Arco III: O Culto De Malevolência

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EZEQUIEL

Fome, sede. Isso que ele sentia. Preso naquela cela escura e fria. Todo dia era acordado com batidas na porta metálica que o impedia de ser livre. O carcereiro abria a porta e pegava o jovem garoto. Colocava correntes em seu pescoço e braços, para impedi-lo de fazer alguma gracinha.

Apesar de ser tratado daquele jeito, o garoto respeitava o carcereiro, já que era o único que o entendia. Ezequiel era o nome do homem, um homem humano comum que estava ali apenas pelas moedas.

Ezequiel levou o jovem rapaz para mais um dia de mineração. Inúmeros escravos tendo que utilizar picaretas para perfurar aquela montanha rica, a destruindo lentamente. Aquilo era criminoso, feito de forma ilegal, mas parecia que ninguém se importava. Era bizarro toda aquela situação.

O jovem rapaz olhava ao redor, e percebeu os inúmeros escravos sendo forçados: alguns deles eram anões, sete no total, que apesar de serem pequenos, eram fortes, por isso eram os favoritos dos mineradores. Havia gnomos e ogros também. Raças que parecia que ninguém se importava, e eram a maioria dos escravos.

— Você está bem? — perguntou Ezequiel. O homem barbudo e gordo segurava uma espada enquanto observava de perto o garoto.

— Diminuíram a comida, estou muito tempo sem água. O que você acha? — respondeu o garoto.

Ezequiel olhou ao redor. Percebeu que não havia ninguém olhando para aquele canto aonde ele e o garoto estavam. Então, pegou seu cantil de água e deu para o rapaz.

O garoto bebeu a água, matando parte de sua sede.

— Obrigado.

— Não agradeça — Ezequiel sussurrou — Se eu pudesse, já teria te tirado daqui.

— Por que não tirou?

Ezequiel ficou relutante, mas não demorou para responder.

— Tenho uma mulher. Eu preciso desse trabalho.

O garoto se calou. Era compreensível, mas longe de ser algo aceitável. Ele golpeava aquele solo com a picareta. Sentia seu pulmão queimando enquanto forçava seus músculos.

Ele cuspia fumaça, algo que não era considerado comum por ninguém. Mas como o garoto era um Meio-Fada, poderia se esperar qualquer coisa de seu corpo mágico.

— Se eu pudesse... — disse o Meio-Fada, enquanto tossia devido à fumaça que saia de seu pulmão — Se eu conseguisse, já teria libertado todos daqui.

— Nem todos podemos ter o que queremos.

— É... — o garoto ficou pensativo — Nem todos, não é?

— Ei! — gritou mais um homem, vindo para a direção de Ezequiel e do garoto — Por que o serviço está tão lento aí? A fadinha aí não consegue aguentar a picareta?

O Meio-Fada demonstrou raiva em sua face, pois não suportava Glen; Glen era um dos carcereiros junto de Ezequiel, mas costumava irritar o garoto.

— Não há nada para você aqui, Glen — respondeu Ezequiel.

— Ah, é? — Glen sorriu, mostrando teus dentes amarelos — Vocês tão de muito papo aí. Não esqueça que esse verme é só um escravo, e nada mais.

— Nunca tentei te ensinar nada, Glen. Então não venha querer enfiar suas ladainhas. Eu estou aqui a bem mais tempo que você, jovem, então sei muito bem o que faço.

— Sei. Tanto que o chefão me contratou para ajudar aqui. Eu não ligo, tá bom? Mas se estiver sendo um mole com a fadinha aí, aí teremos um problema.

Dinastia Grimm: A Presa Do Lobo Mau (Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora