Capítulo 08

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 A luz forte que inundava o cômodo conseguiu,de alguma forma,atravessar minhas pálpebras fechadas. A sensação de sono calmo e gostoso ainda permanecia em mim. O meu corpo sentia os lençóis macios e o leve vento que vinha do lado de fora,relutando em sair dali. Meus olhos se abriram relutantes,e me sentei devagar sobre a cama fofa. Deixando minha visão se acostumar com tanta luz. O quarto tinha paredes pintadas de um branco límpido, havia uma porta de vidro que levava ao jardim e um enorme quadro repleto de tons de verde azulado logo ao lado. O quadro não retratava algo em si,mas muitas pincelas horizontais de tons de verde,azul e uma mistura desses tons. A porta para o jardim estava aberta,as cortinas leves de linho esvoaçando com o vento,sinalizando que mamãe esteve ali para abri-las.

Feixes de luz solar davam ao quarto um ar feliz e esperançoso de inicio de dia. Apanhei meu celular no bolso da bermuda,sem nem antes ter o notado ali, e vendo que não se tratava de um "inicio de dia",mas de um fim de  tarde. Eram quase cinco horas da tarde,e senti parte do meu otimismo se esvair. Sempre odiei acordar tarde. E era surpreendente o sol estar tão ávido mesmo naquele horário do dia.

Mas tudo bem. Eram férias afinal.

Saltei da cama em um pulo,me apressando em procurar o banheiro. Depois correndo até minha mala ainda jogada na sala do chalé, buscando pelas peças que queria.


Mamãe havia saído para ir a praia tomar sol. E deixou claro no bilhete sobre a bancada que amou o pão doce, que eu não deveria me preocupar com ela e sim "aproveitar essa cidade cheia de gatinhas!!!!!."

Quantos pontos de exclamação!.

Meu estômago deu sinal de vida,e deixou claro que fazia mais de dez horas que não comia nada. Apanhei algumas notas que estavam junto ao bilhete. Quando me dei conta,estava em frente ao café da noite passada. O lugar parecia bem mais atraente de dia. Com pessoas entrando e saindo cheias de alegria,e em maioria com roupas de banho. O lugar era consideravelmente grande . Completamente visível pela grande porta de vidro com um sino no topo do lado interior, e uma vitrine  de vidro que se encarregava de exibir a área das mesas e cadeiras  de madeira delicadas do lado de dentro. As paredes coloridas de uma cor de caramelo viva,com  grandes letras douradas e  cursivas no topo "piccola caramella".  Era lindo,e o aroma confortável de algo doce percorria até  longos metros de distância.

Adentrei a porta, ouvindo o tilintar do sino acima de mim. Percorrendo os olhos por ali,percebi apenas uma mesa vazia ao canto do salão lotado. Mas vi também,ao olhar pelo canto dos olhos, a garota de cabelo castanho atendendo algumas pessoas no caixa. Voltei minha atenção diretamente para a mesa.Ficava próxima a uma parede no fundo do local,e certamente não foi escolhida pela distância que tinha da área da vitrine e sua vista da praia. Me sentei,observando o vai e vem de dois garçons e uma porção de pessoas. Um dos garçons era o ruivinho de cara fechada, a outra, uma garota  que aparentava ser um pouco mais velha,mas que certamente não passava dos vinte. Ela tinha cabelos tingidos de um verde azulado,que me lembrava o quadro de mais cedo, presos em um coque bonito envolto por uma bandana branca. A pele era clara e o rosto rechonchudo parecia amigável.

- Posso ajudar?

A voz familiar se aproximou,pelo visto,enquanto  eu havia me distraído.

Levantei os olhos,notando a altura do garoto ao meu lado,ainda mais em minha desvantagem de perspectiva.Ele estendeu o cardápio em minha direção,e assim que o peguei em mãos pude notar o quão bonito era. Com uma cor amarelada simulando papel envelhecido,revestido e plastificado para que fosse resistente. As letras eram cursivas  em  marrom escuro  e muitas opções estavam em italiano. Corri meus olhos rapidamente e detectei a aba de cafés.

Até que o verão acabeOnde histórias criam vida. Descubra agora