14. Promessa

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Mingjue lia, relia e assinava alguns documentos no escritório de sua casa. O homem já estava a horas sentado na cadeira, tantas horas que sentia seus glúteos doerem com o mínimo de esforço possível. Xichen provavelmente entraria em breve para ver se o marido não teve nenhum desvio de qi.

Era sempre assim, todos os sábados, no mesmo horário. Ele abria exames e laudos de seus pacientes e ficava relendo para ver se houve alguma falha ou não.

Entretanto, hoje era diferente.

Mingjue analisava cuidadosamente o resultado de todos os exames cardiovasculares do seu novo paciente, tentando de tudo para não deixar uma letra sequer escapar de seus olhos ágeis.

O Nie era um ótimo médico, sem dúvidas um dos melhores de Gusu ou até mesmo do país. Seus 20 anos de estudo sobre medicina o ajudaram bastante a receber essa fama honrosa.

Por conta disso, sempre fez o possível e o impossível para que todos os pacientes que passassem em suas mãos, tivessem sucesso no tratamento.

Mas, obviamente, tinha suas exceções.
Mesmo que quisesse, não poderia salvar todas as pessoas do mundo.

Entretanto, novamente, esse era diferente.

Mingjue nunca havia atendido alguém que tivesse algum laço consigo ou com alguém ligado a si, era uma regra do hospital. 'Nunca, em hipótese alguma, atendam familiares, amigos ou cônjuge.'

Wuxian era alguém especial o bastante para se apegar no pouco tempo que conversou com o homem. E Huaisang conhecia ele. E ele conhecia e era apegado a Yuan. E seu marido também era apegado a Yuan. E tinha Wangji, que mesmo com seu rosto inexpressivo, demonstrava um mini sorriso toda vez que estava com o outro ou com Yuan.

Não queria que nada de grave acontecesse e afetasse ninguém.

- "Se tratarmos com medicamentos e não funcionar, posso colocar um balão intra-aórtico. Tudo depende de como ele vá reagir."

Suspirou alto, prendendo sua atenção em um boneco de tamanho real que usava como modelo anatômico.

- "E se tudo der errado, posso..."

Suspirou novamente, encostando sua nuca no couro acolchoado do banco.

De olhos fechamos, prometeu para si mesmo que tentaria de tudo para que não chegasse naquele ponto.




Wuxian comia enquanto reclamava mentalmente sobre a comida sem sal e sem gosto que já comia dias. Pensou até mesmo em mandar mensagem para o cunhado trazer escondido algum salgado bem gorduroso e cheio de mussarela que encontrasse no caminho.

- "Wei Ying, coma devagar."

Wangji estava sentado na poltrona observando o outro fazer careta toda vez que colocava uma colher de sopa na boca.

- "Essa sopa sem gosto, ruim! Eu ainda preciso comer devagar? Lan Zhan, isso não tampa nem o buraco do meu dente!"

O homem dramatizava a cada palavra que pronunciava, acabando em duas colherada cheias aquela 'comida sem graça' e sorrindo amarelo para a figura sentada.

- "Lan Zhan, você disse que queria falar comigo, o que foi? É algo com o A-Yuan?"

- "Mn. Queria pedir uma coisa a Wei Ying."

Wuxian sentia todas as borboletas do planeta fazerem festa dentro de seu estômago. Adorava o jeito fofo que o outro se referia em terceira pessoa, como se já não fosse o bastante ser bonito, inteligente e atencioso.

ℋ𝑒𝒶𝓇𝓉𝒷𝑒𝒶𝓉Onde histórias criam vida. Descubra agora