CHAPTER 26

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D Y L A N

       Carrie e eu caminhamos lado a lado pelo enorme jardim do hotel, os nossos passos ecoando no silêncio e a luz da lua iluminando nosso caminho. A noite está silenciosa, exceto pelo som distante da fogueira que ainda arde.

O jardim do hotel está envolvido em uma névoa fria e misteriosa, típica de uma noite de inverno. As árvores, desfolhadas e esqueléticas, se erguem como sentinelas, suas ramagens nuas balançando ao vento.

Nossas respirações são visíveis no ar frio, e nossas mãos estão enfiadas nos bolsos para nos aquecer.

— Eu amo essa hora da noite — eu digo, olhando para cima, onde as estrelas brilham no céu. — É como se o mundo inteiro estivesse em silêncio.

— Sim — ela concorda. — É um momento bom para refletir sobre a vida.

— Achei que só eu pensava assim.

Nós continuamos caminhando, e Carrie se vira para mim, seus olhos brilhando à luz da lua.

— Posso fazer uma pergunta?

— Você já não está fazendo? — brinco.

— Outra pergunta — ela rola os olhos. — Depois você pode me perguntar o que quiser, como da outra vez.

— Tudo bem. O que quer saber?

— Você sempre parece tão confiante e seguro de si mesmo. Mas há algo que você tenha medo ou que o faça sentir inseguro?

Olho para ela, surpreso com a pergunta. Eu hesito por um breve momento antes de responder.

— Há uma coisa — digo, ponderando se tocar nesse assunto era de fato uma boa ideia. Eu não costumava comentar sobre isso, geralmente.

Minha voz sai mais baixa do que eu gostaria.

— Eu tenho medo de não ser capaz de cumprir as expectativas do meu pai. Ele sempre foi muito exigente comigo, e eu sinto que nunca é o suficiente.

Ela escuta atentamente.

— Mas você é incrível, Dylan — ela diz — Por que acha que não é o suficiente?

Eu sorrio, um sorriso triste.

— Meu pai sempre foi muito duro, desde que eu era criança. Ele queria que eu fosse o melhor em tudo, não importa o que fosse. Lacrosse, estudos... tudo tinha que ser perfeito.

Eu pauso, lembrando-se de momentos difíceis.

— Lembro-me de quando eu era criança e jogava lacrosse. Meu pai estava sempre na linha de fundo, gritando instruções e criticando meus erros. Eu sentia que nunca era o suficiente. Se eu perdia um jogo, ele me dizia que eu não era bom o suficiente. Se eu ganhava, ele me dizia que eu poderia ter feito melhor.

Olho para baixo, minha voz mais baixa.

— Ele nunca me elogiava. Nunca me dizia que eu estava fazendo bem.

— E como você lidava com isso? — Carrie indaga, olhando diretamente para mim.

Eu encolho os ombros.

— Eu aprendi a lidar com a pressão — eu digo. — Mas às vezes, eu sentia que estava perdendo a minha identidade. Eu não sabia quem era eu, fora do lacrosse e dos estudos. Eu só sabia que tinha que ser perfeito para o meu pai.

Eu olho para ela, meus olhos brilhando com lágrimas. Agradeci por estar escuro e ela não poder percebê-las.

— Mas você sabe o que é mais difícil? — eu pergunto.

— O quê?

— É que meu pai não é apenas meu treinador. Ele é meu pai. E eu quero que ele se orgulhe de mim.

Ela coloca a mão no meu ombro.

— Dylan, você é incrível, não importa o que seu pai diga. Você é uma pessoa com talentos e habilidades únicas.

— Pode até ser. Mas que filho não gosta de ser o orgulho dos pais?

Carrie assente, compreensiva.

— Sabe... você não é o único com pais problemáticos.

— O que quer dizer?

— Bom, os meus pais, por exemplo, eles passam por alguns momentos difíceis às vezes. E quando isso acontece, as brigas costumam ser muito frequentes em casa.

Ela comentou e eu ligeiramente lembrei da cena no hospital. Ambos pareciam ser o exemplo de família perfeita.

De fato, nem tudo é o que parece.

Olho para ela com compreensão, minha expressão suave.

— Deve ser difícil para você — eu digo.

— É — ela responde, parecendo sentir um nó na garganta. — Eu sempre fico ansiosa quando isso acontece.

Carrie encara o chão por um momento, mas complementa em seguida.

— Mas até que eles tem dado uma trégua ultimamente.

— Isso é bom.

— É. — ela confirma, sorrindo dessa vez. — Sua vez de perguntar.

— Certo — respondi, indo direto ao ponto. — O que você gostaria de fazer com a sua vida depois de terminar o ensino médio? Você tem algum sonho ou objetivo que você gostaria de alcançar?

— Essa é fácil. Eu quero fazer jornalismo e ser uma profissional bem-sucedida. Ah! E eu quero me casar também.

— Mesmo vendo a experiência dos seus pais, você sonha em casar?

— Dylan, não é porque os meus pais não tiveram um casamento modelo, que vou basear minha vida nisso e desistir de me casar algum dia. Eu sei que os problemas deles podem parecer o exemplo de como o casamento pode dar errado, todavia eu não quero que isso me defina. Não quero que o medo de repetir os erros dos meus pais me impeça de encontrar felicidade.

Ela respira fundo e continua.

Suas palavras foram como uma tapa bem dado na minha cara.

— Eu acredito que o amor é uma escolha, e que duas pessoas podem construir um relacionamento saudável e feliz. Eu não quero deixar que o medo me impeça de arriscar e encontrar alguém que me faça feliz. Casar é meu sonho, e espero poder encontrar alguém que queira isso tanto quanto eu.

Olho para ela com admiração.

— Você tem uma resiliência admirável.

Carrie sorri.

— Só estou tentando ser realista. Quero criar meu próprio caminho e encontrar minha própria felicidade. Falando nisso...

Ela apalpa seus bolsos, parecendo notar que esqueceu de algo.

Seu celular.

— Que horas são? Deve ser tarde.

— Ah, não. Olha só.

Eu tiro o meu celular do bolso e mostro a tela de bloqueio para ela.

— Dylan...

Carrie fica paralisada, olhando para a foto na tela do meu celular, hesitante.

— Sim?

— Você... você é o número 12.

Lacrosse, Love And YardsOnde histórias criam vida. Descubra agora