CAPÍTULO 26: MACHADO E PRESAS

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Jogado no chão úmido e tentando berrar, o alazão negro tentava se mover, mas falhando. Ferimentos profundos o impediam. Parecia não adiantar de nada seus esforços, então, apenas ficou deitado esperando sua morte certa no meio daquela floresta sombria.

Suas pálpebras ficaram pesadas e quando tudo ficou embaçado, sua última visão foi de uma garota se aproximando dele, e logo depois, vida deixou àquela carcaça de vez.

— Não... — sussurrou Brígida, se ajoelhando para verificar o cavalo. Reparou nos cortes profundos nele, feitos com garras. Aquilo era muito triste para ela... Ver um animal inocente morrer daquele jeito — Esse é o cavalo do Goodman.

— Mas que triste — disse o sapo Diego no ombro dela — Mais um motivo para irmos longe daqui.

— Mais um motivo para encontramos o Max! — ela corrigiu.

— Max?

— Bem... É o apelido que eu dei para ele.

— Isso não é mal-educado?

— Tá bom! — Brígida voltou a ficar de pé, se levantando tão rápido que quase derrubou o Sapo — Ele não deve está muito longe.

— Acho que já fomos longe demais! — ele pulou na cabeça de Brígida, pensando que, quanto mais perto, mais ela o escutaria — Precisamos ir...

— Não! — disse Brígida, interrompendo o Sapo — Vamos encontrar o lenhador e ajudá-lo.

— De onde tira tanta coragem, garota? — disse o sapo, irritado. Já estava impaciente com a jovem barda — Não adiantara de nada se nós dois morremos juntos com... — ele foi interrompido novamente. Brígida começou a andar na direção de pegadas que acabara de encontrar no chão. Pegadas essas de botas grandes. O sapo bufou, contendo sua frustração por estar tão fora do controle. Provavelmente não era sua culpa, ou da sua forma nojenta, ignorável e patética de sapo. Era de Brígida, uma garota bastante inocente, e que ganhou muita coragem nesses últimos tempos na qual viveu com seus novos amigos.

— Ele passou por aqui! — afirmou, com um sorriso no rosto.

O sapo olhou ao redor, buscando pelo Goodman, mas acabou reparando em outro detalhe: pegadas enormes de lobos. Um pouco distante das do Lenhador, mas seguindo na mesma direção.

— Oh, não... — o anfíbio sussurrou.

— Vamos lá! — Ela começou a dar passos acelerados, não reparando nas pegadas dos predadores.

— Espera ai, menina! — ele tentou avisar, mas novamente foi ignorado.

Brígida passou pelos vários arbustos em sua frente, com a esperança de encontrar algo. Quando finalmente saiu da parte mais densa da floresta, quase tropeçou. Mas tudo parecia menos tenso agora, já que encontraram um campo aberto, com uma grama cinza e ventos gelados. Longe do frio da Jernhammer, de fato, mas ainda assim, frio.

Não muito longe, Brígida viu um homem de costas. Musculoso e ruivo, não havia dúvidas de que era Maximus Goodman. O sapo já olhou mais atentamente a situação: reparou que o homem estava em posição de combate, com seu icônico machado em mãos.

— Max! — gritou Brígida — Estou aqui! Eu cheguei!

Goodman se virou. Ficou perplexo com a confirmação de que Brígida ainda estava ali. O desespero subiu sua garganta.

— Garota, corra! — gritou o ruivo — Depressa, saia daqui!

Brígida ficou desorientada. Não sabia mais o que fazer. Poderia, obviamente, obedecer tanto Diego quanto Maximus e sair correndo, mas nunca se perdoaria caso deixasse um amigo para trás.

Dinastia Grimm: A Presa Do Lobo Mau (Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora