D Y L A N
Carrie e eu caminhamos lado a lado pelo enorme jardim do hotel, os nossos passos ecoando no silêncio e a luz da lua iluminando nosso caminho. A noite está silenciosa, exceto pelo som distante da fogueira que ainda arde.
O jardim do hotel está envolvido em uma névoa fria e misteriosa, típica de uma noite de inverno. As árvores, desfolhadas e esqueléticas, se erguem como sentinelas, suas ramagens nuas balançando ao vento.
Nossas respirações são visíveis no ar frio, e nossas mãos estão enfiadas nos bolsos para nos aquecer.
— Eu amo essa hora da noite — eu digo, olhando para cima, onde as estrelas brilham no céu. — É como se o mundo inteiro estivesse em silêncio.
— Sim — ela concorda. — É um momento bom para refletir sobre a vida.
— Achei que só eu pensava assim.
Nós continuamos caminhando, e Carrie se vira para mim, seus olhos brilhando à luz da lua.
— Posso fazer uma pergunta?
— Você já não está fazendo? — brinco.
— Outra pergunta — ela rola os olhos. — Depois você pode me perguntar o que quiser, como da outra vez.
— Tudo bem. O que quer saber?
— Você sempre parece tão confiante e seguro de si mesmo. Mas há algo que você tenha medo ou que o faça sentir inseguro?
Olho para ela, surpreso com a pergunta. Eu hesito por um breve momento antes de responder.
— Há uma coisa — digo, ponderando se tocar nesse assunto era de fato uma boa ideia. Eu não costumava comentar sobre isso, geralmente.
Minha voz sai mais baixa do que eu gostaria.
— Eu tenho medo de não ser capaz de cumprir as expectativas do meu pai. Ele sempre foi muito exigente comigo, e eu sinto que nunca é o suficiente.
Ela escuta atentamente.
— Mas você é incrível, Dylan — ela diz — Por que acha que não é o suficiente?
Eu sorrio, um sorriso triste.
— Meu pai sempre foi muito duro, desde que eu era criança. Ele queria que eu fosse o melhor em tudo, não importa o que fosse. Lacrosse, estudos... tudo tinha que ser perfeito.
Eu pauso, lembrando-se de momentos difíceis.
— Lembro-me de quando eu era criança e jogava lacrosse. Meu pai estava sempre na linha de fundo, gritando instruções e criticando meus erros. Eu sentia que nunca era o suficiente. Se eu perdia um jogo, ele me dizia que eu não era bom o suficiente. Se eu ganhava, ele me dizia que eu poderia ter feito melhor.
Olho para baixo, minha voz mais baixa.
— Ele nunca me elogiava. Nunca me dizia que eu estava fazendo bem.
— E como você lidava com isso? — Carrie indaga, olhando diretamente para mim.
Eu encolho os ombros.
— Eu aprendi a lidar com a pressão — eu digo. — Mas às vezes, eu sentia que estava perdendo a minha identidade. Eu não sabia quem era eu, fora do lacrosse e dos estudos. Eu só sabia que tinha que ser perfeito para o meu pai.
Eu olho para ela, meus olhos brilhando com lágrimas. Agradeci por estar escuro e ela não poder percebê-las.
— Mas você sabe o que é mais difícil? — eu pergunto.
— O quê?
— É que meu pai não é apenas meu treinador. Ele é meu pai. E eu quero que ele se orgulhe de mim.
Ela coloca a mão no meu ombro.
— Dylan, você é incrível, não importa o que seu pai diga. Você é uma pessoa com talentos e habilidades únicas.
— Pode até ser. Mas que filho não gosta de ser o orgulho dos pais?
Carrie assente, compreensiva.
— Sabe... você não é o único com pais problemáticos.
— O que quer dizer?
— Bom, os meus pais, por exemplo, eles passam por alguns momentos difíceis às vezes. E quando isso acontece, as brigas costumam ser muito frequentes em casa.
Ela comentou e eu ligeiramente lembrei da cena no hospital. Ambos pareciam ser o exemplo de família perfeita.
De fato, nem tudo é o que parece.
Olho para ela com compreensão, minha expressão suave.
— Deve ser difícil para você — eu digo.
— É — ela responde, parecendo sentir um nó na garganta. — Eu sempre fico ansiosa quando isso acontece.
Carrie encara o chão por um momento, mas complementa em seguida.
— Mas até que eles tem dado uma trégua ultimamente.
— Isso é bom.
— É. — ela confirma, sorrindo dessa vez. — Sua vez de perguntar.
— Certo — respondi, indo direto ao ponto. — O que você gostaria de fazer com a sua vida depois de terminar o ensino médio? Você tem algum sonho ou objetivo que você gostaria de alcançar?
— Essa é fácil. Eu quero fazer jornalismo e ser uma profissional bem-sucedida. Ah! E eu quero me casar também.
— Mesmo vendo a experiência dos seus pais, você sonha em casar?
— Dylan, não é porque os meus pais não tiveram um casamento modelo, que vou basear minha vida nisso e desistir de me casar algum dia. Eu sei que os problemas deles podem parecer o exemplo de como o casamento pode dar errado, todavia eu não quero que isso me defina. Não quero que o medo de repetir os erros dos meus pais me impeça de encontrar felicidade.
Ela respira fundo e continua.
Suas palavras foram como uma tapa bem dado na minha cara.
— Eu acredito que o amor é uma escolha, e que duas pessoas podem construir um relacionamento saudável e feliz. Eu não quero deixar que o medo me impeça de arriscar e encontrar alguém que me faça feliz. Casar é meu sonho, e espero poder encontrar alguém que queira isso tanto quanto eu.
Olho para ela com admiração.
— Você tem uma resiliência admirável.
Carrie sorri.
— Só estou tentando ser realista. Quero criar meu próprio caminho e encontrar minha própria felicidade. Falando nisso...
Ela apalpa seus bolsos, parecendo notar que esqueceu de algo.
Seu celular.
— Que horas são? Deve ser tarde.
— Ah, não. Olha só.
Eu tiro o meu celular do bolso e mostro a tela de bloqueio para ela.
— Dylan...
Carrie fica paralisada, olhando para a foto na tela do meu celular, hesitante.
— Sim?
— Você... você é o número 12.
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Lacrosse, Love And Yards
RomanceCarrie está presa em um amor impossível por Dalton, seu melhor amigo. Mas ele não vê além de sua amizade e está apaixonado por outra garota. Quando tudo parece perdido, Carrie encontra um estranho misterioso que a salva de uma situação desesperadora...