My Michelle - Paul McCartney

Wednesday pt.2

Continuação...

O Sol já estava perto de tocar o mar, e a vista, a mais bela possível. Estávamos sentados na areia sobre o pano, comendo as uvas e os morangos que tinha levado na bolsa. Conversamos sobre tantas coisas aleatórias que nem percebemos o tempo voar.

- Olha só... Temos peixe bom por aqui! - John fala, olhando para algumas meninas que entravam no mar.

- Meu Deus John, será que tu não tem um minu -

Ele nem escutou seu amigo e já foi na direção delas. John sendo John, né.

- Ele não perde uma. - Comento, rindo dele.

- Pois é. Coitada da mulher dele... - Paul o reprova, mas logo se arrepende do que disse.

- Né... Espera, o quê?? - olho para ele, incrédula - O John é casado!?

- Não te disse? Ele é casado em tem um bebê já. Deram o nome de Julian por causa da mãe dele.

- É sério mesmo!? Nossa, impossível acreditar nisso...

- Parece mentira, mas não é. Cynthia é incrível, mas sei lá, sinto que essa relação não vai durar tanto... John tem uma personalidade forte, e precisa de uma mulher à altura. Por isso a vive traindo.

Fico em silêncio, pois ainda estava processando aquilo. Nunca imaginaria que ele já fosse pai. Pai!! Aos vinte e um anos!

-  Foi aqui a sua inspiração para aquela pintura? - Paul tenta mudar de assunto. Dava para ver que ele não gostava de falar daquilo.

- Ah... Sim sim, foi aqui. Sempre que quero desopilar, organizar minha mente, venho aqui. A movimentação é sempre pouca, sempre tenho a sensação de ser a única pessoa da praia. Como se ela fosse só minha.

- Ralmente, aqui é bem calmo. - ele olha distraído para o horizonte e sorri para mim - Só em Paris mesmo.

Sorrio junto, e vejo seu rosto iluminado pelo Sol. Seus olhos estavam mais claros, e as bochechas, mais coradas com a luz amarelada. Os cabelos estavam bagunçados com o vento e bem mais volumosos.

- Até que te acho uma mulher forte, sabia? - Ele diz aleatoriamente.

- ...Está insinuando que devo ficar com John!?

- Quê? Não não! - ele franze o cenho. Sua cara me faz rir. - Ele não é o cara certo para você.

- E quem seria então?

- Eu! - Ele estufa o peito de um jeito engraçado e convecido.

- Você? Um fracote desses? - falo em tom de brincadeira.

Como resposta ele apenas dobra o braço, deixando o muque à mostra. Achei fofo ele fazendo isso, confesso.

- Hum, ainda não me convenceu...

- Ah é?! Vamos ver se não te convence agora!

Ele subitamente se levanta e me segura no colo como estivesse levantando uma pena. Fica me girando e corre até o mar, ameaçando me jogar lá.

- Não não não, me põe no chão! - grito entre risos.

Ele, sorrindo como uma criança, finalmente me coloca no chão perto do mar. Sinto as ondas indo e voltando nos meus pés.

- Satisfeita agora?

- É... Dá pro gasto! - rimos juntos.

Encaro aqueles olhos por minutos, que parecem mais anos: não estão mais tão castanhos  como da primeira vez que o vi. Seu olhar fixa - se ao meu, como se estivesse em transe.