Michelle:É outubro de 1961. Naquela noite, as ruas estavam calmas e sem muita movimentação. O que me surpreeende, já que ainda era cedo; 8 horas, se não me engano. Um bom horário para buscar inspirações...
Me sento em um banco extenso de madeira, que fica no meio de uma pracinha. As folhas das árvores dançavam com o vento, produzindo sons que me acalmam. Levanto minha cabeça e fico olhando para o céu: Infelizmente, estava muito nublado e não conseguia enxergar uma estrela sequer. Mas, por sorte, a lua minguante apareceu, sorrindo para mim. Sorrio de volta para ela.
Eis aí a beleza de Paris. Não é somente Torre Eiffel, nem apenas a Champs Elisé. Mas sim sua atmosfera, seu céu, suas belezas naturais, as pessoas locais... São detalhes que passam despercebidos pelas pessoas apressadas, e até mesmos pelos turistas.
Absorta nos meus pensamentos, pego minha "Caderneta de inspirações" e começo a desenhar um rascunho daquela paisagem: as árvores dançantes, o céu nublado, a praça vazia e a lua sorridente.
Após minutos absorvendo esse bem- estar que só a natureza pode nos fornecer, decido sair em busca de outros detalhes que chamam minha atenção. Pórem, alguém me atrapalha:
- Aw! Oh, shit! I'm Sorry... Oh, Pardón! - Um garoto que aparenta ter minha idade se esbarra em mim. Seu semblante está confuso; Parece estar perdido.
- Não tem problema, acontece - digo com o mesmo idioma inglês, talvez ajudasse.
- Peraí... Você fala a minha língua?? - ele arregala os olhos.
- Um pouco... Meu inglês anda enferrujado.
- Mas pelo o que parece, não está tão ruim assim. - Ele sorri.
- ...Bom, se não se importa, já vou indo... - pego minha bolsa do banco e penduro em meu ombro - Tenha uma boa noite!
- Não, espera! Por favor... - por impulso, esse garoto segura minha mão com força - Preciso de sua ajuda, por favor.
- Depende do que seja... - solto sua mão da minha, rapidamente.
- É que eu estou hospedado em um hotel por aqui, só que não sei o caminho de volta, me esqueci completamente.
Oh, um turista perdido. Agora eu entendi.
- Sei... Sabe o nome do hotel, pelo menos?
- Humm, não sei pronunciar muito bem... - ele faz uma careta, tentando se lembrar do nome - Mas eu acho que é Hôtel de... Beoune, Biaune?!
- Beaune...?
- Isso! Esse mesmo - seu semblante se alivia. - Tem como você me mostrar o caminho, por favor? Daqui pra frente eu me viro sozinho.
- Oh, ele fica pertinho da minha casa. Eu posso acompanhar você, se quiser. Não seria problema para mim.
- Acha que eu iria me perder de novo, é? - Ele pergunta rindo, não perdendo sua simpatia.
- Sinceramente, acho sim. - rimos juntos - As ruas daqui são bem sinuosas e parecidas umas com as outras. Elas podem te enganar de novo. Vamos, o caminho é por aqui.
Passo na sua frente, e posteriormente ele me segue, tentando acompanhar meus passos até ficar ao meu lado. E enquanto nenhum dos dois tem a iniciativa para iniciar uma conversa, aproveito para analisá- lo um pouco mais; É um pouco mais alto do que eu, e possui um topete que acho até que engraçado. Vestia- se a la Elvis, com calça e jaqueta de couro. É, até que o achei estiloso.
Mas o que realmente me chamava a atenção era o seu rosto. Seu perfil é fino e delicado, os lábios são pequenos, mas carnudos, além de possuir sobrancelhas de fazer inveja para qualquer mulher." Deus do céu, como é que um cara desses tem sobrancelhas tão perfeitas assim?", penso. Seus olhos expressam calmaria, e são bastante cativantes. Era só dar uma piscadela que qualquer garota cairia em seus braços, aposto.
- Como aprendeu minha língua? - Ele puxa um assunto aleatório. Deve ter percebido que eu já estava o olhando há muito tempo, nem eu tinha me dado conta.
- Ahm... Eu tive contato com o idioma desde criança, então foi fácil de aprender. - tento manter contato visual enquanto converso, mas parece ser impossível. Por que está sendo tão difícil?
- Entendi... E você já saiu de Paris?
- Não, ainda não. Mas espero um dia... Você é de onde?
- Sou de Liverpool, cidade inglesa. Conhece?
- Sim, já ouvi falar... É bom viver lá? - sorrio, tentando demonstrar minha simpatia. Eu realmente estou interessada no assunto.
- Até que sim - ele sorri timidamente - é uma cidade tranquila e simples. Lá tem ruas muito floridas, e as pessoas são bem receptivas. Deveria visitar Liverpool um dia.
- Quem sabe...
A essa altura, havia esquecido de um detalhe:
- Ei, acho que não nos apresentamos direito, sim?
- Ih, é mesmo! - ele exclama, sempre sorridente. - Me chamo Paul McCartney, e você?
- Michelle, muito prazer. - sorrio, apertando sua mão que já estava estendida.
- Michelle... Belo nome - Com aquele elogio, sinto meu rosto esquentar. Não sabia o que estava acontecendo comigo, de verdade. Então, tento mudar de assunto.
- Bom, senhor McCartney, o que te fez viajar até aqui ?
- Meu amigo vai fazer 21 anos nessa semana, então decidimos viajar para comemorar. Vamos passar uma semana aqui.
- Ué, e por que não está fazendo companhia pra ele neste momento?
- John está se divertindo com algumas strippers. Então o abandonei lá - Ele coloca as mãos no bolso de sua calça.
- Uau, me surpreende você não está lá com ele. - sorrio ironicamente, olhando para o chão.
- Por que te surpreende? - Paul olha pra mim com uma séria expressão.
Porque é disso que os garotos gostam. Todos eles...
Não respondo. Para minha sorte, Paul ignora meu silêncio e continua falando:
- A beleza de Paris me encanta muito...
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My Michelle - Paul McCartney
FanfictionVocês já se perguntaram qual é a história por trás da música "Michelle", considerada uma das mais românticas dos Beatles? Essa pequena fanfic foi inspirada nesse contexto, baseando- se numa viagem verídica de Paul e John à Paris em 1961. Para todos...