Até as noites em Bombinhas pareciam menos estreladas. E a massa de ar quente de Dezembro deixava qualquer um louco. Certo,estou exagerando , é sim muito lindo e especial. Mas não para um grande romance como orgulho e preconceito, Eleanor e Park ou amor e gelato!.
Quase todos os romances que já li na vida tinham uma coisa em comum,pontos turísticos ou grandes encontros românticos. E que caia entre nós, que grande momento romântico pode se ter em uma pequena cidade litorânea no verão?.
O verão era a época ápice da cidade, quando tudo se movimentava mais e ganhava vida. As praias lotavam de crianças que não entendem nosso idioma e os restaurantes cheiravam bem a quarteirões. Mas quando se mora fixamente e anualmente em Bombinhas,o verão não é tão mágico assim. O trânsito te impede de chegar a tempo no trabalho, as pessoas lotando as praias não te dão espaço mínimo , é impossível passar pelas ruas sem esbarrar em alguém ou ser assediada verbalmente por carros lotados de estrangeiros.
Pois é, eu não estava mesmo entrando no espírito do verão. E talvez tantos livros carregando romances lindos,perfeitos e irreais estivessem me deixando mal humorada.
- Carol?
Os olhos sérios gelavam acima de mim.
- Oi para você também Pamela. - forcei um sorriso . - Você exala bom humor hoje.
Pamela era boa em me tirar de meus devaneios rotineiros e me puxar subitamente para a realidade. Mas na maioria do tempo me fazia rir da forma mais escandalosa possível. Escandalosa mesmo.
- Vai continuar trabalhando na recepção daquele café?
- Sim. - suspirei fundo. - Mesmo que seja super quente lá,principalmente no verão.
Uma risada surgiu no rosto pálido de Pamela, e ela iria dizer alguma coisa,pouco antes do João entrar na sala e abraça-la por trás.
- Conversando sobre o estágio? - O moreno perguntou. - Os melhores hotéis já foram escolhidos, e agora não faço ideia de onde vou fazer a minha inscrição.
- Você não estaria nessa pilha de nervos se tivesse entregado os currículos no tempo certo. - Pamela alfinetou,e os dois se entre olharam sorrindo,fofos. - E ainda tem uns lugares legais,não precisa exagerar.
Certo,eles eram só amigos. Mas qualquer um gostaria de ter metade da química que aqueles dois tinham. Mesmo que nenhum dos dois falasse sobre.
- Já está tão calor que sinto que posso derreter.
Continuei,ainda olhando para os dois.
- Todos sentimos. - João disse,rindo. - Mas vejam pelo lado bom da coisa,não temos aulas de química no verão. E isso já um motivo maravilhoso para se estar feliz.
Ele estava completamente certo. Não que a professora fosse o motivo de tanto desgosto,mas a matéria em si deixava qualquer um maluco.
O sinal agudo soou,e logo percebemos que metade da sala já havia corrido pelo corredor em conjunto,como uma manada de javalis com pressa. Por alguns segundos,apenas pegamos nossas mochilas e caminhamos em direção a porta da sala. Mas assim que lembramos do quão rápido os ônibus lotavam,corremos da melhor forma que podíamos.
O calor e o peso da mochila não ajudavam em nada. E mesmo que eu tivesse prendido meu cabelo em um coque esquisito,ele estava tão curto que algumas das partes dele escapavam do penteado,principalmente os fios mais curtos perto da nuca. O que além de me fazer parecer um abacaxi,deixava o meu pescoço em contato com as madeixas quentes de cabelo que eu justamente queria evitar me esforçando para fazer aquele coque patético
Aquele verão não seria mesmo fácil.
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Até que o verão acabe
RomanceCaroline trabalhava em um café a beira mar, nativa daquela cidadezinha pequena, a garota não se destacava muito em meio a multidão que enchia a cidade naquele verão. Miguel era apenas mais um turista que visitava as ruas movimentadas,mas o destino d...