16. Uma vida por outra

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Não era preciso ser tão inteligente para descobrir onde vovó Park morava, e do jeito que os gritos altos de Hyeongjun ecoavam nas redondezas daquela casa, qualquer ser de boa audição conseguiria ouvir. E foi por isso que os garotos aceleraram o passo até lá.

A porta de madeira foi aberta com brutalidade por Jeno, que ao entrar, já correu aos aposentos da senhora, onde Hyeongjun se encontrava deitado. Quando o Alfa chegou, o ômega se permitiu sorrir minimamente, ao dar por fim, a luz ao seu filho. Suava muito, sangue manchava os lençóis e o Song estava mais branco do que a neve do lado de fora, com algumas lágrimas escorrendo pelas laterais de seu rosto. Não era sangue somente do parto, e sim de uma ferida grande aberta próxima a barriga.

Serim e Jisung também estavam no quarto, junto da Vovó Park, está que fazia o parto e agora tinha um doce bebê enrolado em um pano branco. Renjun entrou logo atrás, com Jungmo ficando do lado de fora do quarto. Julgou que aquela situação era íntima demais para que ele simplesmente entrasse. O Alfa ficou parado no lugar observando aquela cena.

—Aqui está, rapaz. Ele é forte e saudável, é um belo ômega. — disse a ômega de cabelos brancos, entregando o embrulho nos braços do Song por alguns instantes.

Suas lágrimas eram genuínas de alegria, olhando para seu filhote, agora em seus braços. Renjun incentivou silenciosamente para que Jeno se aproximasse, e ele assim o fez. Ficou de joelho do lado da cama velha, observando Hyeongjun e o seu filho. O olhar de carinho e cuidado era presente quando ele tocou o rosto do bebê, usando apenas um dedo. O Song olhou para ele, sorrindo feliz, mesmo que mínimo por sua fraqueza.

E por alguns segundos, Renjun se pegou pensando como seria se fosse o filho deles, Jiang Cheng. Por alguns segundos sentiu inveja de Song Hyeongjun e se repreendeu por isso quando o olhar sincero e sereno, ainda que cansado de Hyeongjun caísse em si.

—Pode vir aqui, Renjun? – o moreno concordou, chegando próximo a ele na cama. O de cabelos laranjas pegou em sua mão com muita delicadeza, sentindo ela fraca demais para algum movimento brusco. —Eu tenho um pedido para você.

—Se estiver ao meu alcance, Hyeon. – disse. —Farei o possível.

—Crie-o como seu, como já havia sido combinado. Ele não precisa sofrer com os olhares e murmúrios de outras pessoas sobre si quando crescer. —Começou, umidecendo os lábios secos com a língua. —Ele não precisa ser tratado com desigualdade por ninguém apenas por não pertencer ao casamento legítimo. Eu quero que a vida dele seja normal, que possa viver sem pesares.

—Hyeongjun...

—Eu não posso continuar aqui. Chegou minha hora de ir. – pronunciou, fazendo Serim o olhar apressado e Jeno também. —Elas estão aqui, eu as vejo.

Quando um viking está de partida, a pouco tempo da morte, as valquirias vinham lhe buscar. E eles as viam, não como prova de que enlouqueceram, mas de que seriam levados para descansar e tornarem-se vanir.

—Meu trabalho está feito e meu filhote está bem, a salvo. Jeno, quando eu for levado, quero que saiba que omitir a verdade dele será melhor, para que sua infância seja vivida naturalmente. Quanto a Renjun, conte tudo a ele. – Jeno não queria aceitar isso, que Hyeongjun estava a beira de sua morte. —Serim. Nunca esqueça que eu o amo como um verdadeiro irmão. Vou te esperar em Valhalla... Então finalmente vai lutar comigo... –Falou abrindo um pequeno sorriso.

Durante alguns segundos, os únicos sons ouvidos foram o do crepitar do fogo na lareira. Até finalmente Hyeongjun parecer ficar com olhar desfocado e em absoluto silêncio. Lágrimas rolaram soltas em Serim, deixando Renjun e Jeno com olhos marejados. Pegaram o pequeno ômega bebê no colo, o ouvindo chorar baixinho. Jeno desviou o olhar de Hyeongjun ali, completamente branco e sem vida e olhou para seu filhote nos braços de Renjun.

Uma rosa pelo AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora