Capítulo 13

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    Miguel ainda se recuperava da nossa seção de gargalhadas esquisitas,que por sinal havia chamado atenção de boa porção das pessoas próximas dali,quando parei para observa-lo. Bom,observa-lo mais um pouco. A camisa branca de botões caia perfeitamente bem no busto dele, o tom de pele escuro junto do tecido claro fazia com que ele brilhasse. As cores do pôr do sol ficavam cada vez em tons mais quentes,e aos poucos o céu mesclava uma coloração de rosa e laranja, os tons de azul desapareceram por completo e o roxo ainda estava sutilmente lá. E cada uma daquelas cores caiam muito bem nele.

   O cabelo era encaracolado e parecia muito macio, os cachos eram grandes ,definidos e castanhos,caiam até suas sobrancelhas grossas e bem desenhadas. Os olhos eram completamente escuros,pretos,como duas jabuticabas e os cílios eram grossos e longos. E ele cheirava a colônia masculina amadeirada e caramelo. Eu não havia juntado coragem o suficiente para analisar os traços do rosto dele direito. Eu estava sentindo minhas bochechas quentes,e meu estômago se enchia de borboletas quando olhava demais pra ele.

   Sim, o limite estipulado era de três segundos por vez,a cada três minutos. Obviamente para que eu não parecesse uma psicopata,ou uma tarada olhando para parte da clavícula e do busto dele ,que estavam expostos pela maneira como estava usando a camisa.  Não que eu tivesse ligado muito pra isso. Claro que não.

   Meus olhos fitavam o céu, e eu continuava com um sorriso contente no rosto,assim como ele. Ambos estávamos em silêncio,observando o céu mudar de tons e cores,e as nuvens se moverem lentamente.

- Parece uma pintura.

Declarou ele,ainda com os olhos no céu.

- Eu queria poder guardar um desses comigo pra sempre.

Respondi. Suspirando baixinho,e sentindo o cheiro salgado do mar.

- Eu também.  - Eu senti como se o sorriso dele tivesse diminuído um pouco. - Não vejo muitos desses onde eu moro.

- Por que tem muitos prédios altos?.

Perguntei. Sentindo meu rosto arder de vergonha instantaneamente.

Que tipo de pergunta foi essa?

O sol queimou seus neurônios Caroline?.

Mas ele riu, uma risada curtinha e melodiosa. Do tipo que todos gostariam de ouvir sempre.

- Não. Lá tem muito mais poluição,o céu não é tão azul e nem tão colorido. - Suspirou. - E também, eu tenho que estar no curso de inglês nesse horário. Nunca consigo ver o sol se pondo.

    Senti uma pontada de tristeza repentina. Com certeza ver cenários naturais como aquele era o tipo de dádiva que todos deveriam ter a sorte de ter. O tipo de calmante e alívio que todos deviam ter  direito.  Afinal, como ele vivia em um lugar sem pôr do sol, praias e vegetações cheias de capivaras e passarinhos barulhentos?

    Meus olhos fitaram o rosto dele. Os olhos brilhando intensamente, e o tom alaranjado do céu contrastando perfeitamente com a pele escura. Ele abraçava os próprios joelhos com os braços cumpridos e repousava a o queixo acima deles.

Parece uma pintura.

   Os cachos perfeitos balançando levemente com a brisa dócil,alguns mais rebeldes que outros, mas todos muito bem cuidados. Bem cuidados de uma maneira que  eu não conseguia,ou as vezes nem me empenhava em tentar.

  O silêncio pairou por mais alguns minutos. Mas não era desconfortável, era sutil e leve, não parecendo incomodar nenhum dos dois. Até que meus olhos notaram como o rosto dele pareceu mais avermelhado, e como ele me olhou de relance pelo canto dos olhos.

Droga.

Eu fiquei encarando ele por minutos.

- O seu vestido é muito bonito Carol.

Ele disse baixinho, antes de  afundar mais a cabeça no vão entre  os braços.

Carol?

Desde quando ele me chamava assim?

Vestido?

Senti meu estômago revirar em uma sensação estranha e meu rosto arder duas vezes mais do que normalmente. Mas eu não consegui parar de olhar pra ele.

- V-valeu!

 Respondi súbita. E pude ouvir outra risada melodiosa, antes que ele levantasse a cabeça e olhasse em minha direção. 

- Obrigado por ter me convidado. - Ele sorriu largo. - Eu não faço ideia do que fazer por aqui nesse verão.

- Fica comigo. - Falei rápido. Calma. O que? - D-digo n-não do outro jeito! Do jeito que amigos f-ficam!

O moreno sorriu ladino e me olhou de cima a baixo.

Um sorriso que eu nunca tinha visto ele dar antes.

Um sorriso que me fez arregalar os olhos em defesa.

Me senti meio vulnerável de repente.

- Amigos ficam? - Ele perguntou, sorrido daquele jeito de novo. Senti o sangue se esvair do meu corpo.  Mas logo em seguida ele explodiu em uma gargalhada. - Relaxa! só estou brincando. Eu entendi o que você quis dizer.

As bochechas dele coraram.

Coraram!?

Mesmo depois daquele comportamento?

Ele era tímido ou promíscuo?

Semi cerrei os olhos,cruzando os braços.

- Está rindo as custas da sua nova amiga? - Indaguei,sorrindo um pouco.- O sucesso das férias da sua vida estão nas minhas mãos garoto!.

 Ele se colocou reto e levantou as mãos em um sinal divertido de rendição.

- Parei parei!.

Concluiu ele. E rimos juntos, vendo que o pôr do sol já havia acontecido. E a noite chegava lentamente.

- Pensei que você tinha vindo com uma amiga Caroline.

A voz grave e conhecida soou acima de mim de forma familiar.

Ah não!.

Virei meu busto na direção atrás de mim,tendo que levantar a cabeça para olhar para o ruivo parado ali. E Miguel fazia o mesmo, mas  aquele ponto já tinha se levantado. Fiz o mesmo rapidamente,ficando ao lado de Miguel e sorrindo forçadamente pra Guilherme.

- E eu vim. - Rebati. - Pamela está logo ali.

Apontei em direção a morena que ainda conversava com uma amiga em comum. Vendo Guilherme semi cerrar os olhos.

- Eu não sabia que a Carol tinha um irmão.

Declarou Miguel,mas não parecendo realmente acreditar no que dizia, e olhando para o ruivo de cima a baixo.

Aquilo era deboche masculino ?












Até que o verão acabeOnde histórias criam vida. Descubra agora