capítulo 17 - ela me deixou.

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Vanessa Morgan pov.

- a mads? o que tem a mads? - perguntei, começando a ficar nervosa.

- eu... eu acabei de ver que teve um acidente aqui... não bem aqui... mas... - camila não conseguiu terminar, caindo no choro novamente.

- e...? - lili murmurou, deixando fortes lágrimas caírem também.

- acidente... de quê? como? - perguntei tudo de vez.

quando conseguimos acalmar camila, ela sentou e está prestes a nos contar com mais calma e clareza.

- saiu no noticiário que houve um acidente aqui... fuso horário que madelaine saiu, e... e o avião que caiu foi o mesmo que ela pegou.

nada na minha vida me doeu mais do que ouvir isso.

lili me segurou, antes que eu caísse no chão. lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto sem parar e elas tentavam me acalmar a todo custo, mas eu não ouvia nada ao meu redor.

a única coisa que conseguia passar na minha mente era:

madelaine morreu.

minha namorada me deixou...

depois de dizer que me amava e que não iria me deixar.

ela me deixou.

eu sei que eu a conheci a pouco tempo, mas o sentimento é tão forte, como se fossem há anos.

ela não pode ter ido...

- como você... sabe que era o mesmo avião? - lili perguntou, secando as suas lágrimas.

- não sei ainda, nem deram nomes, não tiraram os corpos ou algo do tipo. - camila suspirou pesado. - mas... eu sei que o avião era igual, pela foto que a mads nos mandou antes de ir. vocês lembram? e cara... é o mesmo horário, no mesmo lugar e...

- não fala mais, por favor. não fala!! - interrompi-a.

- eu não estou acreditando nisso... - camila murmurou.

- gente, calma. não temos certeza que foi ela. - lili tentou nos tranquilizar.

- eu sabia que algo iria acontecer, eu estava sentindo. - falei entre soluços altos. - por favor, lili. me diz que é só um pesadelo, fala que a qualquer momento ela vai entrar daquele jeito mandão e chato por aquela porta.

- infelizmente, eu não posso te dizer o que não tenho certeza, bem. - me abraçou forte.

"bem"...

era a forma que ela me chamava.

ou melhor, benzinho!

ela sempre me chamou assim.

eu não consigo aceitar, não entra na minha mente.

eu quero e eu tenho que fazer algo, mas eu simplesmente não consigo...

estou tão destruída que não sei nem medir essa dor.

eu poderia ter dado um abraço bem mais forte nela...

se ao menos eu soubesse que acabaria assim.

eu teria dado mais carinho..

eu nem teria deixado ela entrar naquele avião!!

por que ela? por que não a mim? ou por que... por que não a louise? que me rejeitou a vida inteira?

eu sei que muitos que me verem dizer isso, devem pensar:

"nossa, mas ela é a sua mãe, você deveria dar mais valor".

mas não é bem assim...

eu corri atrás dos meus pais até os meus dezoito anos.

e quem disse que eles ligaram? eles continuaram me rejeitando, por eu ser homossexual.

ou melhor, por eu ser intersexual.

desde os meus cinco anos de idade que vivo sozinha, sem amor de um pai ou de uma mãe.

meu pai me batia todos os dias só para ter o mísero prazer de me lembrar que tinha uma coisa como ele.

então, não os considero nada e se um dia eles me procurassem, eu não os aceitaria.

eu sei que é crueldade demais desejar a morte de uma pessoa, mas no meu caso são duas, e eu tenho meus motivos enormes para isso.

por tanto, eu prefiro que tenha sido eles à minha namorada.



eu tinha criado uma teoria enorme na minha cabeça, mas ficou meio sem sentido.
eu iria colocar para antonella ser mãe de vanessa, no caso, mads e nessa seriam primas, que antonella era irmã da mãe de madelaine.

se adaptar pode não ser tão fácil assim - madnessa.Onde histórias criam vida. Descubra agora