My Michelle - Paul McCartney

Time to say goodbye...

Michelle:

O dia de sábado amanheceu bastante ensolarado, mas o meu humor não estava coincidindo com aquela manhã. Havia descido apenas para tomar café e logo depois voltei para meu quarto, ainda de pijama. Na cama, fico apenas deitada, olhando para o teto. Estou me sentindo péssima, com o rosto inchado e sem disposição para nada.

Olho para o relógio: 9 em ponto. Daqui à uma hora, aqueles dois garotos de Liverpool estarão voltarando para casa. Quem diria que dois jovens como aqueles, em apenas uma semana, mudariam muita coisa em mim.
Não quero vê- los indo embora. Será demais para mim, não vou suportar.

Meu pai, como sempre, estava na sala lendo seu jornal. Escuto outra voz masculina conversando com ele que não consigo identificar, mas relevo.

Até quando meu pai sobe e vem bater à porta do meu quarto.

- Michelle... - ele entra. - Jurgën veio falar com você.

- O Jurg?? - me sento na cama.

- Oi Mille. - vejo apenas a cabeça dele atrás da porta - Posso entrar?

- Sim, claro... Obrigada papai.

Ele apenas sorri para mim e nos deixa sozinhos.

- O Sr. Jones me disse que você estava muito mal hoje... E por que ainda está desse jeito? Vim até aqui porque temos que nos despedir deles!

- Desculpa amigo, mas você vai ter que ir sozinho. - respondo cabisbaixa. - Simplesmente não vai dar.

- Mas por que não?! Aconteceu alguma coisa na noite de ontem? - Ele se aproxima de mim, sentando no canto da cama.

- Paul não te contou?...

Conversei com ele sobre como foi nosso encontro. Falei sobre todas as coisas boas que tivemos, mas também não pude evitar as más.

- Mas que babaca! Ainda me lembro desse Louis... Esse cara deveria sumir do planeta. - Ele franze o cenho, olhando para o chão.

- E ainda, no fim das contas, não terminamos bem. Paul queria que eu fosse, e eu queria que ele ficasse... E é por isso que eu não quero vê-los partirem.

- Não, Michelle... - ele se aproxima de mim - Não deixarei que isso aconteça! Você os ama, não é? Eles com certeza te amam também. Tenho certeza! E você não terá a cara de pau de abandoná- los no momento em que mais querem te ver!

- Não percebe que eu vou sofrer mais ainda se eu fizer isso!?- aumento o tom de voz.

- Você vai sofrer ainda mais se não sair desta cama, isso sim! - ele segura em meus ombros - Mille, eles estão sofrendo também... Não gosto de te ver assim. Vamos nos apoiar, um ao outro. Eles precisam da gente agora, pense nisso também.

Não consigo dizer mais nada. Apenas tenho uma súbita vontade de abraçá- lo bem forte.

- Às vezes nem tudo é do jeito que queremos... É uma droga, mas temos que continuar. - Jurg diz ao meu ouvido enquanto me dá um reconfortante abraço.

- Obrigada, Jurgën... - Sorrio para ele entre lágrimas.

- Sua chorona... - ele enxuga minhas lágrimas com os dedos - Vai se banhar agora, que você tá fedendo. Estarei te esperando lá embaixo!

Jurgën dá um beijo em minha bochecha e sai do quarto. Com o pouco tempo que tenho, tento não pensar muito e foco apenas em me arrumar para irmos logo.

Já pronta, desço às pressas para a sala, onde meu amigo estava me esperando no sofá. Em minha mão, havia algumas lembranças que sabia que seriam útil para John e Paul.