Assim que a música finalmente acabou,pude respirar com um pouco mais de facilidade. Meus olhos ficaram presos aos do Guilherme do início ao fim da dança, até porque não tinha coragem de olhar para qualquer outro lugar com tantas pessoas nos encarando. Era claro que eu não estava habituada a ser alvo de toda aquela atenção, enquanto o garoto a minha frente parecia estar em seu ambiente natural. Mesmo estando em meio a tantas pessoas, Guilherme nunca mudava muito, e essa era das minhas coisas preferidas nele, a forma como ele era ele mesmo com pessoas olhando ou não. Um sorriso leve estava estampado do rosto dele desde que aquele abraço tinha acontecido e ele parecia muito menos preocupado e triste, o que havia me consolado pelo menos um pouco em meio aquela situação.
Mas assim que voltamos ao local do luau,me arrependi quase que instantaneamente de ter me metido naquela situação. Nosso braços estavam entrelaçados, e mesmo que essa fosse a primeira vez que segurava a mão de um garoto, não pude aproveitar aquilo verdadeiramente. As pessoas olhavam descaradamente, os casais que já iniciavam a dança cochichavam entre si e nem sequer disfarçavam suas indignações. Eu não via a hora daquela noite acabar, mesmo que parte de mim se sentisse satisfeita em andar com Guilherme por todo lado.
A música cessou, os casais se separavam e todos batiam palmas pelo fim da primeira dança do verão. Suspirei alto, vendo o ruivo a minha frente sorrir com humor.
- Eu danço tão mal assim?
Questionou ele, as mãos ainda paradas próximas as minhas costas. E senti meu rosto corar bruscamente, ao perceber a proximidade em que estávamos. Minha mente estava tão ocupada em desejar com todos os meus neurônios que aquilo acabasse logo, que nem sequer havia notado os movimentos lentos da dança ou as mãos dele perto de mim.
Balancei a cabeça em negativa,sorrindo sem graça.
- Não é isso. - Dei de ombros, logo depois retirando meus braços dos ombros dele. - Só é constrangedor ter toda essa gente olhando.
Por que ele não estava se afastando também?
- Tenho que ir embora. - Assegurei, sentindo meu estômago reclamar de fome. - E encontrar o Miguel e a Pamela.
O semblante antes sorridente se franziu um pouco ao ouvir o nome do outro, muito fofo. Ele retirou as mãos das minhas costas e se afastou também, balançando a cabeça de forma afirmativa.
- Procure seus amigos, mas não vá embora, ainda é muito cedo. - Ele sorriu novamente, enquanto fitava os meus olhos. - Eu te roubei o tempo todo.
Eu nunca vou me acostumar com isso.
- Estou cansada,mas vou ver o que eles querem fazer agora. - Comecei a me afastar, enquanto acenava para ele. - Nos vemos depois.
Assim que me pus a caminhar, não demorei muito a encontrar Miguel, que conversava com uma garota loira e muito familiar. Vasculhei minhas memórias em busca de uma lembrança, e me recordei de onde a conhecia. A garota linda do café. Uma pontada de indignação me atingiu o estômago,era claro que ele ficaria encantado com ela, como todos os outros. Me aproximei dos dois,vendo Lorenzo e Pamela não muito longe dali. Assim que cheguei ao campo de visão de Miguel,seus olhos pareciam indecisos e carregavam algo que não pude entender.
- Oi. - A garota ao lado dele disse, sorrindo de forma simpática. - Eu sou a Nia.
Sorri também,contagiada por ela.
- Oi, meu nome é Caroline.
Respondi. Os olhos pousando nela por um instante,ela estava ainda mais bonita do que da última vez que tinha a visto. Os cabelos estavam soltos,e se mostravam ondulados e visivelmente macios. Um silêncio constrangedor pairou no ar, no instante em que os meus olhos fitaram os de Miguel, que já mantinha seu olhar em mim.
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Até que o verão acabe
RomansaCaroline trabalhava em um café a beira mar, nativa daquela cidadezinha pequena, a garota não se destacava muito em meio a multidão que enchia a cidade naquele verão. Miguel era apenas mais um turista que visitava as ruas movimentadas,mas o destino d...