Num quarto de hotel

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Continuando...

Paul's pov:

-A beleza de Paris me encanta muito...

Mudo de assunto ao perceber seu silêncio. Talvez devo ter tocado num tema em que ela não gostou. Que azar o meu.

- Sim, é mesmo... - ela sorri de canto- Mesmo morando aqui, me surpreendo com as paisagens a cada dia que passa.

- Talvez possamos apreciá-las juntos qualquer dia desses. - Solto uma piscadela.

- É, quem sabe... - ela diz, dando um leve sorriso para mim.

É, confesso que ela é até que fofa. Tem bochechas redondinhas e coradas, nariz empinado e olhos castanhos que deviam ficar mais claros à luz do Sol. É magra, mas esbelta. Seu cabelo, curto e escuro, tem grossas ondas , surgindo uma franjinha sobre seus olhos que chama minha atenção. Estou gostando dela...

Depois de poucos minutos, vejo a entrada do hotel. Me sinto mais aliviado.

- Prontinho, chegamos ao seu destino - ela fala, quando paramos em frente à porta.

- Ufa,pensei que demoraria até mais para chegar! Me desculpa pelo incômodo?

- Não, imagina! Minha casa é perto daqui, como havia te dito... - Ela aponta com o indicador - Daqui a uns dois quarteirões.

- Sim, vejo...

A partir daí, tomo coragem e tento investir:

- Então... Como eu poderia agradecer??

- Ora, não preci--

- Claro que preciso - A interrompo - deixa eu te dar meu telefone pelo menos...

- E por que eu aceitaria um telefone de um estranho? - ela demonstra estranheza em sua expressão.

- Vamos, não me trate como um estranho assim. Me dê pelo menos o seu, sim? Ainda não sei muito bem como caminhar por aqui...

Depois de hesitar um pouco, ela finalmente acaba cedendo. Para minha sorte, ele traz consigo uma caderneta com um lápis dentro de sua bolsa, e assim escreve seu número. Deixo um sorrisinho escapar, e ao perceber, ela diz:

- Não sabia que os ingleses eram tão insistentes.

- Você ainda não sabe de nada...

Ela solta uma risada enquanto anota seu telefone.

- Olha só, deixando bem claro que não confio nem um pouco em você. - ela me entrega o papel.

- Vai ter tempo de confiar.

- Boa noite então, Sr. Mcartney... - diz de sorriso aberto, e vira de costas rumo à sua casa.

- Boa noite ... - digo, quase que murmurando para mim mesmo. Olhando- a de costas, vejo suas costas largas e pernas finas; anda com delicadeza, como se estivesse pisando em nuvens. Com certeza, ela seria uma boa diversão nessa semana em Paris.

Entro no hotel e subo para o quarto, decidido em tocar um pouco de violão. Estava cheio de inspirações...

* * *

BLUM! PLAFT!

Acordo bruscamente, ouvindo John entrar no quarto. Naquele momento, percebi que eu tinha dormido com o violão no meu colo, então o apoio na parede, no lado de minha cama. Olho para o relógio, que estava na minha frente.

- Pelo amor de Deus, John, tem como fazer menos barulho!? Já passou da meia noite!

Ele, como sempre, me ignora.

- Uhlala ... - ele solta um longo suspiro, se jogando na sua cama - não sabia que as francesas eram tão boas assim!

Ele gargalha, como se estivesse ouvindo outras vozes.

Francamente...

- Se eu soubesse que gastaria seu dinheiro todo com isso, nem viria com você pra cá.

- Ownnn, está com ciúmes, Pauly?? - ele força uma voz fininha.

- Não enche! - jogo meu travesseiro na sua cara.

- Mas conta aí... - ele senta na cama, com as costas apoiada na parede. - O que foi que você aprontou na minha ausência, hein?

- Ah, nada de mais...

- Nada!? Eu não acredito! - Ele ri alto. - Não pegou nenhuma garota ainda?

- Não foi bem assim... Pelo menos consegui o telefone de alguma.

Mostro o papel amassado com seu número, e jogo em cima da mesa de cabeçeira.

- Humm... E ela é bonita?

- É fofa - escapo um sorrisinho ao me lembrar dela - Parece ser inocente. Será bastante útil para me tirar do tédio.

- Boto fé. Mas se não derem certo, não se esquece de mim, viu? As inocentes são as melhores... - John joga meu travesseiro de volta, rindo.

- Ah, John, vai dormir.

Me arrumo para dormir, me cobrindo com um fino cobertor.

- Prometo que amanhã vamos aproveitar melhor, sim? Tédio é o que você não vai ter em Paris. - John fala mais baixo.

- Hm, boa noite, fedorento. - digo, morto de sono.

- Boa noite, otário.

Pego no sono facilmente naquela noite tranquila e nublada. Quando abro os olhos, me deparo com o Sol escapando da cortina da janela, nos chamando para sair e aproveitar o dia que nos esperava.

My Michelle - Paul McCartneyOnde histórias criam vida. Descubra agora