CHAPTER 09

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C A R R I E

        Aniversários são como o Natal para mim: um dia alegre e cheio de surpresas. Acho até que fico um pouco emotiva nos meus aniversários, apesar de não ter um exemplo de família perfeita, estar perto de pessoas que são especiais para mim é sempre o meu melhor presente.

Mas o que me deixa ainda mais animada é saber que hoje é o grande dia! O dia em que eu vou poder prestigiar um show da minha banda favorita de maneira ocular pela primeira vez na minha vida! Dalton havia acertado em cheio no presente, eu não poderia estar mais animada.

Eu havia resolvido matar aula aquele dia para dormir um pouco mais e enquanto descia os degraus da escada com o meu pijama velho e um ninho na cabeça, me surpreendi ao dar de cara uma mesa de café da manhã bem preparada.

Havia panquecas frescas, ovos mexidos com queijo, bacon crocante, frutas frescas cortadas em pedaços coloridos, e até mesmo um bolo de aniversário com velas em forma de números, indicando minha idade.

Ao lado do prato, um bilhete simples, mas cheio de amor: "Feliz Aniversário, Carrie! Com amor, mamãe".

Mesmo com todo o caos que era a nossa família, mamãe nunca esquecia os meus aniversários. E mesmo sabendo disso tão bem, eu me emocionava a cada vez.

A casa está completamente silenciosa e vazia. Meus pais provavelmente estão no trabalho e o Aaron... bem, esse deve ter passado a noite fora como de costume.

Voltei minha atenção para a mesa e por um segundo eu senti culpa por ter que comer tudo sozinha. Só por um segundo mesmo. E sem demora, pesquei um garfo e comecei a experimentar um pouco de cada coisa que havia na mesa.

O ovo mexido estava perfeito, com um toque de queijo derretido. O bacon estava crocante e salgado, exatamente como eu gostava. E as panquecas... ah, as panquecas! Estavam frescas e macias, com um sabor doce que me fez fechar os olhos em prazer.

Estava acabando de comer quando ouvi o som da campainha tocando. Franzi o cenho, me perguntando se alguém teria esquecido alguma coisa, mas ao levantar e abrir a porta, me deparei com um moço que pelo uniforme, julguei ser um entregador.

Ele segurava um arranjo floral com uma combinação inesperada de texturas e de cores: rosas em cor-de-rosa com pétalas macias, tulipas brancas com suas bordas levemente dobradas e orquídeas lilás de detalhes delicados.

— Para Carrie? — o moço indagou.

— Sou eu.

Confirmei e recebi o arranjo, sentindo o peso das flores em minhas mãos. Depois entregar o arranjo, o homem me desejou um bom dia, e partiu, deixando-me com o tal presente misterioso.

Ao fechar a porta, eu senti o aroma das flores, uma mistura de doçura e frescor que me fez inspirar por um momento.

Dentro do arranjo, encontrei um cartão simples com uma mensagem escrita à mão:

"Feliz Aniversário, Ursinha."

E embaixo, a inicial "D".

Um sorriso grandão rasgou meus lábios naquele momento.

Imediatamente eu enviei uma mensagem para Dalton, para agradecer pelas flores, e em seguida tirei um montão de fotos do e com o meu buquê.

Eu me senti tão animada com o presente que até coloquei em um jarro na sala, só para poder apreciar todo dia e sentir seu cheirinho sempre que tivesse vontade.

°•

Eu estou radiante. Pronta para a noite mais inesquecível da minha vida.

Como a noite pede por um look especial, eu acabei optando por um vestido preto justo, com detalhes em lantejoulas que brilham à luz do meu quarto.

O vestido é curto, alcançando logo acima do joelho, e destaca minha silhueta esbelta. Meus sapatos são de salto alto, pretos e brilhantes, complementando perfeitamente o vestido.

Aproximo-me do espelho e verifico meu visual, ajustando um fio de cabelo loiro que havia escapado do coque elegante. A maquiagem está perfeita: olhos brilhantes com sombra prateada, cílios definidos e lábios rosados.

Não vejo a hora de poder registrar cada detalhe para compartilhar no meu blog.

Conferi meu celular, verificando a hora e o local exato do show da A3, e então pego minha bolsa, saindo do quarto enquanto peço um uber que me levará para a casa de Dalton. Ele não demora a chegar.

A noite está escura e bastante silenciosa, iluminada apenas pelos faróis do uber que se aproximava da casa de Dalton.

Estou sentada no banco de trás, ansiosa para chegar ao show. Eu havia planejado aquela noite por dias e não queria que nada desse errado.

Quando o carro para a alguns metros da casa de Dalton, eu pego o celular e disco o número do meu amigo.

Ele atende após alguns toques.

— Oi, Carrie — ele respondeu com uma voz um pouco fraca.

— O que aconteceu? Você está bem?

— Então, Carrie... Na verdade eu estou mal. Estou com febre, minha garganta dói e eu não consigo levantar da cama.

Enquanto conversávamos, eu observava a casa de Dalton. Ele não tinha a menor ideia de que eu estava ali, mas eu podia vê-lo falando comigo ao telefone, de fora da casa, e ele parecia perfeitamente bem.

Uma onda de surpresa e decepção me consumiu, algo quebrou dentro de mim naquele momento.

— Me desculpa por não conseguir ir com você, eu prometo te recompensar depois. Até mais, Carrie.

Ele disse e desligou, no momento exato em que um Mustang vermelho parou em frente à casa dele.

E no volante havia uma... garota.

Dalton sorriu ao vê-la e abriu a porta do automóvel para ocupar o banco ao lado da garota de cabelos pretos.

E sabe qual parte partiu ainda mais meu coração? Quando ele cumprimentou ela com um beijo sedento na boca.

Naquele momento senti como se o chão estivesse se desintegrando sob os meus pés. A minha visão embaçou por conta das lágrimas e o meu peito doeu, doeu absurdamente.

— Moça? Devemos seguir ou não? — o motorista perguntou com as mãos ainda no volante.

Eu tentei secar as lágrimas sem borrar a maquiagem inteira, mas eu nem mesmo sabia se tinha obtido sucesso. Eu prendi o choro, lembrando do que havia falado para mim mesma durante toda aquela semana: Nada pode estragar esse dia!

E então, eu respondi:

— Pode seguir.

O moço assentiu e seguiu adiante.

Lacrosse, Love And YardsOnde histórias criam vida. Descubra agora