sinto muito Asahi-sensei! – Me curvei em sua frente, fazendo uma reverência e ouvi uma risada do maior. Porcaria de voz sexy do caralho!

— Não se preocupe com isso, Noya-san. Isso acontece sempre que eu contrato um novo funcionário. Isso aconteceu até com Suga-san. 

— Ah, sim, lembro até hoje disso. – Deu uma risada enquanto terminava de limpar a bagunça e pega a bandeja de minha mão. – Eu estava tão nervoso que derramei café no Asahi.

Eu não sabia onde enfiar minha cara. Eu estava vermelho igual uma pimenta e envergonhado que só. A primeira impressão do meu chefe quanto à mim foi terrível e eu temia que ele não gostasse de mim, mas quão grande foi minha surpresa quando ele deu uma risada e segurou meu queixo, levantando meu rosto.

— Não se preocupe com isso, Noya-san. Eu não vou ficar bravo com você. Aliás, bem vindo ao Café Haikyuu. – Aquele sorriso quase me fez perder as estruturas. Ele não fazia ideia do que causava em mim. – Oh, olha a hora. Acho que já pode ir, Noya-san. Você trabalhou demais hoje. Obrigado pelo trabalho.

Ah, para de sorrir assim seu ser humano gostoso e sexy! Merda, eu tinha que me controlar, ou se não uma hora eu iria chegar nele, abrir as pernas e dizer: Me come agora. Abre seus olhos, Nishinoya Yuu! Seja forte!

— Até amanhã, Noya-san!

— Até amanhã, Suga-senpai! – Acenei enquanto saía do local e respirava fundo para não surtar.

Que droga. Meu chefe e meu sensei são a mesma pessoa. Acho que já posso morrer.

Sensei e ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora