CAPÍTULO 17: A ELEGANTE RIVALIDADE

6 1 0
                                    

Às vezes ela se perguntava se era mesquinha. Teve poucos amigos durante a infância, amigos verdadeiros no caso: aqueles que você pode zombar sem ficarem nervosos, que aceita ir em qualquer jornada pelo sendo de aventura ou que você poderia conversar por anos sem perder a graça... Que você pode beijar e arruinar tudo em um instante. Margareth era falsa, isso ela já sabia, ou se forçava acreditar. Se fosse uma boa amiga, então, por que Carmilla a deixou? Porque todos sentem inveja dela?

Margareth penteava seu cabelo enquanto pensava nisso e para tentar aliviar aqueles pensamentos ela puxava com força seu próprio cabelo com sua escova. A maga sábia que tinha problemas. Sua raiva e frustração não parecia ser normal ou saudável. A solidão que sentia antes acabou desaparecendo após ter se juntado com essa equipe, e isso deixa ela agradecida. Nero e Brígida eram seus dois melhores amigos agora, e ela adora rir com eles, falar sobre leitura ou simplesmente sobre a vida. Mas nada daquilo preenchia o vazio que Carmilla deixou...

— Você está bem? — perguntou Moira.

A amazona estava apoiada na parede do outro lado do quarto. Apesar de não estarem se olhando diretamente, Margareth conseguia ver sua companheira através do grande espelho na sua frente. Moira estava usando apenas um colete e calças, uma vestimenta masculina. Parecia se recusar a usar vestidos, já que poderiam dificultar sua movimentação. A maga se perguntava como Moira conseguiu fazer seus seios entrarem no colete, mas ela sempre dava seu jeito.

Os braços de Moira eram fortes, mas o que realmente pegou a atenção da princesa foram as inúmeras cicatrizes que cercavam aquele membro musculoso. Nunca havia reparado antes, já que a amazona sempre utilizava manoplas que cobriam.

— Não é nada — respondeu Margareth — Nero me contou que você ficou alterada quando eu cair no rio. Havia gritado com ele.

— Não reajo bem quando as coisas saem do controle.

Um silêncio... Moira era sem dúvidas a mais difícil de alcançar, para qualquer um dos membros. Ela era fria e imponente, e ainda, era a irmã mais velha de Carmilla. Moira despertava lembranças em Margareth, por isso ficava mais difícil de se aproximar.

— Lembra quando nos conhecemos? — questionou Margareth, matando o silêncio.

— Não muito. Fiquei até impressionada por você ainda lembrar de mim.

Margareth riu, e continuou falando após Moira:

— Eu tinha catorze anos, um ano antes de Carmilla ter sumido. Era um evento especial: Rapunzel fazendo negócios com minha mãe. Foi um encontro entre não só os diplomatas, mas também os reis.

— Não lembro muito dos detalhes.

— Eu sim, e você estava lá: cabelos longos, um belo vestido e os dois olhos. Você deveria ter a minha idade na época. Eu fui cumprimentar você e você sorriu para mim. Eu fiquei impressionada com o quanto você parecia com Carmilla.

— E eu com o quanto você era parecida com sua mãe.

Ambas sorriram, mas Margareth foi de forma melancólica. Aqueles eram tempos felizes que pareciam distantes agora. Seu sorriso desapareceu, e uma pergunta veio:

— Por que você não foi conversar com a Carmilla depois? Eu havia contado tudo sobre você, mas antes dela ir vê-la você já havia ido embora junto de Rapunzel.

Moira ficou em silêncio. Ela não conseguia falar o motivo, apesar de ter uma resposta.

— Foi uma das únicas vezes que vi Carmilla decepcionada comigo, triste por eu não ter feito aquele reencontro acontecer.

— E eu sinto muito — disse Moira — Não deveria ter ido embora daquele jeito. Eu queria muito dizer, mas...

— Eu amava tanto ela — exprimiu a maga, interrompendo a amazona — Estou com tanta saudade.

Dinastia Grimm: A Presa Do Lobo Mau (Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora