Capítulo 22

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- Pode entrar! 

Sugeriu a garota, mas me mantive imóvel. Abanei as mãos em sinal para que entrasse.

- Prefiro esperar aqui fora, pode ir sem pressa.

Carol conteve o riso, e revirou os olhos com humor antes de adentrar a casa charmosa correndo.

Depois de alguns minutos, veio em minha direção com uma mochila nas costas,  vestida de uma jardineira jeans e uma camisa vermelha que contrastava lindamente com o tom castanho de seu cabelo. Acompanhada de um homem alto, de olhos claríssimos e cabelos encaracolados no mesmo tom de castanho que ela.

- Boa tarde mocinho.

Saldou o mais velho, sorrindo largo e acenando em minha direção.

Onde eu fui me meter?

- Boa tarde senhor! 

 Respondi sem jeito, sentindo meu rosto triplicar de temperatura assim que Carol se pôs ao meu lado, enlaçando seu braço no meu.

- Miguel esse é o baba, baba esse é o Miguel! - Disparou apressada, se divertindo com a situação. - Agora temos que ir antes que seja tarde, até depois baba.

- Traga ele para o jantar! - Falou o mais velho, aos berros, já que a garota já havia feito com que nos distanciássemos ás pressas. - Parece um garoto decente.

Sorri, acenando desajeitadamente para ele, tentando regular meus passos com os da garota ao meu lado.

- Quem era ele? Porque você está com essa mochila? - Arfei cansado,  mantendo passos rápidos. - Por que estamos correndo?

- Pergunte menos e corra mais.





    Antes que pudesse considerar possível, Carol e eu havíamos corrido até a praia, a mesma praia daquele luau tortuoso. Mas tivemos de caminhar mais um pouco, até estarmos alguns metros de dois longos caminhos feitos de pedras que se estendia sobre o mar, um ao lado do outro, em certa distância. A areia parecia macia, o sol já estava quase se pondo e as pessoas pareciam mais calmas. 

- O que é aquilo? - Questionei atônito, me concentrando em analisar o que via. - São pedras?

- Sim, é o molhe. - Respondeu a garota, visivelmente satisfeita com minha reação. - Mas você não viu nada ainda. 

Apressamos nosso passos até chegarmos aqueles caminhos curiosos. Pedras  de todos os formatos e tamanhos se uniam umas as outras, formando um caminho que se estendia sobre o mar, um a metros do outro, lado a lado. O azul claro e perfeito do oceano contrastava perfeitamente  com as cores diversificadas das pedras, sendo algumas mais claras, outras mais escuras. As onde quebravam lentamente contra as laterais, e o som das gaivotas parecia o fundo sonoro perfeito.

 Poderia me sentar ali mesmo, no inicio do tal molhe, onde a areia clara e fina se mesclava as pedrinhas, para logo a frente desaparecer em meio aos pedregulhos. Mas Caroline me puxou pelo braço, ainda atado ao seu, para que caminhássemos em direção a um dos caminhos. O mais vazio aparentemente, já que o gêmeo ao lado aparentava estar bem mais movimentado. 

Com nossos braços juntos e nossos corpos mais próximos do que jamais estiveram, me senti grato por ter algo que me distraísse. 

Consigo sentir o perfume dela.

A cada passo, meus olhos não conseguiam se prender a apenas um detalhe. O mar azul, a espuma branca e linda das ondas, as gaivotas voando sobre a água e brisa gostosa do vento salgado, tudo parecia perfeito. Até mesmo os burburinhos do falatório na praia e as risadas altas das crianças que corriam por aquele caminho, pareciam uma peça importante. 

Até que o verão acabeOnde histórias criam vida. Descubra agora